Se hoje a BYD é uma potência global, há cerca de 15 anos a situação não era essa. O mercado de carros elétricos ainda caminhava a passos bem lentos e o prestígio não era algo relacionado às chinesas. Só que, para atuar na China, marcas internacionais precisavam de parcerias locais. Foi assim que BYD e Mercedes se juntaram para criar a Denza.

Fundada em maio de 2010, a Shenzhen BYD Daimler New Technology Co., Ltd, ou simplesmente Denza, foi a primeira tentativa de criação de uma marca de elétricos estabelecida entre uma chinesa e uma alemã. O projeto previa que a BYD fosse dona de 50% da marca e a Mercedes-Benz da outra metade.

Seu nome, inclusive, tem um significado bem específico. Denza vem do chinês Tengshi, que significa “poder e impulso crescentes”. Traduções alternativas também incluem “poder do vento” e “circunstâncias sinuosas”. Talvez o último faça bastante sentido por conta do jeito que a Denza navegou até hoje no mercado automotivo global.

Classe B sedã?

Como o desenvolvimento era parelho, a Mercedes-Benz cuidou do design e a BYD da parte tecnológica. Só que tudo foi bem estranho. O primeiro carro surgiu como protótipo em 2012, para ganhar sua versão de produção somente em 2014 como Denza 400. O modelo tinha plataforma de Mercedes-Benz Classe B de primeira geração, descontinuado em 2011.

A lateral dos dois era idêntica, usando, inclusive, as mesmas portas. Só que o carro tinha visual esquisito. A lateral tinha colunas B bem inclinadas, dando um aspecto esportivo. Mas ao olhar a traseira, o vidro original do Classe B estava lá, mas a traseira era mais longa. Com isso, a Denza fez uma traseira de sedã, mas que de lado parecia um hatch.

O modelo foi reestilizado em 2018 e adotou o nome Denza 500. Isso se deu por conta do aumento das baterias e autonomia. Na primeira fase, ele fazia 280 km com uma carga, o que subiu para 635 km depois da mudança visual. Ao mesmo tempo, a marca vendia o Denza X, que nada mais era do que um BYD Tan com estilo diferenciado feito pela Mercedes.

Amor rompido

O resultado foi um fracasso gigantesco. Os dois carros não vendiam bem e as relações entre BYD e Mercedes-Benz azedaram. A situação degringolou tanto que a Mercedes-Benz quis desistir do negócio, mas a BYD renegociou os termos. Em 2021, mudou o nome da empresa para Shenzhen Denza New Energy Vehicle Co., Ltd. e assumiu 90% da operação.

Agora com muito mais dinheiro e know-how para fazer as marca seguir, a BYD investiu forte na Denza. A reestruturação levou à abertura de 270 concessionárias no ano seguinte e a renovação total da linha. O Denza X mudou para N8 e ganho uvisual diferenciado, além de opção de motorização híbrida. Contudo, ainda é um BYD Tan mais luxuoso.

A marca lançou também a minivan D9, atuando no segmento de transporte executivo de luxo o qual muitas marcas chinesas brigam. Ela usa sistema híbrido plug-in do BYD Song Plus, enquanto a plataforma pé a mesma do Dolphin e do Yuan Plus. A marca apresentou também o SUV cupê elétrico N7 em 2023 como alternativa ao BYD Sea Lion 07 e Song L.

Por fim, o modelo mais recente é a Denza Z9, uma espécie de shooting-brake esportiva com motorização totalmente elétrica. Essa perua de 5,18 m de comprimento será o modelo topo de linha da marca e contará também com versão híbrida plug-in em um segundo momento. Haverá também uma variante sedã.

Denza no Brasil?

Durante o lançamento da nova BYD Shark no México, Stella Li, CEO da BYD Américas e vice-presidente da BYD global, confirmou que a Denza será oferecida no Brasil. Contudo, a marca não terá qualquer tipo de participação da Mercedes-Benz em nosso território. Além disso, terá uma linha maior.

Isso porque a BYD criou nos últimos anos mais duas marcas de luxo, a Fangchengbao e a YangWang. As duas marcas tem produtos bastante interessantes e que serão oferecidos no nosso país através da Denza, como revelou Stella. Ou seja, além de seus produtos originais, a Denza também abraçará os carros de luxo das marcas de nomes impronunciáveis pelos brasileiros.

A ideia é que a Denza tenha operação separada da BYD, com concessionárias diferentes e equipe de desenvolvimento diferente. É um funcionamento semelhante ao que a Stellantis faz, tendo a Fiat no Brasil como líder e as outras marcas ao redor trabalhando juntas até certo ponto. O lançamento da Denza no Brasil ainda não tem data programada.