Dodge Caliber: o carro que precisou de Mitsubishi, Nissan, Hyundai e VW para nascer

Ainda que a Ford tenha sido a responsável por criar a tendência dos SUVs compactos no mundo, a Dodge tentou ser a pioneira no segmento nos EUA, mas a missão foi complicada. Em tempos tortuosos em que o grupo Chrysler era comandado pela Mercedes-Benz, surgiu o Dodge Caliber. Um carro que precisou de Mitsubishi, Nissan, Hyundai e VW para existir.

Depois de ter sido revelado como conceito no Salão de Genebra de 2005, o Dodge Caliber estreou oficialmente no Salão de Detroit em 2006 como modelo de produção. De uma só vez, o SUV compacto se tornou o modelo de entrada de toda divisão Chrysler, visto que substituiu o carismático sedan Neon e o controverso PT Cruiser.

Apesar de não ser propriamente chamado de SUV pela Chrysler na época, ele tinha as mesmas proporções de modelos que estão nessa categoria hoje. Inclusive alguns elementos visuais, como suspensão elevada, capô reto, rodas grandes e para-lamas bem marcados. Contudo, como a marca queria jovialidade, o vendia como um hatch bombado.

Peças do mundo para ganhar o mundo

Um ponto bem interessante sobre o Dodge Caliber é que ele foi o primeiro produto global da marca. Ou seja, verdadeiramente pensado para ser vendido em vários mercados, não esfregando na cara de todos ser um carro americano que, por um acaso, pode ser comercializado em outros países. 

Prova disso, é que ele foi comercializado em países como Coreia do Sul, Singapura, Japão e foi o primeiro Dodge a ser vendido na China desde a Segunda Guerra Mundial. Além disso, marcou o retorno da Dodge à Austrália depois de sair do país nos anos 1970. Houve até ensaios para trazê-lo ao Brasil, mas a Mercedes barrou.

Por conta disso, o desenvolvimento do Caliber envolveu componentes e ajudas de diversas fabricantes. A plataforma GS foi desenvolvida originalmente pela Mitsubishi e é a base usada pelo Lancer e pelo ASX, além de sobreviver até hoje por conta do Eclipse Cross. A base foi desenvolvida em parceria entre Chrysler e Mitsubishi na época da Diamond-Star Motors. 

Mas também ela era um grande spoiler da Stellantis. Afinal, a plataforma foi usada por modelos de marcas que se tornaram parte do grupo depois, como Fiat Freemont, Citroën C-Crosser e C4 Aircross, além dos Peugeot 4007 e 4008. Vale lembrar que o Dodge Journey e a desastrosa primeira geração do Jeep Compass também eram derivados dessa base.

Mecânica global

Além de plataforma Mitsubishi, o Dodge Caliber também tinha outra ajuda oriental. Especificamente da Nissan, que fornecia o câmbio CVT para as versões norte-americanas equipadas com motor 2.0 quatro cilindros aspirado. Aliás, por falar em motor, ele também vinha de outra marca.

Feita em parceria com Mitsubishi, Hyundai, Kia e Chrysler, a familia de motores quatro cilindros que estava presente no Dodge Caliber rendeu filhos pelo mundo todo. No grupo norte-americano, tivemos motores 1.8, 2.0, e até o 2.4 que foi usado no Brasil na Fiat Toro. Já na Hyundai, esse motor era o mesmo do Tucson e do ix35.

Mas não para por aí. Como a Dodge era uma marca norte-americana, claramente ela não tinha motores diesel pequenos para seus carros. Com isso, ela pediu uma ajuda para a Volkswagen e pegou emprestado o motor 2.0 TDI quatro cilindros turbo em versões de 140 cv e 170 cv.

O conjunto era oferecido sempre com transmissão manual de seis marchas também emprestada da Volkswagen. Havia versão com tração dianteira ou nas quatro rodas. Já os modelos com motor a gasolina sempre eram oferecidos com tração dianteira, exceto no R/T com 2.4 quatro cilindros aspirado que era tração integral. 

Esportividade na veia

O mais legal do Dodge Caliber, contudo, era a versão SRT-4. Ele mantinha o espírito, e o motor, do Dodge Neon SRT-4. Feito somente entre 2008 e 2009, o modelo contava com motor 2.4 quatro cilindros turbo a gasolina com 285 cv e câmbio manual de seis marchas. Além disso, tinha reforço de chassi, rodas de 19 polegadas, freios de pistão duplo e direção mais firme.

O visual era contemplado por para-choques exclusivos e uma entrada de ar extra no capô. As vendas foram fraquíssimas e o Caliber começou a perder força no mercado, com isso, a versão SRT foi descontinuada. Além disso, o motor 1.8 saiu de linha, assim como os motores Volkswagen, sendo substituídos pelo 2.2 diesel da Fiat.

Em 2010, o Caliber saiu de linha na Europa, e um ano depois nos EUA. Ainda havia estoque do modelo para sobreviver por 2012, quando ele foi substituído pelo Dodge Dart – considerado um dos maiores fracassos da história do grupo pelo ex-CEO da FCA, Sergio Marchionne. 

Você já conhecia o Dodge Caliber? Conte nos comentários.

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