Há muito tempo no Brasil, o Jeep Compass domina o segmento de SUVs médios. Categoria na qual cada vez mais entram novos concorrentes. Só que, enquanto a maioria apela para lista de equipamentos farta de uma grande oferta de modelos, o Volvo EX30 chega para engrossar a briga com outras estratégia.
Estacionando as quatro rodas em um vespeiro, o Volvo EX30 quer usar da eletricidade e do inegável status de uma marca de luxo como a Volvo para roubar clientes de Compass e Corolla Cross. A estratégia é oferecer um modelo de porte menor, lotado de tecnologia e recursos ecológicos para conquistar.
Entretanto, fazer um Volvo custar o preço de um Jeep e de um Toyota tem seus poréns, que no caso do EX30, não são poucos. Vale lembrar que o modelo é vendido em quatro versões: Core de R$ 229.950, Core Extended Range de R$ 249.950, Plus de R$ 277.950 e Ultra de R$ 293.950. Nos concentraremos na última.
A melhor parte
Todo Volvo EX30 vendido no Brasil conta com motor elétrico traseiro de 272 cv e 35 kgfm de torque. Ele é capaz de levar o SUV aos 100 km/h em 5,3 segundos, tendo autonomia máxima de 338 km segundo o ciclo INMETRO.
Traduzindo os números para o que o Volvo EX30 traz de sensação, temos um carro verdadeiramente bom de dirigir. O sueco tem acelerações fortes e instantâneas, entregando todo o torque já a meio pedal.
Junto a isso, a Volvo colocou no EX30 uma suspensão durinha e firme, típica de um Volkswagen e que lembra bastante os tempos em que a Polestar apimentava os carros da marca sueca. É dinâmico e bom de curva, mas sem sacrificara a coluna.
Como benefício adicional, ele é estável nas curvas, as contornando como um hatch esportivo. Além disso, a direção é bem direta, com três ajustes de intensidade, sendo o acerto mais firme o melhor para a pegada mais esportiva do modelo.
Pegada de luxo
Como todo Volvo, o sistema de auxilio a condução é brilhante. Temos uma naturalidade nos movimentos de direção, além de acelerações e frenagens quando o piloto automático adaptativo está ligado.
O mesmo vale para o sistema de manutenção em faixa, que conta com assistente de ultrapassagem de caminhão, onde afasta o EX30 um pouco mais do que o normal de um caminhão com o objetivo de facilitar a ultrapassagem.
Tudo tem um preço
Se para dirigir, o Volvo EX30 brilha, o seu interior é o maior pecado. A cabine não é digna de um Volvo, tendo acabamento bem fraco para um carro de uma marca de luxo. Entendo a pegada ecológica e minimalista da marca, mas as coisas foram longe demais.
O revestimento de material reciclado usado nas portas parece o azulejo da casa de uma avó, tendo textura de plástico duro. Já o material macio na parte superior do painel, não é tão macio assim e fica bem sujo com o menor toque de dedos. O couro ecológico usado nos bancos também deixa a desejar.
Só que a economia da Volvo com o EX30 foi longe demais com o pretexto de ser minimalista. A marca colocou o painel de instrumentos conjugado a central multimídia. Como uma fabricante que fez sua fama voltada a segurança faz algo que compromete seu grande mote?
Outro problema está nos comandos dos vidros. Eles ficam no centro do console central e são ruins de usar. Além disso, para usar o comando traseiro, é preciso apertar uma segunda tecla para operar pelos mesmos botões dos dianteiros. Quem senta atrás, precisa usar os comandos no centro do console.
Há também de pontuar a irritante seta. Assim como o GWM Ora 03, ela não funciona da maneira tradicional, voltando sempre ao centro. O que causa confusão constante ao tentar desfazer a seta. Como o painel de instrumentos é na central e o barulho da seta é baixo, várias pessoas durante o test-drive largaram o EX30 dando seta atoa.
Compacto para quem vê e para quem anda
Espaço interno também não é o forte do Volvo EX30, ao menos na traseira. Quem senta lá, tem pouca área para a cabeça, enquanto as pernas ficam apertadas. Ele segue uma escolha bem europeia de carros compactos, feitos para duas pessoas e eventuais caronas.
Seu porta-malas carrega 318 litros, o que está mais perto de um hatch compacto do que um SUV médio como os rivais Jeep Compass e Toyota Corolla Cross, os quais a Volvo elencou. Ao menos a tampa tem abertura elétrica.
Por outro lado, ele tem muitos porta-objetos. O das portas é enorme, assim como o console central com espaço até para uma gaveta. Na frente há um frunk, enquanto o porta-luvas centralizado (irritantemente aberto pela central multimídia) também é grande.
Por falar na central, diferentemente de outros modelos da Volvo, ela é lotada de submenus e um pouco difícil de operar. A curva de aprendizado do sistema Android que a marca usa é bem maior do que de outros carros. Afinal, até o espelho retrovisor é regulado por ela.
Veredicto
De fato, o Volvo EX30 é uma excelente alternativa para quem hoje tem um Jeep Compass, um Toyota Corolla Cross ou outro SUV médio e quer dar o próximo passo para o segmento de luxo, mas sem gastar um tanto a mais.
Sua condução é divertida como um Polestar, o refinamento de rodagem e a tecnologia honram a Volvo, enquanto o visual mostra que a marca tem potencial para seguir fazendo belíssimos carros. Mas, seus poréns são muito pesados.
Ele é apertado por dentro, o acabamento é ruim para um Volvo e o excesso de minimalismo passou do ponto em que seria algo legal ou estaticamente bonito, para atrapalhar fortemente a vida do motorista. Central multimídia conjugada ao painel de instrumentos, comandos de vidro estilo Citroën C3 e até retrovisor arrumado pela central multimídia são itens imperdoáveis em um Volvo. Que pena.
Você teria um Volvo EX30? Conte nos comentários.
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