O VW T-Cross Highline é um dos modelos mais desejados do SUV, justamente por ser a única versão movida pelo motor 1.4 TSI 250. Entretanto, querer não é poder, já que muitos compradores até pensam em levar para casa a versão topo de linha, mas esbarram no preço mais alto e acabam optando pelas versões 1.0 TSI.
Por outro lado, recentemente eu vi na internet uma expressão que me chamou a atenção. Diversos comentários se referiam ao T-Cross como um carro de NPC. Se você não é do mundo dos games, NPC significa non-playable character, ou um personagem do jogo que você não controla. Em alguns games, há até mesmo carros genéricos no cenário, daí que vem a história do SUV da Volkswagen ser um carro de NPC.
Some a isso o fato do T-Cross ser o SUV mais vendido do Brasil, o que faz com que ele seja visto aos montes nas ruas, e está feito o cenário de jogo de mundo aberto. E, de fato, o modelo não tem o visual mais exclusivo do Universo. No entanto, isso também não significa que ele seja feio. Apenas genérico, por se parecer demais com os outros carros da Volkswagen.
VW T-Cross Highline: NPC ou não?
Neste ano, a Volkswagen apresentou uma discreta reestilização para o SUV, o que ajudou o modelo a ter um pouco mais de personalidade. No caso do VW T-Cross Highline, o visual renovado fica mais evidente, já que normalmente as fabricantes mostram suas novidades nos modelos topo de linha.
Em termos visuais, o que mudou foram os para-choques, a grade dianteira e os faróis receberam novas divisórias. Já as lanternas ganham mais detalhes em vermelho e a barra que as une passou a ser iluminada. Foi uma mudança discreta, mas que ao menos deu mais personalidade ao SUV.
No caso da versão Highline, a cor Cinza Ascot é uma das novidades. Entretanto, você só pode leva-lá para casa com o teto preto e o pacote Dark, que escurece rodas e emblemas. E, claro, isso tem um preço, mas vou detalhar os valores um pouco mais abaixo. O resultado visual é bom, mas saiba que será preciso pagar por isso.
Ao volante
O motor 1.4 TSI faz muito bem ao VW T-Cross Highline. Com 150 cv, independentemente se com etanol ou gasolina, e 25,5 kgfm, também com ambos os combustíveis, o SUV é mais esperto que os modelos equipados com o motor 1.0 TSI, de 128 cv. Porém, como é comum nos carros automáticos da Volkswagen, o câmbio automático de seis marchas atrapalha o desempenho do motor.
Em ultrapassagens e até em subidas, a transmissão tem respostas lentas, o que acaba sendo um problema quando se precisa de mais agilidade. Felizmente, é possível fazer trocas manuais nas borboletas atrás do volante e na própria alavanca de câmbio.
A versão Highline também tem modos de condução, como nos esportivos da Volkswagen. É possível escolher entre Eco, Normal e Sport, então para deixar o câmbio mais esperto, o último modo é o ideal. O problema é que para escolher entre eles é preciso caçar a função na central multimídia.
No caso do modo Sport, ele até pode ser acionado dando mais um toque para baixo na alavanca de câmbio, mas a Eco só aparece na central. A vida moderna trouxe esse tipo de incômodo para os carros.
Ao menos o T-Cross é delicioso ao volante, com uma estabilidade referência e um bom acerto de suspensão, nem tão mole e nem tão rígido. Rodar na estrada com a versão Highline é realmente bom, e na cidade o SUV também vai bem, embora o start-stop incomode, mas isso não é algo exclusivo do modelo da VW.
Espaço para todos
Com 4,21 m de comprimento, 1,76 m de largura e entre-eixos de 2,65 m, o VW T-Cross Highline acomoda muito bem quatro adultos, mesmo se todos forem altos como eu, que tenho 1,87 m. O espaço traseiro é uma das referências do segmento, enquanto o porta-malas tem 373 litros, mas é possível deixar o encosto mais reto para aumentar um pouco a litragem.
A cabine do T-Cross segue aquele padrão Volkswagen, com acabamento apenas regular, com uso excessivo de plástico, embora esta versão tenha apliques em couro sintético para tentar dar um ar mais refinado. Os bancos também são revestidos neste material, e ao menos são bem confortáveis.
Para mim, o ponto que mais desagradou foi o acabamento do volante. Por ser a versão topo de linha, era de se esperar um couro de mais qualidade, como acontece com o Taos, por exemplo. Entretanto, o couro do T-Cross, assim como o do Nivus Highline, não é tão bom assim. As costuras são bem evidentes e ele não tem um toque macio, parecendo um acabamento de plástico – embora couro sintético seja, na essência, plástico.
Equipamentos
De série, o VW T-Cross Highline traz luzes em LED, painel de instrumentos digital de 10,25 polegadas, central multimídia de 10,1 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, tomadas USB C, seis airbags, ACC, ar-condicionado digital (com aquele sistema touch que irrita), partida por botão e chave presencial.
Para adicionar a cor Cinza Ascot com teto em Preto Ninja é acrescido R$ 1.750. Só que ela precisa ter o pacote Dark, que custa R$ 2.670. O teto solar panorâmico sai por R$ 7.560, e o pacote ADAS, que inclui assistente ativo de mudança de faixa, câmera multifunções, sensor de ponto cego com assistente de saída de faixa, e Park Assist, custa R$ 3.580.
O preço de tabela da versão Highline é R$ 180.690. Porém, para levá-lo para casa como o modelo testado, é preciso investir mais R$ 15.560 em opcionais, o que faz o preço saltar para R$ 196.250.
É uma pena que os pacotes de opcionais sejam fechados e não tenha como personalizá-los. Afinal, eu dispensaria o Park Assist, mas gostaria de ter o sensor de ponto cego. E a cor Cinza Ascot me agradou bastante, mas para levá-la, é preciso adicionar um outro opcional, o que deixa a conta mais cara.
Veredicto VW T-Cross Highline
Afinal, o VW T-Cross é chamado de NPC por vender tanto, ou vende tanto por ser um carro de NPC? Talvez essa questão jamais seja descoberta. De fato, seu design é um tanto genérico, mas agrada. Porém, ao volante, ele mostra uma personalidade divertida, com desempenho bom e consumo aceitável. Segundo o Inmetro, ele faz 8,1 kml com etanol e 11,7 km/l com gasolina, na cidade, e 9,8 km/l com etanol e 14 km/l com gasolina, no caso da rodagem em estradas.
Se você gosta do SUV da Volkswagen e desempenho é seu foco, a versão topo de linha é a sua escolha, contanto que esteja disposto a pagar o preço dela. Os equipamentos também são bons, e de brinde ainda há um amplo espaço. Mas alguns opcionais poderiam ser itens de série, como o sensor de ponto cego, e os preços também poderiam ser mais generosos. Ao volante, o T-Cross Highline conquista, só não reclame depois se chamarem você e seu carro de NPC.
Você compraria a versão Highline do Volkswagen T-Cross? Deixe nos comentários a sua opinião.