Na aviação comercial, ter o maior comprimento da fuselagem não significa necessariamente oferecer mais espaço para as pernas e joelhos na classe econômica. Seja um Boeing 777-300ER, um Airbus A350-900, ou o A380-800, tudo depende da configuração interna de cada companhia aérea. Mas essa analogia se aplica ao Volkswagen Taos?
Lançado em 2021, o Volkswagen Taos é contemporâneo do Toyota Corolla Cross e disputa a preferência dos consumidores ao lado do Jeep Compass e do GWM Haval H6. O utilitário esportivo médio da Volkswagen oferece duas versões: Comfortline 250 TSI (a partir de R$ 186.990) e Highline 250 TSI (inicialmente R$ 210.990), ambas equipadas com o motor 1.4 turbo acoplado a um câmbio automático de seis marchas.
Embora mais em conta, o preço da versão topo de linha Taos Highline 250 TSI fica praticamente na faixa do Jeep Compass Limited T270 (R$ 216.990), do Corolla Cross XRX Hybrid (R$ 213.010) e do GWM Haval H6 HEV2 (R$ 214.000).
Sem firulas
Esse lema é seguido à risca no design retilíneo, sem formas ou ombros pronunciados, a exemplo do estilo do Jeep Compass. Podemos até comparar a escola de design do Taos com a do Corolla Cross. Afinal, eles podem não ser emocionantes aos olhos, mas cumprem, sem firulas, o que se comprometem a fazer.
O Volks é montado sobre a plataforma modular MQB, oferecendo 4,46 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,62 m de altura e bons 2,68 m de entre-eixos, mas um degrau abaixo do GWM Haval H6. Essas dimensões se somam à capacidade volumétrica do porta-malas de 498 litros, enquanto são 410 no Jeep Compass, 440 no Corolla Cross e 560 litros no SUV da GWM.
Apesar da amplitude interna, a cabine do Volkswagen Taos (chamado de Tharu no mercado chinês) poderia ter um acabamento melhor. Não que ele seja desleixado com peças mal encaixadas ou rebarbas nos plásticos, mas faltou um toque de refinamento que elevaria a qualidade percebida dos materiais, fazendo você pensar: “Ah, estou vendo meu dinheiro valer a pena.”
Em algumas áreas do habitáculo, os plásticos não são sensíveis ao toque e a abundância de porções em preto brilhante não facilita a limpeza, exigindo cuidado para evitar riscos indesejados. Ao final de uma semana, essas áreas estavam repletas de digitais, mesmo com limpezas a cada dois dias.
O quadro de instrumentos 100% digital Active Info Display de 10,25” oferece uma visualização clara e descomplicada. A central multimídia tátil VW Play de 10,1” possui uma interface simples e Apple CarPlay/Android Auto sem fio.
Há algum tempo costumo dizer que não é preciso reinventar a roda nos carros. Assim como em alguns modelos da Mercedes-Benz, não vejo necessidade de incluir botões táteis no volante. Pode transmitir uma sensação tecnológica que impressiona inicialmente, mas ainda sou defensor dos comandos tradicionais e não táteis.
Apesar disso, o volante oferece uma ótima empunhadura, cooperando na experiência de condução junto da ergonomia beneficiada pelos comandos bem localizados à mão, o desenho dos bancos com boa densidade das espumas e as abas laterais pronunciadas que ajudam a segurar o corpo nas curvas contornadas mais rapidamente. Uma crítica está no comando dos faróis que remete ao Polo e ao Gol. Poxa, Volkswagen!
Quem viaja dispõem de bom espaço para as pernas e os joelhos por conta dos 2,68 m de entre-eixos e estão disponíveis as saídas de ar dedicadas e tomadas USB, apesar do túnel central elevado roubar a comodidade do quinto ocupante. Mesmo assim, o SUV da Volkswagen é um Jumbo para quem viaja na segunda fileira fazendo menção ao início desta avaliação.
Conectado ao Motorista
O Volkswagen Taos é um SUV conectado ao motorista. Sob o capô, o motor de quatro cilindros 1.4 turbo e injeção direta está ligado ao câmbio automático (AQ250), garantindo 150 cv e 25,5 kgfm, seja com gasolina ou etanol.
Pode não ser tão ágil quanto um Jeep Compass T270 (185 cv e 27,5 kgfm) ou os rivais com auxílio da eletrificação, mas o Volks acorda rapidamente ao menor toque no pedal do acelerador. Ele surge ao ultrapassar as 1.500 rpm e continua com força até 4.000 rpm, auxiliando tanto nas arrancadas quanto nas retomadas.
Esse desempenho é complementado pelo trabalho eficiente da caixa de seis marchas, que possibilita trocas sequenciais pelas borboletas atrás do volante ou na própria alavanca seletora de marchas. O turbolag (aquele atraso antes de o turbocompressor pegar para valer) é baixo, sendo superado rapidamente.
Estão disponíveis quatro modos de condução: Eco, Normal, Sport e Individual, que permitem configurar os parâmetros de acordo com as preferências do consumidor. No modo Eco, o SUV assume reações comedidas e passando as marchas em torno de 1.500 a 2.000 rpm, dependendo do estilo de condução.
No modo Normal, a direção fica ligeiramente mais firme e o comportamento mais responsivo. No modo Sport, o SUV se torna bem divertido de conduzir. A firmeza da direção muda pouco do Normal para o Sport, mas o pedal do acelerador fica mais responsivo e as marchas são passadas em giros mais altos. Para quem deseja uma dose extra de emoção ao volante, este é o modo ideal.
As suspensões mostram a típica calibração da Volkswagen, mais firmes em comparação com modelos de marcas norte-americanas. Isso possibilita ao Taos boas doses de dinâmica em curvas e uma baixa rolagem de carroceria deixando um gostinho de sedã ao volante. Mesmo assim, tudo tem seu preço.
A inclusão das rodas de 19” em substituição às de 18” o deixou um pouco mais duro ao passar por buracos e remendos no asfalto, exigindo atenção extra com os pneus de perfil 45 para evitar bolhas ou rasgos.
A parte positiva é o visual mais encorpado e a caixa de roda melhor preenchida com o novo conjunto, que deixa à mostra os discos de freios ventilados no eixo frontal e sólidos atrás. Além disso, o ângulo de entrada de 19º evita raspadas indesejadas.
Opcionais
Embora o Volkswagen Taos tenha ficado mais firme com as rodas de 19” de série, quem desejar a pintura em dois tons na carroceria ou o teto solar elétrico terá que desembolsar uma quantia extra.
O pacote Bi-Tone (R$ 8.210) inclui o teto solar panorâmico elétrico de série junto do teto e dos retrovisores pintados de preto, enquanto só o teto solar custa R$ 6.600.
Na minha opinião, vale mais a pena gastar um pouco a mais para ter um Taos completão e um estilo exterior diferente saindo por R$ 220.950 na tonalidade bege Mojawe e preto Mystic, igual ao carro das fotos.
Veredicto
O Volkswagen Taos é um SUV para aqueles consumidores que apreciam a engenharia alemã ou já estão dentro do universo da Volks, talvez sendo dono de um Virtus ou um T-Cross e desejando subir um degrau.
Ele completo é mais caro que um T-Cross Highline 2025 com tudo o que tem direito, incluindo o teto solar panorâmico e o pacote ADAS (assistentes de mudança de faixa, de estacionamento “Park Assist”, câmera multifunções e sensor de ponto cego com assistente de saída de vaga), elevando o valor para R$ 191.490.
Só que, por uma diferença de menos de R$ 30.000, compensa mais levar para casa um Taos Highline recheado tanto pelo espaço interno, o volume do porta-malas e o espaço do entre-eixos, pois a sua família irá agradecer! Mas, se você deseja entrar na era da eletrificação… aí é melhor partir para os modelos da Toyota e da GWM.
Ou esperar pelo facelift e a estreia da tecnologia híbrida flex agendada para o próximo ano seguindo as mudanças estéticas realizadas no seu irmão chinês Tharu.
O que você acha do Volkswagen Taos? Escreva nos comentários!