Sempre que uma marca anuncia que a próxima geração de um de seus icônicos carros passará a ser híbrida ou elétrica, a internet entra em fúria. Mas antes que comecem a apontar dedos para o Honda Civic híbrido se sintam aliviados. A eletrificação do sedã médio o tornou ainda melhor. Aliás, esse é o melhor Civic de todos os tempos.
Antes ele era vendido no Brasil com motor 2.0 aspirado ou 1.5 turbo, sempre pareados a uma transmissão CVT. Por pouco tempo existiu o Civic 2.0 manual e o raro cupê Si com motor 1.5 turbo e câmbio manual. Tudo isso foi jogado fora e agora a marca japonesa traz o modelo com motor híbrido.
Um 2.0 quatro cilindros aspirado de 143 cv e 19,1 kgfm de torque com 41% de eficiência energética serve como usina de força para alimentar o sistema elétrico. Ele só impulsiona o carro em situações muito específicas. O que manda no Civic híbrido é o motor elétrico de 184 cv e 32,1 kgfm de torque.
Impulso elétrico
A vantagem desse sistema é que ele é mais eficiente e traz a força do motor elétrico a todo momento. O Civic acelera forte e sem medo, muito mais animado que o antigo Si. Tudo por conta do torque instantâneo, que se manifesta em todas as situações. Mas o interessante é que o som do motor se faz presente.
Ele acelera para carregar mais rápido o sistema elétrico, criando a impressão de que é o motor a combustão que empurra o Civic. O mais legal é que a Honda criou uma simulação de marcha, em que em acelerações mais fortes, o motor acelera até a rotação mais alta e depois cai tal qual se tivesse trocado de marcha. Mas o câmbio não tem marchas.
Esse efeito é amplificado, literalmente, no modo Sport do Civic híbrido. Nessa situação, o ronco do motor é intensificado pelas caixas de som internas e as trocas ficam ainda mais evidentes. Quase como se fosse um estampido de um Civic mexido. A diversão nessa situação é garantida e evita o efeito enceradeira dos outros Honda com câmbio CVT.
Alma do Civic
Entre todos os sedãs médios à venda no Brasil, o Civic sempre foi referência nas curvas – em nível que seus rivais só se equiparam em versões esportivas. Ainda que tenha crescido em relação à geração anterior, ele segue ótimo nesse quesito. Ele engole as curvas com confiança e em um acerto de suspensão mais durinho e firme que a média do mercado.
A direção vai nesse mesmo sentido: mais pesadinha e firme, mas também direta e rápida. A todo momento, o Civic híbrido convida para uma tocada mais forte e rápida, ficando confortável em velocidades altas. Junte isso ao silêncio imperando no interior graças ao motor elétrico e o ótimo isolamento acústico e começará a entender onde a Honda quer chegar.
Toque premium
Como o Honda Civic híbrido ficou bem mais caro que antes, a Honda precisou sofisticar o modelo. E isso foi feito. O acabamento melhorou substancialmente, com muita superfície macia no topo do painel e nas portas. Até mesmo as portas traseiras são macias, algo raro. Há de destacar também a qualidade do couro no volante, o mesmo do Accord e do HR-V Touring.
O visual é caprichado com elementos horizontalizados e a saída de ar visualmente integrada. Elementos de plástico texturizado no console central e nas portas ajudam a dar um visual mais interessante ao Civic híbrido. Ele ainda é equipado com painel de instrumentos totalmente digital, não só pela metade como os Honda brasileiros.
A central multimídia, ao menos nesse rápido contato, pareceu absurdamente melhor que a usada no HR-V e no City. Tem tela de boa definição, é rápida e traz Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Já o ar-condicionado digital do sedã usa os mesmos comandos de outros Honda, sendo fácil de usar e prático.
O espaço interno surpreende, especialmente porque o Civic híbrido, tal qual sempre foi padrão no modelo da Honda, te faz sentar baixo e com as pernas esticadas. Nessa situação, um passageiro alto sofreria na traseira, mas não é o que ocorre. A cabeça chega perto de raspar no teto, no meu caso com 1,87 m de altura, mas o joelho fica tranquilo.
Um ousado, um careta
Alternando sempre, a Honda faz uma geração ousada do Civic e uma careta. Como a anterior era bastante forte no visual, ela resolveu baixar o tom no novo modelo. E confesso que ao vivo é bem mais bonito do que nas fotos. Na vida real, ele impõe pelo tamanho avantajado e linhas horizontais que dão sensação de porte.
Ele perdeu o estilo cupê, deixando o para-brisa 5 cm recuado e mais reto, além da tampa do porta-malas adotar ângulo diferente do vidro traseiro para reforçar o aspecto de sedã. Não vai ser mais o carro que vai chocar nas ruas assim que sair, mas vai chamar atenção por parecer de um segmento superior.
Por falar nessa sensação premium, vale um adendo sobre os sistemas de auxilio a condução. O Honda Sensing foi muito bem calibrado, com correções precisas e sutis de volante com o sistema de manutenção em faixa. Há até compensação de vento lateral e reconhecimento de ultrapassagem de caminhão para manter o carro reto.
Há ainda frenagem autônoma de emergência, câmera no retrovisor direito que ajuda a mitigar os pontos cegos, piloto automático adaptativo e até mesmo airbag lateral no banco traseiro.
Veredicto
A nova geração do Honda Civic encareceu bem mais do que deveria, custando agora R$ 244.990. Só que proporcionalmente evoluiu. Ele agora tem acabamento suficiente para cutucar modelos premium de entrada, motorização híbrida eficiente e que não o deixou sem graça, além de ser bem servido de tecnologia.
A verdade é que o jogo do Civic híbrido deixa de ser disputado com o Toyota Corolla, passando essa missão ao Nissan Sentra. Agora, o Honda vai brigar com o Volkswagen Jetta GLI e com os premium Audi A3 Sedan, Mercedes-Benz Classe A Sedan e BMW Série 2 Grand Coupé. Credenciais para isso, sinceramente, ele possui.
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