Avaliação

BYD Seal é impressionante, mas tem um grave defeito | Impressões

Pensado para ser o Tesla Model 3 da BYD, o novo Seal é um dos melhores carros elétricos à venda no Brasil. Mas carrega um defeito tenso

carros chineses
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Desde que a BYD e a GWM chegaram ao Brasil, ambas as marcas mostraram que o nível de seus carros está bem acima de outras montadoras chinesas. Só que com o Seal, a BYD atingiu seu ápice. Pensado para rivalizar diretamente com o Tesla Model 3, o novo modelo 100% elétrico é impressionante, mas tem um defeito grave.

Passei um dia inteiro com o BYD Seal, onde pude rodar 250 km com o sedã 100% elétrico em um trecho entre São Paulo, capital, e Campinas, no interior. E o que esse novo modelo mostrou foi impressionante. Equipado com um conjunto de motores elétricos na dianteira e na traseira, ele conta com 531 cv e 59 kgfm de torque. 

Montanha alemã

Com 0 a 100 km/h feito em apenas 3,8 segundos, o BYD Seal é o carro mais rápido que a montadora chinesa vende no Brasil. E isso fica bem claro a cada aceleração. O Seal dispara sem a menor cerimônia, fazendo com que o corpo grude no banco e seu almoço vá parar nas costas. É uma força tão instantânea e bruta que mais parece uma montanha-russa.

Bem acertado dinamicamente, diferentemente do JAC E-J7, o BYD Seal acelera sem desviar a trajetória e com compostura. É interessante que seu comportamento é muito mais europeu do que se esperava. Aquela dinâmica típica de carros alemães esportivos é encontrada nele, especialmente em curvas.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Ainda que o controle de tração e estabilidade entrem mais cedo do que o necessário, o BYD Seal parece um Audi com tração quattro tamanha sua aptidão em se manter estável nas curvas. A suspensão é mais firme que o típico de carros chineses, chegando ao ponto de bater mais forte em buracos. 

Já a direção é calibrada na neutralidade, com respostas a contento e firmeza só dentro do necessário. Mas isso só é possível mantendo a direção no modo sport, já que em comfort, ela fica molenga e sem graça – do jeito que os clientes chineses gostam. Há de pontuar também que o freio do Seal é forte e segura o carro com ímpeto.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Oficialmente, a autonomia é de 372 km no ciclo do INMETRO. Contudo, durante os 250 km rodados por um dia, o modelo ainda foi entregue com 37% da bateria e painel mostrando que rodaria mais de 200 km com a energia que sobrava. 

Tecnologia problemática

Se tratando de um carro pensado para brigar com o Tesla Model 3, o BYD Seal é lotado de tecnologia. Conta com frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo, sistema de manutenção em faixa, alerta de ponto cego, leitor de placa de trânsito, entre outros itens que quase o tornam um carro autônomo.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Só que esses itens estão extremamente mal calibrados, a ponto de ser perigoso mantê-los ligados. Durante o teste, o BYD Seal corrigia o volante com socos bruscos, chegando a fazer minhas mãos escaparem do volante. Não foram poucos os sustos causados pelo sistema que está operando de maneira exagerada e perigosa.

Houve até um momento em que ele leu um relevo na pista como se fosse uma faixa, jogou o volante para direita em três socos fortes. Nisso, o carro que trafegava pela faixa da direita precisou sair de trajetória para evitar um acidente. Uma batida lateral quase ocorreu por falha nos sistemas eletrônicos do BYD Seal.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

A atuação extremamente exagerada e perigosa do sistema de manutenção em faixa fez com que eu desativasse o sistema durante o trajeto de volta a São Paulo por medo de quase provocar um acidente mais uma vez. Além disso, o aviso de velocidade com leitura de placa também é verdadeiramente irritante e costuma errar as velocidades. 

Flertando com o luxo

Ainda que Tan e Han sejam os carros mais caros da BYD e que possam ser considerados modelos de luxo, o Seal eleva o nível a outro patamar. O painel é todo revestido em couro macio ou com um revestimento que parece suede. Nas portas, há couro rugoso, liso e também o mesmo tipo de suede. Um belo acabamento.

BYD Seal [divulgação]
BYD Seal [divulgação]

Boa parte do console central também recebe couro que, no caso do modelo avaliado, era em um tom de azul bem claro. Há espaço para dois carregadores de celular por indução e para um porta objetos bem grande na parte inferior. Central de controle redonda perto da manopla de câmbio, que imita um cristal, é outro detalhe de bom gosto do BYD.

Há de destacar ainda o painel de instrumentos totalmente digital com tela de ótima qualidade e tamanho bem mais generoso do que o presente no Dolphin e no Yuan. A central multimídia pode rodar de um lado para o outro, mas finalmente traz Android Auto e Apple CarPlay. A tela é de qualidade, mas ainda tem menus confusos.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Talvez a pior parte do BYD Seal é que o ar-condicionado precisa ser todo controlado pela central multimídia. Parece que é algo comum, mas até a posição da ventilação precisa ser controlada por lá e, comumente, apresenta travamentos que complicam tudo. Como compensação, o teto panorâmico tem tratamento térmico e não necessita de cortinas.

Espaço interno vasto é outra qualidade do BYD Seal, em especial na segunda fileira. Quem senta na frente tem posição baixa, como de um esportivo. Mas o conforto dos bancos é outro elogio. Há tempos não via uma marca, fora a Nissan, fazer bancos tão confortáveis quanto esses do Seal.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Veredicto

Enquanto os sistemas de auxílio à condução do BYD Seal não forem atualizados e melhorados, ele se torna uma compra com um grande alerta amarelo. Ainda que seja um defeito grave, o restante do conjunto do sedã é brilhante. Bonito de ver, forte para andar, com interior sofisticado e confortável, ele só tem um percalço pela frente e que é resolvível.

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