VW Nivus Highline 2025 é um irritante tesão | Avaliação

Existem carros bem nascidos e carros que melhoram com o tempo. Quando a marca acerta logo de cara, é difícil mexer no visual sem estragar. É um clube bem restrito de modelos, mas podemos dizer que Fiat 500, Mini Cooper e Jeep Renegade são do grupo que, quanto mais mexe, pior fica. Esse era o meu medo com o Volkswagen Nivus 2025.

Desenhado pelo mestre José Carlos Pavone no Brasil, tendo todo o seu desenvolvimento feito localmente, o SUV cupê nasceu belíssimo. Seu visual é o grande motivo de compra. Mas, quando a VW mostrou que ia mudar o modelo, confesso que tive medo. Especialmente depois do que fizeram com Amarok e Saveiro.

Mas, por sorte, a reestilização do Volkswagen Nivus 2025 foi bem feita. Junto a isso, a marca fez algumas melhorias importantes, mas piorou algumas. O grande problema do Nivus é que ele é um tesão para várias coisas, mas irritante em tantas outras. Uma constante dicotomia. E hoje explico o motivo.

De pouco em pouco

O Volkswagen Nivus não é barato. Nunca foi. Parte de R$ 143.490 na versão Comfortline, mas aqui estamos falando do Highline com kit Outfit e pacote Adas. Vamos por ordem: R$ 160.790 pela versão top, mais R$ 2.160 pelo Outfit e R$ 4.560 pelo pacote Adas. E não esqueça da cor Azul Turbo de R$ 1.750. Total da conta: R$ 169.260.

Particularmente, deixaria o kit Outfit de lado. Ele adiciona retrovisores e maçanetas em preto brilhante, mesmo tom usado no teto, logotipos e detalhes no para-choque (que deixam o Highline com cara de Comfortline). As rodas de liga-leve de 17 polegadas ganham tonalidade escura no Nivus Outfit e ficam parecendo calotas pequenas.

Talvez o único atrativo do kit seja o interior com couro azul médio contrastando com elementos mais claros. No Highline padrão, a Volkswagen traz fibra de carbono fake no painel e nos bancos como elemento de contraste. Por conta da pegada do Nivus, fica até mais interessante.

Agora, o pacote Adas eu colocaria. Ele traz estacionamento autônomo, assistente de mudança de faixa e permanência em faixa, alerta de tráfego cruzado, além de detector de ponto cego e função stop and go para o piloto automático adaptativo. Vale reforçar que a Volkswagen melhorou a fixação do radar na dianteira para evitar furtos.

Mudança de emoção

No Nivus 2025, a Volkswagen mexeu um pouco nas cores. Ele está disponível nos tons Cinza Moonstone, Vermelho Sunset, Cinza Platinum, Branco Cristal e Preto Ninja – os mesmos de antes. A novidade é a descontinuação do Azul Biscate…quer dizer, Azul Biscay (não consigo falar essa cor com o nome certo) em substituição a dois novos tons.

Como o Azul Biscay ficava no meio do caminho entre a ousadia e a caretice, a Volkswagen foi aos dois extremos com os novos tons. Para os arrojados, há o Azul Turbo das fotos, que particularmente é minha cor preferida. Já os conservadores vão para o Azul Titan, que é mais fechado, metálico e acinzentado. As fotos não fazem justiça à beleza dessa tinta.

Itens de série do Volkswagen Nivus Highline 2025

Bem equipado, o Volkswagen Nivus Highline 2025 conta com vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, retrovisor elétrico com rebatimento automático, chave presencial, faróis full-LED com acendimento automático, painel de instrumentos totalmente digital, controle de tração e estabilidade, além de assistente de partida em rampa.

Há ainda volante com ajuste de altura e profundidade revestido em couro, bancos revestidos em couro, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré com qualidade horrível, monitoramento de pressão nos pneus, seis airbags, frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo e central multimídia com internet embarcada, Android Auto e Apple CarPlay sem fio.

O pecado de todo Volkswagen

Não tem jeito, a Volkswagen até tenta, mas não consegue se desvencilhar do acabamento ruim no Brasil. E houve um genuíno esforço da marca em melhorar o ambiente do Nivus 2025 sem ter que refazer todo o painel. Sim, os plásticos ainda são os mesmos do Polo Track, com qualidade aquém da categoria e sensação de fragilidade.

Entretanto, o couro do volante melhorou absurdamente. Antes era áspero, rugoso e com aspecto vagabundo – agora, chega perto do que o Tiguan oferece. O mesmo vale para o couro dos bancos, que não tem mais sensação de corino mais artificial que o sofá mais barato da Casas Bahia. 

A Volks ainda trouxe tecido para boa parte das portas, que é inexplicável porque o resto da cabine tem couro, além de ser facilmente sujado. Os puxadores de porta ganharam uma textura mais agradável e uma larga faixa do painel agora é revestida em couro, mesmo recobrindo plástico duro. 

Chama atenção a quantidade correta de plástico preto piano, suficiente só para conectar (visualmente) a central multimídia com o painel de instrumentos totalmente digital. Vale ressaltar que as telas são o grande destaque do interior. Ambas de ótima qualidade, fáceis de mexer e completas em informações.

A VW Play chegou a sua segunda geração no Nivus 2025. Agora com sobrenome Connect, traz internet embarcada, além de mais velocidade e menus revistos. Não era necessário colocar cores em alguns botões, que quebraram com o estilo limpo da central, mas tudo bem. O único problema chato é que há vários bugs no funcionamento do CarPlay.

É para poucos

Por falar na cabine, não espere no Volkswagen Nivus um espaço mais farto do que o existente no Polo. Ele recebe bem o motorista e o passageiro que senta na frente, mas atrás, começa a apertar tudo. Os que estão na frente terão de fazer concessões se a ideia for levar passageiros atrás.

Diferentemente das portas dianteiras, às traseiras não trazem material macio em nenhum local, só o plástico duro de qualidade questionável. O porta-malas leva 415 litros e tem revestimento de carpete bem simples. Além disso, falta a divisória de cargas, a qual claramente o porta-malas foi desenhado para receber.

Primeiro a irritação

Andar no Volkswagen Nivus sempre foi um prazer. Ele é um carro gostoso, ágil e bem dinâmico. Mas o tempo não fez bem a ele. O motor 1.0 TSI três cilindros turbo mantém os 128 cv e 20,4 kgfm de torque desde que nasceu no Brasil para os modelos automáticos. Só que as reprogramações que foram feitas tiraram o ímpeto do SUV cupê.

Explico: antes o Volkswagen acelerava forte e arrancava até cantando pneu. Agora, quando você pisa fundo no acelerador, ele pensa se é uma torradeira, se o Gol deixou saudade, quanto custa um pastel frito em uma Kombi e só depois de toda essa reflexão, ele acelera. É um delay extremamente irritante. A culpa? Leis de emissões de poluentes.

Vencida a resistência chatíssima inicial, o Volkswagen Nivus anda bem. Ele acelera sem medo e faz parecer não ter um motor só 1.0, mesmo que turbo. A VW declara 10,4 segundos para chegar aos 100 km/h, uma redução em redução ao modelo anterior, isso porque a marca mexeu em aerodinâmica.

Essa mesma alteração no fluxo de ar permitiu que ele marcasse 8,6 km/l na cidade com etanol e 10,3 km/l na estrada. Já com gasolina, são 12,4 km/l e 14,8 km/l, respectivamente. São números melhores que o Fiat Fastback pseudo-híbrido. Isso que o VW não é eletrificado. Durante nossos testes com mais de 1.000 km rodados, ele foi ainda melhor. O Nivus 2025 registrou 11,5 km/l na estrada, enquanto na cidade foram 9 km/l cravados. 

Referência na MQB-A0

Definitivamente o Nivus é o melhor carro para dirigir entre todos os MQB-A0 no Brasil. A plataforma modular serve a Polo, Nivus, Virtus e T-Cross, sendo o SUV cupê o de melhor dinâmica. Ele consegue ter suspensão boa de curva, mas que absorve bem os impactos. Não é tão alto quanto o T-Cross, mas encara buraqueira com menos sofrimento que o Polo.

A direção é típica VW, ou seja, mais firminha e dura, sendo até levemente pesada para fazer manobras. Ela devolve bons feedbacks do asfalto, permitindo uma tocada verdadeiramente mais esportiva. Dinamicamente, irrepreensível. Mas o câmbio não ajuda muito nisso. A caixa automática de seis marchas já está cansada.

O câmbio luta consigo mesmo, baixando para quarta marcha em uma retomada simples na estrada, enquanto na cidade segura marcha mais do que deveria. Além disso, ao trocar de ré para drive, é comum um tranco seguido de um estalo. Já passou da hora da Volkswagen atualizar as coisas e mudar para um câmbio mais moderno e eficiente.

Veredicto

Definitivamente o Volkswagen Nivus Highline é um carro que faz o que promete. O visual esportivo é acompanhado de uma condução divertida. Ele é verdadeiramente lindo e bom de andar. Claro que o acabamento ainda é o típico Volkswagen, sendo um dos piores do segmento, mas truques e texturas o fazem pensar que melhorou substancialmente.

Por R$ 169.260, ele se torna um carro muito caro, mas que dificilmente tem rivais com tantos equipamentos a um preço semelhante. Exceto que precise de espaço interno (se for o caso, pegue um T-Cross), o Nivus é a opção mais jovial e divertida entre os SUVs de entrada que não são de versão esportiva. Mas espero ansioso pelo que o Nivus GTS será capaz.

Você teria um Volkswagen Nivus 2025? Conte nos comentários.

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