A Volkswagen pode até demorar para entrar em alguns segmentos, mas quando o faz, não é para virar coadjuvante. Vide o T-Cross, atrasado para a festa dos SUVs compactos, mas que chegou a ser o carro mais vendido do Brasil por um mês. Agora, depois de deixar o Jeep Compass por anos sozinho, a Volkswagen apresentou o Taos.
O SUV médio desenvolvido para as Américas é baseado no projeto chinês Tharu, mas com pesadas modificações para o nosso mercado. Ele assume o lugar que um dia foi do Tiguan curto, vendido somente na primeira geração por aqui. Mas será que o Taos é a primeira grande pedra no sapato do Jeep Compass?
A Volkswagen convidou o Auto+ e um grupo de jornalistas para testar o SUV médio na pista da Goodyear no interior de São Paulo. Esse é um território que dificilmente um utilitário frequentará, mas foi suficiente para entender alguns dos predicados do modelo e que tipo de público ele vai atacar para roubar clientes do Jeep.
Tipo Golf
Feito sobre a plataforma modular MQB, o Volkswagen Taos é um típico modelo da marca alemã em sua melhor essência. Ele tem pegada levemente mais esportiva que o T-Cross, mas não chega ao mesmo ponto do Nivus. É interessante notar o equilíbrio do modelo entre o conforto e a dirigibilidade típica da marca.
Em asfalto ruim, o Taos se comporta bem, absorvendo as imperfeições sem reclamar ou fazer barulheira. Já em asfalto liso ele mostra ser aparentado ao Golf. O SUV se comporta bem em curvas, mesmo de alta. A carroceria mostra neutralidade e se faz esquecer que ele tem 4,46 m de comprimento, 1,84 m de largura e 1,63 m de altura. Parece um hatch menor ao volante.
A direção é rápida e leve, mostrando que o Taos flerta com o conforto ao mesmo tempo em que não quer sacrificar a boa dirigibilidade. Já o motor e o câmbio são já conhecidos do público. Trata-se do 1.4 TSI quatro cilindros turbo de 150 cv e 25,5 kgfm de torque ligado a uma transmissão automática de seis marchas.
É exatamente o mesmo conjunto que era usado no Tiguan nas versões aposentadas por causa do Taos. Além disso, marca presença no T-Cross Highline, Polo GTS, Virtus GTS e já equipou Jetta e Golf no Brasil. É um motor conhecido pela boa oferta de torque e pela economia de combustível.
O Taos acelera bem, entregando performance condizente com sua proposta e que não fará tão feio perto dos 185 cv do Jeep Compass turbo. A vantagem do motor com menos potência e já estabelecido no mercado deverá ser no consumo – item sempre elogiado nos VW 1.4 TSI.
A questão é que, vez ou outra, o câmbio e o motor parecem não se entender muito. As reduções demoram a acontecer e o Taos tende a subir de marcha um pouco mais cedo do que o necessário. É um acerto mais voltado ao conforto, sendo coerente com o que buscam os compradores de SUVs.
As trocas são suaves e imperceptíveis nos regimes mais baixos, enquanto nos mais altos os leves trancos instigam o comportamento mais esportivo do Taos. Destaque também vai para a tecnologia, onde o modelo conta com piloto automático adaptativo e frenagem autônoma de emergência na versão Highline testada.
Melhor ao vivo
O Volkswagen Taos passará pelo mesmo efeito que outros modelos da marca alemã, como o up!. É preciso vê-lo ao vivo para entender alguns de seus pontos e apreciar verdadeiramente o design e o acabamento. Admito que por fotos ele não chama tanta atenção quanto no mundo real.
Exemplo disso é o filete de LED na grade frontal. Pode até parecer cafona em tese, mas na realidade produz um elegante efeito e que torna o Taos inconfundível mesmo de longe. Esse filete combinado aos dois fachos de LED nos faróis, fazem com que o modelo pareça mais caro do que de fato é. Até mesmo o criticado bocão preto tem melhor efeito a olho nu.
As fotos também enganam quanto ao porte do Taos. Ele é de fato maior e tem mais presença que o T-Cross. Em alguns momentos parece mais musculoso que o Compass, apesar de eles terem medidas praticamente idênticas. Em suma, o SUV é mais bonito do que parece nas fotos e chama atenção por transmitir sofisticação no design.
Por falar nisso, a Volkswagen investiu pesado no acabamento interno. Não há tantas superfícies macias quanto o Compass, mas o Taos recebe portas dianteiras macias e uma faixa de suede no painel que transmite requinte. Há bastante plástico, mas bem montado e de qualidade. É uma cabine nitidamente (bem) superior à do T-Cross.
Ainda sobre o T-Cross, o Taos herdou dele a manopla de câmbio, enquanto o volante e a central multimídia vieram do Nivus. O Tiguan ainda forneceu a ele os comandos rotativos do ar-condicionado digital. Tudo bem familiar, mas sem tirar a personalidade do novo SUV. Elegante e bem montada, a cabine fica atrás da do Compass, mas não decepciona.
Destaque maior vai para o farto espaço traseiro. Em virtude do projeto original da China, o Taos privilegia muito a área para os passageiros traseiros – mesma razão pela qual o Ford Territory é generoso com a segunda fileira de bancos. As pernas ficam folgadas e a cabeça tem espaço suficiente mesmo com o teto solar opcional da versão Highline.
Veredicto
Nas primeiras impressões, o Volkswagen Taos se revelou um SUV muito bem acertado. A VW não quer que o modelo seja mais um coadjuvante nessa disputadíssima categoria, por isso aposta sério na versão Highline de R$ 181.790.
Ele tem bom conteúdo, dirigibilidade agradável e um visual que impressiona mais ao vivo do que em fotos. Potencial para ser a primeira grande dor de cabeça do Jeep Compass ele tem. Mas será preciso uma convivência mais a fundo para entender os predicados desse SUV médio e se ele está apto a desbancar o rei da categoria.
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