Ram Rampage Rebel diesel anda muito e bebe igual a um híbrido | Avaliação

Parece algo histórico, mas todas as vezes que a Stellantis trocou um motor de algum carro da plataforma Small Wide, a diferença foi absurda. O Renegade e Toro quando saíram do 1.8 aspirado e o Compass do 2.0 aspirado para o 1.3 turbo, mudaram da água para o vinho. E agora a história se repete com a Ram Rampage e seu novo motor diesel.

Adeus 2.0 MultiJet II, que era eficiente, mas já estava cansado, olá 2.2 Pratola Serra. A evolução parece até pequena, mas o resultado trouxe à Ram Rampage diesel o fôlego que faltava para andar perto da versão gasolina. Tanto que agora a Stellantis cobra o mesmíssimo preço para as duas motorizações.

Suavidade e entrega

O fôlego renovado trouxe 200 cv e 45,9 kgfm de torque para a Ram Rampage diesel. O resultado é que a caminhonete intermediária chega aos 100 km/h em 9,9 segundos. Antigamente eram 170 cv, 38,8 kgfm e 0 a 100 km/h que durava 12,9 segundos. Ou seja, melhorias em todos os lados.

Mas a vida não é feita somente de fichas técnicas. Algo que fez muito bem à Rampage diesel foi a remoção do delay de acelerador que o modelo 2.0 turbo diesel antes tinha. Era preciso esperar que a caminhonete pensasse no que queria fazer antes de sair andando de fato, algo que o novo motor não tem.

As acelerações são mais fortes e sem vacilos, o que faz lembrar bastante o comportamento de caminhonetes médias. O câmbio automático de nove marchas também está mais esperto, fazendo reduções mais rápidos, enquanto as trocas ascendentes são suaves e imperceptíveis.

O que mais chama atenção, contudo, é a suavidade do conjunto. A vibração típica de motores diesel não se faz presente. Até mesmo o ronco não é característico, tendo um som mais suave e encorpado. A rouquidão típica desse tipo de motor é que se faz presente em acelerações mais fortes, quando você lembra que está em um diesel.

Sentimento superior

Junto à suavidade do motor diesel está o rodar da Ram Rampage. Ela é uma caminhonete que foi bem construída e pensada para o conforto. Ainda que os pneus 235/65 R17 de uso misto façam muito barulho e entreguem uma certa aspereza de rodagem e leves vibrações em baixa, o restante do conjunto é sublime.

A Rampage transmite robustez, com uma suspensão que não é mole, nem firme demais, mas que aguenta buraqueira e lombadas passadas mais rápidas do que deveria sem ao menos reclamar. A carroceria é bem sólida e igualmente parruda. Já a direção é absolutamente leve em manobras, mas firme em velocidade mais alta.

Dinamicamente, lembra muito a Fiat Toro, da qual ela é diretamente derivada. Contudo, a Stellantis conseguiu fazer com que a Rampage passasse a sensação de ser um carro maior e mais parrudo, além de ter pegada bem parecida com as caminhonetes médias. Entretanto, sem o inconveniente pula-pula ou o tamanho desproporcional.

Na atualização de motor, os sistemas ADAS foram revisados, com menos intrusão de correção de volante no sistema de manutenção em faixa, além de entregar um piloto automático mais linear e bem ajustado.

Consumo de híbrido

No final das contas, o motor 2.2 turbo diesel entrega ou outro trunfo fenomenal: o consumo. Oficialmente, o INMETRO diz que ela faz 10,6 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada. Mas eles estão muito longe da realidade. Durante os testes, a Rampage marcou 16,5 km/l na cidade e 19 km/l na estrada. 

Sim, são números que parecem surreais para uma caminhonete intermediária com quase 2 toneladas de peso (1.951 kg nessa versão). Mas a Stellantis conseguiu entregar números reais muito melhores. Donos da Rampage com o novo motor alegam que já registraram 20 mm/l na estrada. Quem precisa de um híbrido com esse motor diesel?

Refinamento interno

Além da sensação de carro maior, a Ram Rampage tem um interior substancialmente mais luxuoso do que o da Fiat Toro para poder agradar. A parte superior do painel é toda revestida em material macio, enquanto as faixas intermediárias (do painel e portas), trazem uma sessão de couro.

O console central é bem alto e conta com porta-objetos junto ao carregador de celular por indução, além de descanso de braço central com uma área de armazenamento. A parte inferior do console é vazada e comporta as duas saídas USB para uso do Android Auto e do Apple CarPlay (que é sem fio, mas há quem prefira usar cabeado, como eu).

O problema desse compartimento é que ele é apertado e fica difícil de ser alcançado a depender da posição do banco. Aliás, vale ressaltar, o assento tem regulagem elétrica até para o passageiro quando você adiciona o Pack Elite de R$ 6 mil. O kit ainda traz sistema de som premium e luz ambiente.

Motorista e passageiro tem espaço adequado, mas como as portas são bem avançadas e o console central é volumoso, o interior da Rampage passa uma sensação incômoda de aperto. O que piora no banco traseiro. O encosto é reto demais, a coluna é perto da cabeça e há pouca área para as pernas. Não é um carro para levar muita gente.

Detalhes que diferenciam

Ao contrário da Fiat Toro, que usa uma tela vertical na central multimídia, a Ram Rampage adotou uma abordagem mais tradicional com uma tela horizontal. Mais achatada e larga que o padrão, ela torna as letras e menus do Android Auto e do Apple CarPlay um pouco pequenos, especialmente o teclado para digitar endereços no GPS.

A central, contudo, é fácil de mexer, tem layout elegante e tela com excelente brilho. O mesmo vale para o painel de instrumentos totalmente digital, que tem boa definição, mas a lentidão nas animações o faz parecer um tanto quanto travado. As duas telas tem brilho controlado por um dimmer perto do comando dos faróis.

Outro ponto diferente da Toro é a caçamba, que tem abertura como toda caminhonete tradicional. Além disso, a Ram finalmente percebeu a mancada e tornou a capota marítima um item de série. Ela já tem protetor e carrega 980 litros com até 1.015 kg.

Itens de série

Tirando os itens do Pack Elite de R$ 6 mil, as versões Rebel, Laramie e R/T da Ram Rampage tem a mesma lista de itens de série. Por isso, a versão de R$ 270.990 dotada de visual aventureiro se torna a melhor com custo-benefício. De série, todas menos a Big Horn contam com seis airbags, chave presencial e ar-condicionado digital de duas zonas.

A lista de equipamentos padrão também traz faróis full-LED com assistente de luz alta, piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, controle de tração e estabilidade, monitoramento de pressão dos pneus, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, carregador de celular por indução e alerta de tráfego cruzado.

Há ainda alerta de ponto cego, sistema de manutenção em faixa, banco elétrico para o motorista, frenagem autônoma de emergência, painel de instrumentos totalmente digital, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, retrovisor elétrico, sensor de chuva e partida remota.

Veredicto

Sem pensar em visual, a versão Rebel é a com melhor custo-benefício da Ram Rampage. Afinal, oferece os mesmos itens de série que as irmãs mais caras. O estilo aventureiro ainda traz um charme extra a ela. Adicione a isso o fato de que agora ela tem um motor diesel com excelente consumo e boa performance e terá a melhor versão da gama.

Ano passado disse que a Ram Rampage Rebel a gasolina era a melhor versão da prima chique da Fiat Toro. Mas isso era quando o antigo motor diesel não dava conta. Agora, com esse novo coração, vá nessa versão com esse motor que não há como errar.

Você teria qual versão da Ram Rampage? Conte nos comentários.

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