Há muitos anos a Chevrolet conta com versões Z71 de suas picapes lá nos EUA. O nome surgiu de um pacote off-road que oferece suspensão retrabalhada, protetor de cárter e adesivos. Para o Brasil, no entanto, a Chevrolet S10 Z71 esqueceu um desses itens. Porém, apostou forte no custo-benefício.
Custando R$ 260.490, ela fica em um patamar intermediário entre a LT de R$ 248.990 e a LTZ de R$ 270.990. A nova versão se encaixa perfeitamente nessa grande lacuna que existia adotando um visual mais parrudo inspirado nas rivais Ford Ranger Storm e Nissan Frontier Attack. Mas ela é só uma aventureira de adesivo?
Entrega alta
Ao contrário do que acontece com a Ranger Storm, que tem acerto de suspensão único, a S10 Z71 é mecanicamente idêntica a todas as versões da picape da Chevrolet. A única alteração feita pela marca está nos pneus todo terreno. Eles são calçados em rodas de 18 polegadas iguais às da High Country, mas com pintura toda preta.
Por isso, a Z71 traz o mesmo motor 2.8 turbo diesel quatro cilindros de 200 cv e 51 kgfm de torque. Ele tem acerto eletrônico semelhante ao da High Country. Ou seja, entrega mais força em detrimento do consumo de combustível, ainda que todas as versões tenham números de torque e potência iguais.
Na prática, segue o mesmo bom e eficiente conjunto de sempre. A S10 não nega força e tem vivacidade exemplar. O câmbio automático de seis marchas tem funcionamento um pouco lento nas reduções. Mas as trocas verdadeiramente suaves são marca registrada da Chevrolet há um certo tempo.
Meio termo novamente
No segmento de picapes médias é notório que a Volkswagen Amarok é a estradeira e amante do asfalto, enquanto a Toyota Hilux brilha na terra. Ford Ranger e Chevrolet S10 são o meio termo para os dois tipos de terreno e isso segue na Z71. Ela tem pneus off-road que se tornam mais ruidosos no asfalto, mas isso não tira seu brilho nesse terreno.
Ela gosta de velocidades altas e se mantem surpreendentemente estável nessas situações. Não chacoalha em demasia e deixou para trás o pula-pula excessivo. O bom comportamento da S10 Z71 no asfalto é notável. Destaque para a direção com assistência elétrica e peso exato para manobras tranquilas e firmeza necessária em alta velocidade.
Na terra ela se comporta bem, transmitindo pouca vibração para a cabine e lidando bem com torções e terrenos acidentados. Nossos caminhos pelo Pantanal no Mato Grosso do Sul não trouxeram caminhos verdadeiramente difíceis para a S10. Muitos deles nem exigiam tração 4×4: salvo nos areiões onde sem o recurso ela facilmente atolaria ou perderia o controle fácil.
A única grande questão é que as picapes americanas da Chevrolet com pacote Z71 recebem suspensão reforçada para o off-road. E a S10 brasileira não passou por esse tratamento. Merecia ao menos um acerto diferenciado focado no fora-de-estrada, como acontece com a Ranger Storm, para justificar a sigla.
Tudo que se faz necessário
O grande trunfo da Chevrolet S10 Z71 acaba por ser seu pacote de itens de série. Ela tem o nível de equipamentos ideal para não sentir falta de nada e ainda com o trunfo de um visual mais parrudo e interessante. Começa que ela traz para-lamas alargados e santantônio tubular exclusivos para a Z71 e de bom gosto visual.
A grade frontal é a mesma da High Country com o nome Chevrolet escrito, mas com o logo Z71 no lugar da gravatinha dourada. Elementos cromados das versões mais caras são substituídos por preto brilhante. Há ainda um belo estribo lateral e adesivos exclusivos na lateral e traseira. Por fim, faróis e lanternas escuros acompanham os logos pretos na traseira.
Por dentro, bancos e volante revestidos em couro, sendo os assentos acompanhados por costuras vermelhas e brancas alusivos à versão. Plaquetinha Z71 nas portas deixa claro que versão se trata. Contudo, ela poderia ter presente mais alguns elementos diferenciais. Ainda assim, a cabine fica mais refinada e interessante que a LT da qual deriva.
A mancada é que o ar-condicionado analógico poderia ser substituído por um digital. Especialmente pelo fato de que os comandos giratórios são exageradamente grandes: praticamente do mesmo tamanho do rotor do seletor de tração. Em contrapartida, a central multimídia é muito pequena para o tamanho do painel.
Ao menos conta com Android Auto e Apple CarPlay, porém a conexão sem fio é feita somente nas versões mais caras, que tem tela maior e wi-fi embarcado. A qualidade dos materiais da cabine chama atenção. Os plásticos duros estão por todos os cantos, mas tem qualidade acima da média. Já o couro no painel ajuda a dar uma sensação melhor do que muita de suas rivais.
Na lista de itens de série, tudo que se faz necessário na categoria: luzes diurnas de LED, assistente de partida em rampa, piloto automático, alerta de pressão dos pneus, retrovisores elétricos, vidros elétricos, volante com ajuste de altura (sem profundidade), sensor e câmera de ré, seis airbags e seletor eletrônico de tração com reduzida.
Veredicto
Entre as versões hoje disponíveis para a Chevrolet S10, a Z71 se estabelece como a de melhor custo-benefício. Entrega boa lista de itens de série e o visual mais interessante da família, salvo pela saída de escape na traseira que parece acessório de concessionária. Faz falta também um acerto de suspensão próprio como outras Z71 possuem.
Ainda assim, a Chevrolet S10 Z71 é uma bem-vinda adição ao segmento que tem ainda Ford Ranger Storm a R$ 241.790 e Nissan Frontier Attack a R$ 241.690. Ambas mais baratas, mas não necessariamente mais equipadas que a Z71. Vídeo da nova versão da picape em breve no canal do Auto+.
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