![BYD Tan [Auto+ / João Brigato] BYD Tan [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/07/BYD-Tan-3-990x556.jpg)
Um cruzeiro é, para muitas pessoas, a síntese do luxo, especialmente aqueles 5 estrelas ou de grife. É o tipo de experiência onde você desfruta de muito espaço, atividades para todos os cantos, uma bela vista para o mar e entretenimento digno de Hollywood. Se pudesse traduzir tudo isso em um carro, seria o BYD Tan.
Não porque ele tem dimensões de um navio de cruzeiro, mas sim por entregar o luxo e refinamento junto a toda a experiência envolvendo esse tipo de viagem. Aliás, viajar com o BYD Tan é algo que vou deixar para contar em outra matéria. E já falei que ele é elétrico? Não? É que você nem lembra por conta da ótima autonomia de 437 km.
Construa seus sonhos
Por R$ 519.990, você espera uma experiência de cinco estrelas. Afinal, é um território onde Volvo, Audi, BMW, Mercedes-Benz e até Porsche se aventuram com seus SUVs a combustão. A BYD é iniciante em nosso mercado e ainda tem de aturar o preconceito chato do brasileiro com marcas chinesas (culpe a Effa, a Lifan e os primeiros Chery por isso).
A marca soube elegantemente misturar os furinhos da ventilação e aquecimento do banco de couro com as costuras ondulares que formam o desenho do assento. Junto a isso, suede em alguns pontos do painel traz textura visual diferente. Há plástico no painel, portas e console, mas sempre em preto brilhante. Mas são de qualidade, vale lembrar.
Diretamente do Cirque du Soleil vêm a apresentação da central multimídia rodante. Ela pode ser usada na horizontal ou, ao apertar de um botão no volante ou na própria tela, roda para a posição vertical. É um acessório que mais serve para mostrar às visitas do que o BYD Tan é capaz de fazer do que ser algo útil de fato no dia-a-dia.
A central, aliás, poderia ter tido um pouco mais de cuidado da BYD. Ela ainda está em inglês, mesmo tendo todo seu sistema baseado em Android. Aliás, Android Auto e Apple CarPlay só estarão homologados mais adiante. O painel de instrumentos também está em inglês, mas ambas as telas impressionam pela qualidade excelente, facilidade de uso e respostas rápidas.
Espaço extra do espaço extra
Um carro com dimensões de transatlântico como o BYD Tan reflete isso em seu interior. São 4,87 m de comprimento, 1,95 m de largura e 1,75 m de altura, com entre-eixos de 2,82 m. Por dentro, porta-malas amplo de 960 litros na configuração de cinco lugares e apenas 235 litros com os sete lugares levantados.
Mas, como todo carro chinês, o espaço traseiro merece destaque. Três adultos grandes conseguem viajar por ali sem aperto nem para as pernas, nem para os ombros. Uma vantagem de ser 100% elétrico é que o BYD Tan tem piso traseiro plano, dando mais área para que o passageiro central coloque seus pés.
Contudo, ele não mima as pessoas tanto quanto o Han, não contando com comandos eletrônicos ou até zona individual do ar para quem senta atrás. Os bancos do meio, porém, se ajustam em altura e inclinação para ampliar o conforto de quem senta atrás. Segunda fileira sim, segunda classe, não.
Só a turma do fundão que se aperta e tem ergonomia estranha. O porta-copos, por exemplo, fica na altura do sovaco do passageiro da terceira fileira – exigindo um malabarismo e contorcionismo para alcança-lo. As pernas ficam bem elevadas e não há muito espaço para os pés. Melhor que um Toyota SW4, mas mais apertado que um Jeep Commander.
Navio
Boa parte da inspiração oceânica para descrever o BYD Tan tem muita relação com seu comportamento ao volante. Na estrada ele balança sutilmente como um grande navio transatlântico atravessando o oceano. É suave, confortável e nitidamente macio. Pode rodar várias horas com ele que não se cansará – garanto porque eu dirigi esse Tan 6 horas seguidas.
A tração nas quatro rodas e a sopa de letrinhas eletrônica salva a vida e mantém o SUV no comando. O interessante é que o modo Sport é bastante permissivo, deixando a traseira fritar um pouco de pneu como um carro de tração traseira, ao mesmo tempo em que deixa o motorista ir além do que deveria, desde que não perca o controle. Divertido, diria.
Duplo sentido
Enquanto em outros carros a mudança do modo de condução mais serve para trocar a cor do painel do que produzir um efeito prático, no BYD Tan há, de fato, mudanças. Em Eco ele limita a potência a 300 cv e não te recebe com aquela patada típica de um carro elétrico. É bem ágil, mas nada de arregalar os olhos.
Ai sim é soco no estômago a cada arrancada. O BYD Tan acelera como se não tivesse o porte que tem e nem carregasse 2.479 kg sem contar passageiros e bagagens que o acompanham. Triscou o pé no acelerador e o carro no retrovisor fica pequeno rápido. Impressiona que mesmo em alta velocidade, o Tan corta o vento e mantém o silêncio na cabine.
Na minha mão
O que vale destacar na lista de equipamentos de série do BYD Tan é o piloto automático adaptativo combinado ao sistema de manutenção em faixa. Eles trabalham em sincronia, permitindo que o SUV se dirija sozinho sem perrengues. Não fica quicando de um lado para o outro da faixa como alguns rivais, mas acelera e freia suavemente.
Aquecimento e resfriamento nos bancos dianteiros fazem também parte da lista de equipamentos, assim como retrovisor fotocrômico, direção elétrica com ajuste elétrico de altura e profundidade, teto solar panorâmico, ar-condicionado digital de duas zonas, retrovisor com rebatimento elétrico, chave presencial, tomada 110V e sistema de som Dirac.
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Vista para o mar
Assim como acertou em cheio com o visual do Han, é inegável o quanto o BYD Tan é bonito. Ver o mar da varanda de um transatlântico ou apreciar as linhas desse SUV são experiências riquíssimas para os olhos. Ele não é exagerado, mesmo com a grade frontal enorme. Todas as superfícies tem transições delicadas e fluidas.
A BYD soube bem disfarçar a traseira longa com a linha dos vidros que tenta dar um ar de cupê a ele. Assim, o Tan não parece tão gigantesco como é. Na traseira, o toque é o limpador camuflado no aerofólio traseiro, deixando a superfície do vidro limpa. As lanternas ligadas com o nome da marca por extenso são outro charme.
Veredicto
Enquanto o BYD Han briga com equivalentes elétricos custando a metade e entregando (em alguns casos) o dobro, a vida do Tan é mais complicada. Ele enfrenta modelos igualmente equipados, com o mesmo nível de luxo e espaço para sete lugares, mas com motores híbridos, diesel ou gasolina.
Precisa somente de um retrabalho na suspensão, assim como o Han pede, tradução para sua central multimídia e painel de instrumentos digital. Ele é mais uma prova de que os chineses chegaram lá e, especialmente no caso da BYD, criaram um novo patamar no segmento que ninguém ainda conseguiu chegar usando eletricidade.
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