Fora do segmento de luxo, o Brasil nunca teve opções de híbridos plug-in até a chegada do Jeep Compass 4xe. O segmento cresceu com o CAOA Chery Tiggo 8 Pro PHEV, mas agora ganha a companhia do BYD Song Plus. Tecnicamente ele pertence a uma marca de luxo, mas chega com preço mais baixo que o do Jeep e que o CAOA Chery e com impressionante autonomia.
Por R$ 269.990, o Song Plus tem um impressionante custo-benefício. Vem completo com frenagem autônoma de emergência, seis airbags, piloto automático adaptativo, porta-malas com abertura elétrica, assistente de manutenção em faixa, assistente de partida em rampa, teto solar, ar digital de duas zonas, painel digital e central multimídia com tela rotativa.
Em equipamentos só da para reclamar da ausência de Android Auto e Apple CarPlay, algo que a BYD promete sanar nas próximas atualizações. Mas bem que ela poderia usar um sistema mais amigável, pois o que está presente no modelo é um pouco confuso e de visual parecido com tablets Android de dez anos atrás.
Acabamento no preço
O que deixa claro que a BYD pertence ao segmento de luxo, é o interior de seus carros. O acabamento é esmerado, muito bem cuidado e não deve nada a um Audi, BMW ou Mercedes. Toda parte superior do painel é revestida em material macio azul marinho, tanto no painel quanto nas portas dianteiras e traseiras.
Ele é acompanhado de couro bege com costuras laranjas na parte inferior, layout repetido nos bancos. O couro mais claro tem acabamento aveludado e bem refinado. Os encaixes são bem feitos e a cabine do Song Plus transmite refinamento. Junto a isso, temos painel de instrumentos digital com ótima definição e diversos recursos diferentes.
O console alto ajuda nessa sensação de refinamento, junto às luzes ambiente. Espaço interno é bem farto, especialmente na segunda fileira de bancos, uma especialidade de marcas chinesas. O encosto é reclinável, podendo ficar bem deitado. Já o porta-malas carrega bons 574 litros.
1.000 km com um tanque
O foco da BYD com seu sistema híbrido DM-i é na economia de combustível. Por isso, combina motor 1.5 quatro cilindros aspirado de 110 cv e 13,8 kgfm de torque a um elétrico de 179 cv e 32,2 kgfm. Fica claro que quem faz a maior parte do trabalho é o motor elétrico. Só que juntos, entregam 235 cv e 40,7 kgfm.
Durante a rodagem, o motor elétrico empurra o Song Plus com ímpeto, mostrando uma perfomance mais animada que a do Compass 4xe. O 1.5 entra em ação como coadjuvante, auxiliando o motor elétrico e roncando de maneira descompassada com a aceleração. Isso se dá pelo fato de que ele, em algumas situações, só carrega as baterias do sistema elétrico, em outras, auxilia.
Como resultado, ele entrega performance de carro elétrico, mas sem a inconveniência de precisar toda hora der uma tomada para rodar. Com isso, ele chega a 1.000 km de autonomia com baterias e tanque cheios. Segundo a BYD, o Song Plus faz 22,2 km/l na cidade e 19,6 km/l na estrada.
Falta tão pouco
Se em performance o BYD Song Plus veio forte, na direção, faltou um ajuste a mais. Ela é molenga demais, morta e não transmite confiança em velocidades mais altas. Em estrada, fica perigosamente leve. Era um ajuste fino que faltava, com um pouco mais de carga no volante, seguindo a preferência do Brasil, não da China.
A suspensão, por outro lado, é bem acertada. Nitidamente voltada ao conforto, faz com que o BYD Song Plus rode como um transatlântico nas rodovias. Sereno, confortável, silencioso e quase flutuante. Não seria ruim um acerto mais firme para melhorar a performance do modelo em curvas, mas ele não chega a ser um pudim como outros modelos de origem chinesa.
Veredicto
O Jeep Compass 4xe chegou ao Brasil caro demais e com consumo mais alto do que deveria, não se tornando o sucesso esperado por um tipo de modelo que, nas outras versões, vende bem. Isso fez o CAOA Chery Tiggo 8 Pro ganhar espaço no mercado. Mas agora o BYD Song Plus chega com potencial para mais.
Ele se provou extremamente econômico, tem ótimo acabamento, é bonito e bem precificado. Ele carrega as mesmas boas qualidades dos irmãos Tan e Han, ao mesmo tempo em que traz personalidade no visual e mecânica competente. Tem potencial para vender muito caso a BYD vença o preconceito de ser uma marca chinesa de luxo.
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