![Chevrolet Montana Premier [Auto+ / João Brigato] Chevrolet Montana Premier [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2023/04/Chevrolet-Montana-Premier-7-990x556.jpg)
Já faz um bom tempo que as montadoras no Brasil entenderam que não dá para brigar com a Fiat Strada. A Ford desistiu, a Peugeot também, a Renault cogitou tentar (mas arregou) e agora a Chevrolet também tirou seu time de campo. E brigar com a Fiat Toro diretamente parece algo ainda distante de acontecer. Mas eis que surgiu a Chevrolet Montana.
A terceira geração da caminhonete genuinamente brasileira trocou de categoria e de proposta. Ao invés de brigar com a Strada, ela cresceu para o outro segmento. Mas não o suficiente para arranjar treta com a Toro. A real, é que ela foi pensada e posicionada exatamente no meio das duas picapes da Fiat em preço e em porte.
É o mesmo lugar da Renault Oroch? Sim, mas a picape francesa parece não ter conseguido convencer os brasileiros de que ela tem potencial para vender bem. Aliás, ela sempre patinou em vendas. Mas com a Montana, a Chevrolet quer preencher o espaço que existe entre Toro e Strada, fazendo o segmento crescer sem roubar o lugar de ninguém.
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Eu entre vocês
Para entender a perspicácia da Chevrolet, basta comparar os números. A Montana tem 4,71 m de comprimento, que são exatos 23 cm a mais que a Strada e 23 cm a menos que a Toro. Coincidência? Não. Lembrando que a picape da GM tem 1,79 m de largura, 1,65 m de altura e entre-eixos de 2,80 m. Tudo intermediário entre as irmãs italianas.
No preço é a mesma coisa. A Strada mais cara, a Ranch CVT, sai por R$ 125.990, enquanto a Toro de entrada, a Endurance Flex, sai por R$ 146.990. Já a Montana parte de R$ 118.690 na versão sem nome e vai até R$ 142.590. Não é mera casualidade que ela preenche exatamente o mesmo espaço entre a Strada top e a Toro básica.
Faltou personalidade à Montana, especialmente vindo de uma marca com modelos com visual forte como é a Chevrolet. Se a intenção era fazer a Montana ser tão intermediária entre Strada e Toro que precisava ter até cara de Fiat e uma mistura entre os dois modelos, a GM conseguiu.
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Tracker, me empresta esse motor aí?
Diferentemente de todas as outras caminhonetes vendidas no Brasil, sem exceção, a Chevrolet Montana traz motor três cilindros. E, contrariando toda raiva que a internet despeja nos comentários sobre esses propulsores, o 1.2 turbo da Montana já se provou ser confiável e robusto ao longo da vida do Tracker. Aliás, era o único carro que usava esse 1.2.
É um motor que, no SUV, empolga pelas acelerações boas e números satisfatórios. Tanto lá, como cá, são 133 cv e 21,4 kgfm de torque. Só que na Montana, o motor começa a mostrar sinais de falta. Com quatro pessoas, ela já sente falta de fôlego. Com carga então, a situação complica. Por isso ela só carrega 600 kg e não pode usar reboque.
Não há acelerações brutas, retomadas exageradas ou gritaria vindo do motor como acontece com as rivais. A Montana embala linearmente e comportada. Para a maioria das pessoas, mesmo as com pé pesado, será performance suficiente. Contudo, se veio de uma Strada 1.3 Firefly aspirada, pensará que a picape da Chevrolet é um canhão.
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Acerto brasileiro
Os carros da Chevrolet feitos sobre a plataforma GEM como Onix, Onix Plus e Tracker foram desenvolvidos conjuntamente entre Brasil e China. Só que o acerto dinâmico deles, por mais que tenha sido aperfeiçoado para o nosso país, ainda tem muito do DNA do país asiático. Eles são carros mais confortáveis, às vezes até molengas.
Já a Montana, nasceu para o Brasil e foi pensada para o Brasil. Por isso é diferente. Ela é mais sólida que os irmãos, mais robusta e firme. O rodar parece mais refinado e bem acertado, quase como se tivesse uma base evoluída em relação ao Tracker, principalmente. A solidez de rodagem e o silêncio à bordo são os maiores pontos de destaque.
Bêbada suave
O câmbio automático de seis marchas é o mesmo de sempre: extremamente suave nas trocas e que sabe exatamente o momento de fazer isso. Só menos na estrada. Na rodovia ela insiste em segurar quinta marcha sem necessidade, sendo que o 1.2 turbo daria conta de manter a Montana embalada mesmo em inclinação.
Seria algo que ajudaria bastante no consumo. Visto que a Montana não empolga nesse quesito. Durante nossos testes com etanol ela fez 7,8 km/l de média com 65% dos trechos feitos em estrada. Na cidade, o máximo que ela fez foi 6,3 km/l. Oficialmente a marca declara 7,7 km/l na cidade e 9,3 km/l na estrada.
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Cuidado extra
E não é somente na qualidade de rodagem que a Montana está um passo além do Tracker. O interior da picape é melhor montado, com uma faixa de couro perfurado no painel e mais material macio nas portas. Há rebarbas aparentes, contudo, especialmente nessa junção superior do painel entre plástico rígido e o couro. Mas é algo comum nos GM brasileiros.
Os plásticos usados são apenas ok. Mas, coincidentemente, em uma qualidade intermediária entre Fiat Strada e Toro. O visual é outra coisa típica dos Chevrolet: volante e painel de instrumentos vieram do Onix, enquanto o layout geral do painel é parecido com do Tracker. Só a novidade é a central multimídia integrada visualmente ao painel de instrumentos.
É pequena e tem tela lavada, além de pixels bem aparentes. Ao menos é bem rápida e fácil de usar. Há Android Auto e Apple CarPlay sem fio, o que combina com o carregamento de celular por indução e pela presença de wi-fi grátis nos primeiros meses de compra da caminhonete.
O espaço interno, contudo, é melhor do que nas rivais da Fiat. O banco traseiro da Strada é apertado e o da Toro reto demais, já a Montana é mais arejada e melhor. As três, contudo, são mais apertadas que a Ford Maverick. Há de destacar a caçamba com 874 litros e nicho acima do pneu que possibilita guardar objetos menores para não rolarem por aí.
Pacote quase Premier
Situada como versão topo de linha da Chevrolet Montana, a versão Premier vem bem recheada. Contudo, faltaram itens de segurança ativa já presentes na Toro ou no Tracker desde a versão RS. Entre as ausências sentidas estão frenagem autônoma de emergência e sistema de manutenção em faixa. Piloto automático adaptativo também seria bem-vindo.
Veredicto
A Chevrolet Montana vai vender muito no Brasil, pode apostar. Ela tem exatamente o que o brasileiro quer: um meio termo entre Strada e Toro. O visual é parecido demais com os modelos da Fiat, o porte é intermediário entre elas, assim como a performance. Junte isso à confiabilidade mecânica que os Chevrolet têm e terá um argumento extra de compra.
É o caminho que a Renault Oroch tentou trilhar, mas que o mercado brasileiro não entendeu ou não julgou ser no mesmo patamar dos modelos da Fiat. Minha aposta pessoal? Vai ser exatamente esse meio termo anteriormente citado: vai vender menos que a Strada, mas mais do que a Toro e não vai diminuir as vendas de nenhuma das duas.
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