Durante muitos anos, a Ford não teve uma identidade visual bem marcada. Modelos americanos pareciam totalmente diferentes dos europeus, e ainda mais distintos dos australianos. Era quase como se fossem marcas diferentes. Mas, em 1992, com o lançamento do primeiro carro mundial da Ford…ela ficou obcecada por ovais.
Existe uma explicação bem lógica para que a Ford tivesse essa obsessão por ovais nos anos 1990: basta olhar para o logotipo. Ele é um oval azul, forma que, inclusive, rendeu um apelido pelo qual a fabricante é conhecida. E tudo começou com o Mondeo em 1992 e piorou bastante depois disso.
Mondeo, o carro global da Ford
Com o intuito de unificar sua linha de carros no mundo inteiro, a Ford substituiu o Sierra na Europa, o Tempo nos EUA e o Telstar na Ásia e Austrália pelo Mondeo. Ainda que nos EUA ele se chamasse Contour e tivesse lanterna traseira ainda mais oval, ele foi o carro que deu o primeiro passo importante na construção de uma identidade visual forte.
Ele tinha faróis ovalados, carroceria bem arredondada, típica dos anos 1990, além de interior com formas igualmente redondas. Era um contraponto em relação às linhas quadradas e retas que dominaram a década anterior. O Mondeo, contudo, ainda não mostrava a obsessão da Ford por ovais de maneira tão forte.
Expansão oval
Com a identidade visual formada a partir de linhas básicas vindas do Mondeo, a Ford começou a explorar ainda mais essa linha. Os conceitos Focus e Conecta Electra de 1992 apontavam para a mesma direção do Mondeo, mas ainda mais redondos. Isso sem contar a reestilização do Escort, que surgiu no mesmo ano com mais elementos redondos.
O Probe também foi outro modelo que mostrava a predileção da identidade visual da Ford por elementos ovais, visto que a lanterna traseira era um grande oval, enquanto as linhas gerais da carroceria eram bem mais redondas. O modelo, vale ressaltar, surgiu como nova geração do Mustang. Mas, como tinha tração dianteira, foi convertido em um novo produto.
Exagero oval
Apesar disso, existem três carros que representam o ápice dessa identidade visual controversa da Ford e que foram os responsáveis por seu rápido declínio: Fiesta, Scorpio e Taurus. O Fiesta de quarta geração, lançado em 1995, ficou conhecido por Fiesta tristonho justamente por conta da frente oval.
A grade frontal era na forma de elipse, que se expandia até formar o desenho dos faróis e dar ao modelo um ar triste. Até mesmo a grade inferior tinha o mesmo formato chateado. Vidro traseiro e lanternas seguiam a mesma identidade. Até mesmo o interior era desenhado com vários ovais.
Um ano antes, foi lançado o Scorpio de segunda geração. O modelo é considerado, até hoje, um dos carros mais feios feitos pela marca norte-americana. Isso se deve à frente em estilo bagre com grade em elipse e faróis redondos. Contudo, a traseira com lanternas baixas ovais é o que menos agradou ao público.
Já nos EUA, a Ford trocou a geração do Taurus em 1995 e arruinou o modelo. Até então o carro mais vendido do país, ele perdeu a liderança rapidamente com a terceira geração que usava e abusava dos ovais. Até mesmo o vidro traseiro era formado por essa forma redonda! Enquanto o interior era recheado de elipses. O modelo anterior até parecia mais moderno que ele.
Quebra de paradigmas
O movimento contrário aos ovais da Ford começou em 1996 com o lançamento do Ka. Ainda que o modelo tivesse formato bem arredondado, as linhas eram quebradas por cortes retos e fortes, com muitos triângulos. Elementos esses que foram incorporados no Focus de 1998 e que deram início à era New Edge da Ford.
Essa nova identidade visual foi de extremo sucesso, criando modelos icônicos da marca e que são lembrados até hoje. Ela também foi responsável pela maior unificação entre os modelos de vários continentes vendidos pela fabricante. O auge essa junção foi o estilo Kinect, sucessor do New Edge, e que fez parte do plano One Ford.
Você já havia visto os ovais da Ford? Conte nos comentários se você gosta dessa identidade visual ou não.