Chevrolet Trailblazer é um nome bem conhecido pelos brasileiros. Afinal, é o SUV da S10. Porém, se hoje Trailblazer é o batismo de dois carros completamente diferentes, no passado ele serviu de base para nada menos do que cinco SUVs de marcas diferentes derivados dele, incluindo um que tentava ser uma caminhonete.
Vamos voltar ao passado, mais especificamente para 2001. Nessa época, o mercado norte-americano ainda não tinha enfrentado a crise que desmantelou diversas montadoras, tanto que a GM era uma verdadeira casa das marcas – título hoje que a Stellantis gosta de usar para si.
Logo na virada do século, a Chevrolet desenvolveu um sucessor para o Blazer de primeira geração – essencialmente o mesmo carro que tínhamos no Brasil, mas com uma frente triste. O nome Trailblazer foi usado ao invés de somente Blazer porque, anteriormente, era o batismo da versão de topo do SUV da S10 nos EUA.
Para esse novo Chevrolet Trailblazer, a GM desenvolveu uma nova plataforma estilo chassi sob carroceria, batizada de GMT360. Essa base, inclusive, foi a primeira do tipo desenvolvida para SUVs e não aproveitada por nenhuma caminhonete. Era um SUV tipicamente americano, com motores seis cilindros e V8.
Primeira fase da engenharia de emblema
Uma prática extremamente comum da GM era desenvolver um carro e reutilizá-lo em diversas fabricantes mudando frente, traseira e interior. E, claro, isso foi o que multiplicou o Chevrolet Trailblazer por cinco. O primeiro e mais óbvio rebadge aconteceu na GMC. Até hoje, boa parte dos modelos GMC são SUVs e caminhonetes mais chiques da Chevrolet.
Chamado de GMC Envoy, o modelo manteve a tradição. Afinal, a primeira geração do Envoy era o Chevrolet Blazer com grade frontal diferente. Dessa vez, para justificar o preço mais alto em relação ao Trailblazer, dessa vez a GM mexeu mais no visual do GMC do que havia feito na primeira geração.
Os faróis eram diferentes, assim como grade frontal e todo o para-choque. A traseira tinha mudanças mais fortes, com desenho da última janela lateral não ligando ao vidro traseiro, além de lanternas mais quadradas. Boa parte do visual do Envoy foi aproveitado no primo japonês do Chevrolet Trailblazer, o Isuzu Ascender, lançado na mesma época.
Como a operação da Isuzu nos EUA já ia mal, a marca japonesa só vendia carros rebatizados da Chevrolet. O máximo de diferenciação de estilo que ele tinha em relação ao Envoy era a grade frontal e a presença de para-choques e para-lamas com pintura preta, dando um aspecto mais parrudo. Havia, inclusive, opção desses detalhes em marrom.
Os três foram os únicos a receberem uma variante esticada. Chevrolet Trailblazer EXT, GMC Envoy XL e Isuzu Ascender LWB ganhavam impressionantes 41 cm no comprimento para abrigar a terceira fileira de bancos. O teto na traseira era mais alto. Só que duraram pouco, visto que eram produzidos em uma fábrica diferente, que foi fechada em 2006.
Um por dois
Além dos três modelos anteriormente citados, a GM transformou o Chevrolet Trailblazer em Oldsmobile Bravada. Só que o momento para fazer isso foi terrível. Afinal, o grupo já havia dado sinais de que a Olds seria descontinuada e lançar um modelo com prazo de validade tão explícito, feriu claramente suas vendas.
Ao contrário dos primos, ele só teve motor 6 cilindros em linha, tinha visual mais urbano e era o mais luxuoso de todos. O design era mais arredondado, especialmente na traseira. Quando a Oldsmobile fechou, em 2004, o Bravada foi junto. Mas ele deu origem a mais dois SUVs.
Assim que o Oldsmobile Bravada deixou de ser vendido, Buick e Saab ganharam suas variantes do Chevrolet Trailblazer. A Buick, que agora passava a ser a marca mais luxuosa da GM antes da Cadillac, aproveitou a traseira do Bravada mudando apenas a lanterna. Dentro, o Rainier era melhor acabado e foi o único SUV chassi sob carroceria da marca.
Por fim, o mais refinado de todos era o Saab 9-7X, o primeiro SUV da história da marca sueca. Ele não era tão diferente dos primos em termos visuais, sendo um carro bem mais Chevrolet do que Saab. Mas a icônica e exótica chave no meio do console central foi colocada nele. Diferentemente do Bravada e do Rainier, o 9-7X só teve motor V8.
XUV que não é SUV
De todos os derivados do Chevrolet Trailblazer, o mais esquisito de todos foi, certamente, o GMC Envoy XUV. Vendido somente de 2004 a 2005, o modelo aproveitava a carroceria esticada do Envoy XL e trazia uma solução mista entre caminhonete e SUV. A parte traseira tinha teto que se abria para formar uma caçamba.
Além disso, era possível abrir o vidro traseiro para ampliar o acesso a cargas. Ao invés de ter um porta-malas tradicional com carpete, a área era revestida em plástico para facilitar a lavagem e carregar itens que eventualmente poderiam sujar. Além disso, a tampa poderia ser aberta para baixo, como em uma caminhonete, ou lateralmente estilo Fiat Toro.
O presente do Chevrolet Trailblazer
Pouco a pouco, os derivados do Chevrolet Trailblazer de primeira geração foram se aposentando. O primeiro foi o Oldsmobile Bravada em 2004, depois o Buick Rainier em 2007. Já 2008 viu a aposentadoria do restante do grupo com Chevrolet Trailblazer, GMC Envoy, Isuzu Ascender e Saab 9-7X saindo de linha juntos.
Lá fora, todos eles, exceto o Isuzu, foram substituídos por SUVs monobloco. Só que o nome Trailblazer voltou em 2011 no sudeste asiático e no Brasil com o SUV da S10. Mas não foi só isso. Em 2020, a Chevrolet reutilizou o nome mais uma vez em um SUV médio com estilo off-road produzido na China e na Coreia do Sul.
O segundo Chevrolet Trailblazer é parente próximo do Tracker e usa o mesmo motor 1.2 turbo do SUV compacto brasileiro. Ele é vendido nos EUA também e adotou esse nome por conta da proximidade visual com o Blazer, que também foi resgatado na mesma época. Hoje não há mercado em que os dois Trailblazer sejam vendidos simultaneamente.
Você já conhecia os primos do Chevrolet Trailblazer? Conte nos comentários.