Criada em 1938 por Edsel Ford, filho de Henry Ford, a Mercury é uma das mais emblemáticas marcas norte-americanas. Contudo, sucumbiu à gigantesca crise econômica da década passada e nos deixou em janeiro de 2011. Em seus últimos anos, ela não passava de uma marca que requentava carros da Ford para parecerem mais elegantes.
Apesar de ter vivido seu auge nos anos 1960 e 1970, a Mercury começou a desandar em 1980 por conta da crise do petróleo. Pensada para ser uma intermediária entre Ford e Lincoln, ela cumpria o papel que hoje tem marcas como a Jeep e a Mazda, por exemplo: não são generalistas, nem premium.
Nesse especial, vou me ater aos anos finais da Mercury e como, mesmo sem uma crise econômica, a marca hoje não faria o menor sentido em existir. Apesar de ter sido descontinuada vendendo saudáveis 93.195 carros no último ano de vida, a Mercury só tinha carros reciclados da Ford.
Morreu vendendo bem
Grand Marquis, Milan e Mariner eram seus modelos mais vendidos, com média de 28 mil unidades no último ano. O Grand Marquis era um Ford Crown Victoria com grade frontal diferente, enquanto o Milan era um Ford Fusion com frente e traseira modificadas, ao passo que o Mariner passava pela mesma situação, mas baseado no Escape.
A engenharia de emblema corria solta na Mercury, tanto que as modificações visuais nunca atingiam partes caras. Todos os carros da marca norte-americana tinham lateral e interior idênticos aos da Ford: o que mudava era apenas faróis, lanternas, para-choques e, quando muito, tampa do porta-malas. O interior sempre recebia algum plástico imitando madeira.
O grande problema da marca é que sempre havia um Ford com acabamento idêntico (tirando um desnecessário aplique imitando madeira) e igualmente equipado por um preço mais barato. O único argumento de compra da marca passou a ser: “não gosto do visual desse Ford e quero parecer mais chique”. Porque, na prática, você só levava um Ford mais caro.
Última exclusividade
A situação da marca foi se agravando tanto que, em 2003, ela teve seu último modelo exclusivo, o Cougar. Não exatamente exclusivo porque o Cougar era vendido como Ford na Europa e vinha importado aos EUA, onde recebia o logo da Mercury. Dessa vez, contudo, não havia um equivalente na concessionária do oval azul.
Além disso, o último modelo exclusivo desenvolvido pela Mercury saiu das concessionárias em 2002. Desenvolvida em parceria com a Nissan, a Villager foi uma tentativa da marca norte-americana de entrar no segmento de minivans grandes. Só que, inexplicavelmente, ela não era baseada na Ford Aerostar, como era esperado.
Mas e a Lincoln?
Hoje, todos os carros da marca de luxo Lincoln são baseados em modelos da Ford, assim como eram os Mercury. Contudo, não há sequer uma peça visível compartilhada entre Nautilus e Edge, por exemplo. Ou entre Aviator e Explorer, Navigator e Expedition ou Corsair e Escape.
Além disso, era mais fácil fazer versões mais elegantes dos modelos do oval azul do que ter uma marca intermediária. A Ford tentou fazer isso na Europa com a divisão Vignale, mas que não vingou como o esperado e nunca foi oferecida nos EUA. É por isso que, hoje, a Mercury não faria o menor sentido.
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