![Volkswagen ID.2all [divulgação] Volkswagen ID.2all [divulgação]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2023/03/ID.2all-01-990x556.jpg)
Quando os brasileiros começam a ganhar mais dinheiro e entrar no mundo do luxo, fazem algumas coisas bem específicas. Trocam seus celulares Android por um iPhone. Mudam de um apartamento para uma casa em condomínio fechado. Deixam de comprar roupa na Renner para fazer a festa em um outlet nos EUA. E compram um BMW Série 3.
O sedã médio é líder de vendas entre os carros de luxo no Brasil há anos, além de deixar seus rivais Audi A4 e Mercedes-Benz Classe C comendo poeira. Para tanto, a Volvo desistiu de trazer o S60 ao Brasil, a Jaguar deixou o XE só para a Europa e a Lexus mal lembra que o IS existe. Tudo isso porque o Série 3 vende bem mais.
Mas há motivo para que ele venda tanto além de uma boa fama? Sem enrolação: sim e são muitos. O BMW Série 3 é aquele tipo de compra definitiva na categoria e honra a fama que tem por ser um produto verdadeiramente bom – ainda que tenha seus pecados às vezes inexplicáveis.

Composição questionável
No Brasil, o BMW Série 3 é oferecido nas configurações 320i, 330e e M3. Mas o grosso das vendas está nas três versões com motor 2.0 quatro cilindros turbo flex (que vou falar depois). Ele começa em R$ 315.950 na versão GP, sobe a R$ 335.950 na Sport GP e finaliza em R$ 355.950 na M Sport testada.
A diferença de preço faz com que o modelo intermediário seja o mais interessante, até porque o Série 3 de entrada abdica de itens extremamente necessários como alerta de ponto cego, alerta de mudança de faixa, assistente de permanência em faixa, frenagem autônoma de emergência e alerta de tráfego cruzado.
Ao menos todo 320i traz bancos com regulagem elétrica e memória, farol full-LED com acendimento automático, ar-condicionado digital de três zonas, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, frenagem automática em manobra reversa, controle de tração e estabilidade.

Eu bebo sim, mas pouco
Debaixo do capô, o BMW 320i traz motor 2.0 quatro cilindros turbo de 184 cv e 30,6 kgfm de torque. Ele é o único da categoria que é flex, podendo beber etanol além da gasolina que é padrão no segmento. Isso o torna bem mais adaptado à realidade brasileira do que outros rivais da mesma categoria.
E, mesmo assim, ele tem consumo comedido. Durante nossos testes, o modelo marcou média de 12,1 km/l com trechos de cidade e estrada com gasolina. A BMW anuncia 10,6 km/l de consumo urbano e 13,2 km/l na estrada. Já com etanol são 7,5 km/l e 9,1 km/l. Considere que é um carro potente e pesado com tração traseira e verá bons números.
E esse é o grande ponto desse BMW. Ele não é bruto como seus irmãos, nem tampouco confortável demais. É um carro equilibrado entre o que se espera da diversão ao volante de um sedã com tração traseira alemão, mas fácil de conviver no dia a dia sem precisar de um massagista ou alinhamento de coluna a cada ida na padaria.
![BMW 320i M Sport [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2023/05/BMW-320i-M-Sport-19-750x450.jpg)
Senhor Série 3
Educado, mas afiado, o Série 3 tem suspensão firme, porém não punitiva a ponto de tornar uma rua de paralelepípedos algo torturante. Como vantagem, contorna curvas com precisão e se mantém estável. A tração traseira se faz presente na maneira com que encaixa o BMW nas curvas. Só que sabe deslizar lindamente quando os controles são desligados.
Já o câmbio automático de oito marchas trabalha em uma suavidade ímpar. Faz trocas de marcha imperceptíveis e precisas, deixando a rotação baixa ao cruzar pela estrada por longos quilômetros. Ao mesmo tempo em que joga o giro do motor lá em cima e desde mais de duas marchas, se necessário, para acelerar forte.
Tipo Mercedes, mas só na foto
Confesso que quando vi as primeiras fotos do BMW Série 3 reestilizado, o julguei por ter interior parecido demais com os Mercedes-Benz. Afinal, foram os rivais que começaram com essa moda de conjugar o painel de instrumentos digital com a central multimídia. Mas a BMW conseguiu dar personalidade a isso.
A central multimídia finalmente ficou verdadeiramente fácil de mexer e traz Android Auto e Apple CarPlay que domina toda a área disponível da tela. É possível ainda controlar pelo rotor do console central, mas que está ali mais como uma redundância do que algo verdadeiramente útil.
Descida
Por ser um carro com posição de dirigir muito baixa, a BMW recorreu a um interessante recurso no Série 3. O piso na dianteira é em declive, permitindo que a perna fique mais baixa próximo aos pedais e mais alta perto do banco. Isso é bom para pessoas altas, mas pode incomodar passageiros de baixa estatura.
Os bancos contam com regulagens elétricas, sendo só o do motorista com memória. É um banco relativamente duro e que fica desconfortável em viagens mais longas. Atrás, o espaço é apenas adequado, tendo uma alta intrusão do túnel central. Já o porta-malas de 365 litros tem quase a metade de sua área útil ocupada pelo estepe.
Ao menos ele conta com banco traseiro tripartido e muito espaço para cacarecos e pertences aleatórios no interior. Incomoda somente a posição do cabo USB no console central. Ele fica de pé e na frente da área em que há movimentação do celular, fazendo esbarrar no cabo o tempo todo ao tirar o aparelho do local.
Veredicto
Definitivamente não tem como errar com o BMW Série 3. Ele é um carro muito prazeroso de dirigir, mas sem extremos. Não é desconfortável como muitos modelos com pegada esportiva, nem tão careta quanto alguns rivais. É esportivo na medida certa e confortável na hora que precisa.
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