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Versão de entrada que tem tudo

No Peugeot 2008 Active, você não sente falta de nada | Avaliação

Versões de entrada, especialmente dos SUVs, tendem a ser até porcas de tantos equipamentos que faltam. Mas não é o caso do Peugeot 2008 Active

Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]
Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]

A diferença entre a ficha técnica e a realidade pode ser muito cruel. Existem vários carros cujas versões de entrada são baratas e bem equipadas, mas ao vê-los no mundo real, percebe-se que falta muita coisa. Achei que passaria por isso com o Peugeot 2008 Active, o SUV compacto escolhido para me fazer companhia nas férias e ano novo por um mês.

Afinal, já havia testado o 2008 GT topo de linha e visto que muita coisa daquela versão é um atrativo gigantesco. Teto solar, por exemplo, além do painel 3D e chave presencial são itens que valorizam a versão topo de linha do SUV compacto. Mas a surpresa foi ver que o Active de R$ 143.990, mas vendido a R$ 128.490 é muito mais completo do que parece.

Pena que a Peugeot deixou de oferecer o preço promocional de lançamento de R$ 119.990 por ele. Se fosse mantido, seria imbatível no custo-benefício dentro do segmento de SUVs compactos – título o qual, por conta do aumento do 2008, voltou ao Jeep Renegade Sem Nome

Peugeot 2008 Active [Auto+/João Brigato]

Sensação de que não falta

No primeiro contato com o Peugeot 2008 Active, fui surpreendido pela presença de volante revestido em couro. Em geral, as versões de entrada dos SUVs compactos abdicam desse item para economizar dinheiro, assim como tiram alguns itens de acabamento interno, algo que a Stellantis não fez. 

O painel de instrumentos é totalmente digital, com layout idêntico à versão topo de linha, menos o efeito 3D. Foi outra grata surpresa, porque esperava pelo simplório e confuso painel analógico usado no 208. No mote de colocar o SUV compacto acima, a Peugeot manteve acabamento interno com elementos preto piano e metais os quais o 208 de entrada perde.

Peugeot 2008 Active [Auto+/João Brigato]

O tecido dos bancos é de qualidade, tendo alguns detalhes em couro, assim como o apoio de braço central. É preciso também falar da qualidade dos assentos, como eles abraçam o motorista e dão uma sensação de pilotagem de um carro esportivo, algo ainda mais aflorado por conta do volante pequeno de base reta.

Em relação ao 208, o 2008 (mesmo na versão Active) traz comando físico para o volume do rádio, atalho para o ar-condicionado, console central mais alto com freio de estacionamento eletrônico e luzes do teto com ativação sensível ao toque. Junte isso ao acabamento muito bem feito – ainda que totalmente de plástico – e terá a sensação de um carro mais sofisticado.

Ainda que a central multimídia irrite por ter os comandos do ar-condicionado conjugados a ela, o funcionamento é muito bom. Conta com Android Auto e Apple CarPlay sem fio com conexão rápida e estável. A tela é de excelente qualidade, intuitiva de usar e rápida. É um pouco estranha por ser achatada, mas o uso é tranquilo.

Por falar em itens de série

Mesmo sendo uma versão de entrada que antes era vendida por R$ 119.990 e agora custa R$ 139.990, o Peugeot 2008 Active é muito bem equipado. De série, o SUV compacto traz ar-condicionado digital de uma zona, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, sensor de ré, câmera de ré com definição horrível e retrovisor elétrico.

Peugeot 2008 Active [Auto+/João Brigato]

Há ainda direção elétrica com ajuste de altura e profundidade, painel de instrumentos totalmente digital, sensor de chuva, farol full-LED com acendimento automático, rodas de liga-leve de 17 polegadas, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, banco com ajuste de altura, piloto automático, quatro airbags e assistente de partida em rampa.

Por fim, o Peugeot 2008 Active traz como itens de série controle de tração e estabilidade, alarme, limitador de velocidade, chave canivete, lanternas traseiras de LED, freio de estacionamento eletrônico e garantia total de três anos. Apenas a cor Preto Perla Negra não é cobrada. Já os tons Azul Quasar, Cinza Artense e Branco Nacré adicionam R$ 2.000.

Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]

Espaço não é o forte do Peugeot 2008

Companheiro de uma viagem ao litoral com 7 horas de volante, o Peugeot 2008 foi apenas suficiente para quatro passageiros. Ele não é referência em espaço interno na categoria, muito pelo contrário. Ainda que seja mais espaçoso que os modelos menores como Fiat Pulse e Fastback, Renault Kardian e VW Nivus, ele está longe de Hyundai Creta e Honda HR-V.

Um quinto passageiro dentro do Peugeot é impossível, sendo que deve haver negociação entre os passageiros quanto a posição do banco. Um motorista alto não pode contar com um passageiro igualmente alto no banco traseiro, sendo necessário que o carona ceda um pouco do já apertado espaço – visto que o piso no lado direito é estranhamente elevado.

Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]

O porta-malas do Peugeot 2008 leva 419 litros, o que é suficiente para uma viagem de uma semana para quatro pessoas – desde que as malas não excedam o tamanho de uma bagagem interna de avião. A boca do porta-malas é bem grande, com o piso rente ao final da abertura, o que ajuda muito na colocação e retirada de objetos.

Peugeot 2008 Active [Foto:Auto+/João Brigato]

Quando o casamento de motor e câmbio é perfeito

Recentemente avaliei por aqui o Fiat Fastback “híbrido” que usa o mesmo motor 1.0 três cilindros turbo com câmbio CVT que o Peugeot 2008 traz. A diferença é um auxílio elétrico que não faz diferença alguma na prática. Contudo, o conjunto mecânico brilha de verdade no Peugeot por conta da plataforma modular CMP. 

Que base bem nascida e totalmente comparável à MQB da Volkswagen. É nítido como o conjunto mecânico que nasceu Fiat casou melhor com a base Peugeot do que com a própria plataforma da marca italiana. Enquanto o Fastback parece esquisito para andar, o 2008 é redondo e prazeroso.

Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]

Os 130 cv e 20,4 kgfm de torque estão dispostos o tempo todo, quer seja carregado de gente e bagagem, ou rodando sozinho. Há uma nítida vivacidade no conjunto que casou perfeitamente com o câmbio CVT. Já cansei de dizer que não sou fã da transmissão continuamente variável, mas a Stellantis (e a Renault) me fez engolir a seco essa transmissão.

Isso porque não há o que reclamar do comportamento do câmbio. Ele faz simulação de marchas quando é necessário, trabalha com rotação baixa para economizar combustível. Mas, ao menor sinal de pé mais pesado no acelerador, o 2008 acorda e dispara. Velocidades altas com ele na estrada, não são difíceis de serem atingidas.

Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]

Claro que ainda estamos falando de um carro 1.0 turbo, então não espere desempenho igual aos modelos maiores. Só que, assim como não há falta de equipamentos na versão de entrada, não há falta de performance. E o consumo ainda é bom: 8,6 km/l com etanol na cidade e 9,8 km/l na estrada, em números oficiais – idênticos ao do Fastback falso híbrido.

Entretanto, na vida real, ao contrário do primo Fiat, o Peugeot 2008 consegue números de consumo melhores. Mesmo carregado, o SUV compacto atingiu 10,8 km/l na estrada com etanol. Já na cidade, marcou média de 8,5 km/l. Na gasolina, oficialmente são 12,3 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada – na vida real, ele fez 12 km/l e 14,5 km/l, respectivamente.

Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]

Tocada esportivada

Como anteriormente mencionado, a plataforma é parte da boa dirigibilidade do Peugeot 2008. Ele é nitidamente voltado ao uso em asfalto e com tocada esportiva. Por isso, não tem a mesma robustez do Fiat Pulse e do Fastback para passar em buracos, mas é mais prazeroso ao volante. 

Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]

Ele se comporta como um hatch, contornando curvas com ímpeto inegável e uma firmeza digna de esportivo. Não é fácil desgarrar o Peugeot nas curvas, enquanto o volante pequeno instiga a uma tocada mais animada. Destaque ainda vai para a assistência da direção, que é muito leve (mas não molenga) em baixa velocidade e fica bem pesada em alta.

A posição de dirigir é bem mais baixa do que a de um SUV típico e requer costume. Afinal, você enxerga o painel de instrumentos digital por cima do volante. Há quem deteste, mas eu sou do grupo dos que amam esse tipo de condução. O que causa sempre um estranhamento ao voltar a um carro de outra marca.

Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]

Veredicto

Nunca uma versão de entrada de um SUV compacto teve tantos equipamentos quanto o Peugeot 2008 Active. Fica claro que a Stellantis quer posicionar a marca do leão no mesmo patamar da Jeep, ou seja, acima das marcas generalistas, mas não no segmento premium. Visual, acabamento e equipamentos para isso ele entrega.

É claro que o custo-benefício era absurdo quando ele custava R$ 119.990. Agora por R$ 128.490 ainda é um ótimo valor, especialmente quando comparado a rivais que, para ter o que ele têm, cobram mais de R$ 150 mil. Agora a Peugeot tem o produto certeiro para vencer o preconceito que há décadas carrega em seu porta-malas, porque o 2008 é muito bom.

Peugeot 2008 Active [Foto: Auto+/João Brigato]

Você teria um Peugeot 2008? Qual versão você levaria para casa? Conte nos comentários.