Recentemente o fim de vida do Cruze no Brasil (e na Argentina, onde é fabricado) tem se tornado cada vez mais realidade. Afinal, a aposentadoria do modelo já é algo esperado há anos, visto que somos a única região onde ele ainda é feito. Só que lá nos EUA, onde ele morreu há 4 anos, finalmente a Chevrolet tem um substituto: o Trax.
“Quando anunciamos que o Cruze ia morrer, percebemos que, ‘hei, temos um buraco no nosso portfólio, então o que faremos?’. Existem alguns espaços em branco e uma migração de categoria, então o que podemos fazer?”, questionou Brad Franz, diretor de marketing de SUVs da Chevrolet em entrevista ao GM Authority.
A partir desse ponto, a Chevrolet balizou o desenvolvimento do Trax. Afinal, fazer um sedã médio novamente não seria interessante do ponto de vista do mercado norte-americano. Usar o Chevrolet Monza chinês não parecia interessante também. Por isso, caminhar para os SUVs era o passo mais lógico para a Chevrolet.
SUV baixo
Mas a verdadeira direção do objetivo por trás do Trax veio da afirmação de Franz onde disse que “o Cruze foi uma grande inspiração para o Trax, junto do Trailblazer. E nós queríamos acertar, porque sabemos que existem pessoas que querem carros e pessoas que querem SUVs. Mas nem todo mundo quer se sentar tão alto assim”.
E esse foi o grande ponto do desenvolvimento do Trax e que justifica a presença do modelo junto do Trailblazer: oferecer um SUV médio com pegada urbana oposta à aura de SUV parrudo do irmão. “Um monte de gente nos disse que não quer sentar alto, então balanceamos a ideia de um carro levantado do chão, mas não tão alto quanto o Trailblazer”.
Ou seja, agora a Chevrolet tem como opção nos EUA o Trax como um SUV cupê de posição de dirigir mais baixa e pegada esportiva e o Trailblazer como um modelo mais aventureiro, quadrado e parrudo. Com isso, temos uma verdadeira substituição em massa da porta de entrada da GM americana.
A pegada esportiva de dirigir e mais refinada do Cruze é suprida pelo Trax. Já o lugar que o antigo Tracker ocupava (lá vendido como Trax) é subdividido entre Trax e Trailblazer. Enquanto isso, as categorias de base e entrada antes ocupadas por Sonic e Spark deixam de existir por não haver, por enquanto, SUV menor que Trax / Trailblazer / Tracker.
Mas e o Brasil?
A morte do Chevrolet Cruze é anunciada há muito tempo e, ao que tudo indica, desse ano ele não passa. As vendas são fracas, tanto para o hatch, quanto para o sedã. Além disso, a GM hoje tem um buraco de preço gigantesco entre o Tracker Premier 1.2 (R$ 162.650) e o Equinox RS de entrada (R$ 216.890).
São exatos R$ 54.240 que separam os dois modelos e que poderiam muito bem ser preenchidos por um SUV médio como o Trax. Essa categoria ferve no momento e tem só Toyota Corolla Cross e Jeep Compass com força suficiente. Uma marca de alto volume e boa fama como a Chevrolet precisa de um modelo como esse nesse nicho.
E por que não trazer um modelo que foi pensado para substituir o Cruze justamente para cumprir esse papel e fechar um buraco gigante que existe dentro da marca? É questão de tempo até descobrir se isso vai acontecer ou não. Mas a fábrica da GM na Argentina já se movimenta para fazer um carro novo, que pode ser o Trax ou reforço de produção da Montana e do Tracker.
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