E vai ter mais...

Capri, Maverick e Mustang: por que a Ford profana os esportivos?

Aos europeus que estão chocados com a transformação do Capri em SUV elétrico: essa não é a primeira vez que a Ford faz isso

Ford Capri
Ford Capri 2024 [Divulgação]

Desde a semana passada, os europeus estão quase indo protestar na fábrica da Ford. Tudo porque o nome Capri, outrora de um esportivo, foi profanado para ser usado em um SUV cupê elétrico derivado do Volkswagen ID.5. Só que essa não é a primeira, nem única vez que a Ford usa o nome de um esportivo para outra coisa. Muito menos com o Capri.

Não faz muito tempo, a Ford havia declarado que faria um resgate de nomes clássicos em seu portfólio. Afinal, para que inventar um nome novo se você tem à disposição o batismo de vários modelos clássicos? Por isso, a marca iniciou esse processo de resgate em que até batismos como Escort podem voltar.

Capri

Vendido na Europa de 1968 a 1986, o Ford Capri teve três gerações ao todo. Apesar de extremamente cultuado por sua pegada esportiva e por ser praticamente um Mustang aos moldes europeus, nem sempre ele era esportivo de fato. As três gerações foram vendidas com motor 1.3 quatro cilindros aspirado mais fraco que o 1.0 de um Ka.

Ford Capri [divulgação]

Ele chegou a ter motor V4 em opções 1.3, 1.5, 1.6 e 2.0, além de motores V6 nas litragens 2.3, 2.6, 3.0 e 3.1. Só que só a primeira geração teve um V8, especificamente um 5.0, mas que foi feito para homologação de eventos de corrida na África do Sul. Essas 500 unidades foram chamadas de Capri Perana.

A primeira vez que a Ford profanou o nome Capri foi em 1991 com o lançamento de um rival do Mazda Miata. Produzido na Austrália, mas também vendido nos EUA como Mercury Capri, o modelo era um conversível compacto com plataforma de Mazda 323. Só que, ao contrário do Miata, tinha tração dianteira.

Ford Capri [divulgação]
Ford Capri [divulgação]

O visual não era nada animador e o modelo tinha faróis que pareciam convencionais, mas o capô escondia as luzes escamoteáveis. A traseira era reta e fazia parecer ser um carro de motor central-traseira, mas era um conversível de tração dianteira e motor lá na frente. Ele foi vendido só com motores 1.6 da Mazda, em versão aspirada e turbo.

Agora ressuscitado como SUV cupê elétrico, o Ford Capri é baseado no Volkswagen ID.5 e tem visual inspirado na última geração do Capri europeu. Na versão básica, tem motor de 282 cv e tração traseira, fazendo de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos. Já os mais equipados contam com dois propulsores elétricos, totalizando 335 cv e 0 a 100 km/h em 5,3 segundos. 

Ford Capri
Ford Capri 2024 [Divulgação]

Maverick

O caso do nome Maverick é, talvez, o pior de todos. Originalmente esse batismo foi usado para um modelo compacto nos EUA vendido entre 1970 e 1977. No Brasil, ele era considerado um muscle-car e fez sucesso entre 1973 e 1979, tendo, inclusive, motor V8 como seu grande chamariz.

Ford Maverick [divulgação]
Ford Maverick [divulgação]

Como nos EUA o nome Maverick nunca teve grande força, afinal era de um compacto mundano, a Ford não teve culpa em usá-lo em SUVs. A primeira vez que isso aconteceu foi entre 1988 e 1994 com a venda do Nissan Patrol na Austrália como Ford Maverick. Depois, entre 1993 e 1999, o Nissan Terrano II foi vendido na Europa com o mesmo nome.

E pensa que parou por aí? Não…até porque a Ford resolveu vender o Escape norte-americano na China e na Europa como Maverick entre 2001 e 2005. O nome depois foi descartado em favor de Kuga, o qual é usado até hoje nesses países onde o Escape é comercializado.

Ford Maverick Hybrid Lariat [Auto+ / João Brigato]
Ford Maverick Hybrid Lariat [Auto+ / João Brigato]

Só que, desde 2022, Ford Maverick voltou a ser o carro de entrada da marca norte-americana. Dessa vez, contudo, sendo usada por uma picape. Até aqui no Brasil a pronúncia mudou por conta disso: “Maveríck” para o cupê, “Máverick” para a caminhonete. Ela é oferecida nas opções 2.5 quatro cilindros aspirado híbrido ou 2.0 quatro cilindros turbo.

Mustang

Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]

Diferentemente dos outros carros aqui presentes, o Ford Mustang Mach-E não deixou de conviver com o modelo original que o forneceu o nome. Para tanto, ele recebeu o sobrenome Mach-E. Por pouco, a Ford não usou Mach 1, mas a recepção extremamente negativa do público a fez mudar.

Assim como o Capri nasceu como esportivo e se transformou em um SUV cupê elétrico, o Mustang ao receber o sobrenome Mach-E faz o mesmo movimento. Coincidentemente (e inexplicavelmente), Mach-E e Capri têm o mesmo tamanho, preço e proposta esportiva. Vai entender…

Ford Mustang GT [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang GT [Auto+ / João Brigato]

Aqui no Brasil, o Mach-E é vendido somente na versão GT mais potente de todas com 487 cv e tração integral. Contudo, lá fora ele traz opções de 270 cv e 290 cv com tração traseira ou 270 cv e 351 cv com tração integral. Ao todo, são nove versões, com autonomia variando de 400 km a 610 km. A versão brasileira faz 500 km com uma carga.

Qual próximo carro a Ford deve ressuscitar para transformar em um SUV ou caminhonete? Conte nos comentários.