Porrada pesada, hein tio Edu? Foi. Eis o primeiro Audi testado no Brasil, em dezembro de 1992, pra @quatro_rodas, importado pela Volkswagen. Errado, errado, eu não estava.
A ideia inicial era que a VW organizasse a operação da marca no Brasil. Imagino (apenas uma suposição) que ela tenha visto o resultado da operação Fiat/Alfa Romeo e resolveu acertadamente nomear um importador.
Só pra contextualizar: a Alfa não tinha rede autorizada própria. Os modelos eram vendidos dentro das concessionárias Fiat, jogados ali no showroom, ao lado de Uno Mille e Tempra. A própria montadora, dizia-se à época, nunca se preocupou muito em desenvolver um trabalho específico para o crescimento da marca Alfa Romeo no Brasil, exatamente porque as poucas centenas de carros vendidos mensalmente pareciam um volume irrisório frente ao que a própria Fiat já vendia com sua linha de modelos nacionais.
Acertou a VW e não repetir o erro da Fiat, portanto.
O lançamento do Audi 100
Tanto que a estreia da Senna Import e o lançamento oficial da Audi só ocorreriam em fevereiro de 1994. E o óbvio também aconteceu: os irmãos Ayrton e Leonardo Senna, que tocariam a operação, não deram a menor bola a esse Audi 100 Quattro 2.7 no lançamento.
Com 170 cv, ele era dotado de tração permanente e fazia 0 a 100 km/h em 13,4 segundos. Dava sono, de tão lento.
E vale mencionar a questão das evoluções dos referenciais, que vão alterando a forma de o jornalista julgar um determinado produto. Um Passat TS, nos anos 70, era um carro que levava em torno de 14 ou 15 segundos para chegar a 100 km/h. Mas os referenciais de mercado eram bem mais lentos, razão pela qual os jornalistas elogiavam o temperamento esportivo do carro.
Em 1994, a BMW já fazia enorme sucesso no Brasil. E ainda tinha a Mercedes-Benz, que não fazia os elásticos volumes de vendas da rival, mas tinha produtos de ponta no line-up.
Aí imagine que você é a Audi. Você quer entrar em um país onde sua marca é desconhecida e dizer para o público que você está na mesma prateleira de outras duas afamadas marcas alemãs.
Pois não dá pra fazer isso com um Audi 100 que tinha um desempenho tão modesto.
Por isso que os irmãos Senna, sabiamente, priorizaram os esportivos S2 e S4 (ambos com 225 cv), este último a versão apimentada do primeiro 100 que eu testei. O resto é história.
A Audi acabou se constituindo em um grande sucesso no Brasil, não só pela qualidade dos produtos, mas, entendo, pela estratégia de lançamento. Talvez, fosse esse Audi 100 o carro-chefe, não teria dado tão certo. Eu acabaria fazendo o primeiro teste também do S4, com o Ayrton, em Interlagos. Mas isso é papo pra uma das próximas colunas.
Por Edu Pincigher
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