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Já faz um bom tempo que os carros da Mini deixaram de ser verdadeiramente mini. Em especial o SUV Countryman. Modelo que, para os padrões da marca, se tornou um verdadeiro ônibus. Afinal, nasceu com porte de Volkswagen Polo e hoje é do mesmo tamanho de um Jeep Compass. Por isso, surgiu o Mini Aceman.
Para o público que achou que o Countryman ficou grande demais, mas precisa de algo maior que o Cooper, a BMW surgiu com esse novo SUV subcompacto totalmente elétrico. A base é de GWM Ora 03, assim como a do Mini Cooper elétrico. Mas isso significa que ele tenha se transformado em um Great Wall para dirigir? Não, definitivamente.
Go-Kart Feeling
A Mini sempre colocou como prioridade máxima em seus carros a boa dirigibilidade. Isso, claro, segue no Aceman – mesmo usando um carro chinês como base. Ele é muito ágil e rápido, especialmente porque tem as rodas nas extremidades. São 184 cv e 29,6 kgfm de torque na versão E, enquanto a SE entrega 218 cv e 33,7 kgfm.
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Apesar de mostrar o modelo topo de linha, pudemos dirigir apenas o de entrada. Com 0 a 100 km/h em 7,6 segundos, ele não deixa a desejar em termos de performance. Acelera rápido e retoma com uma facilidade ímpar. O mais interessante é que tudo nele é apimentado. Por isso, cuidado porque a autonomia é curta (253 km no E, 270 km no SE).
A direção é pesada e reage a movimentos curtos do motorista, mostrando que a marca nunca deixa de fazer carros com jeito de esportivo. Mas, o que mais chamou atenção foi a suspensão. O Mini Aceman não é duro igual a uma pedra como acontece com o Cooper, mas ele copia cada mínima mudança de relevo do solo.
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Ou seja, se você atropelar uma joaninha, vai conseguir saber se ela tem bolinhas ou não. O SUV subcompacto chacoalha a cada parte do asfalto que seja um pouco mais saliente, mas não devolve esse feedback com pancadas na sua coluna. Foi um acerto interessante feito pela BMW para trazer esportividade sem encher o saco.
Um Mini não é assim
Enquanto a dirigibilidade segue intacta, o Mini Aceman decepciona no interior. A marca sempre ficou um degrau abaixo dos BMW, entregando acabamento refinado e a sensação de um carro de luxo, ainda que nitidamente inferior aos primos bávaros. Como é uma empresa mais jovial, a Mini sempre teve um apelo mais divertido, mas refinado.
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Esteticamente falando, o interior ficou muito legal. A central multimídia e o painel de instrumentos são parte de uma mesma tela redonda no meio do painel – elemento que evoca o velocímetro central do Mini Cooper original. A tela é excelente, fácil de mexer e visualmente muito bonita.
Os elementos coloridos e o jogo de luzes no tecido, presentes na versão SE, trazem um charme extra. Só que, a qualidade decepciona. Não há nenhuma superfície macia ao toque: tudo é plástico duro, mesmo onde há tecido. O revestimento das portas e do painel, inclusive, é extremamente áspero e chegou a machucar meu cotovelo depois de duas horas com ele apoiado na porta do passageiro.
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No console central, há muita área para itens, mas fica tudo vazio demais. Além disso, só o motorista tem apoio de braço, feito por uma peça igual a de uma cadeira de sala de espera consultório. Os bancos, contudo, trazer um revestimento de couro de ótima qualidade que expõe como o restante da cabine está aquém dos padrões da Mini.
O espaço interno é surpreendentemente bom para um carro desse porte. Um passageiro alto consegue sentar atrás de um motorista do mesmo porte, mesmo que fique no limite. O teto panorâmico ajuda na sensação de amplitude interna, mas só o Aceman SE tem. Já o porta-malas de 300 litros tem a mesma capacidade de vários hatches compactos.
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Será que compensa?
Entre a versão E e a SE há uma diferença de R$ 50 mil. Afinal, o de entrada sai por R$ 254.990 e o topo de linha vai a R$ 304.990. Além do valor extra e da potência e torque ampliados, a autonomia cresce, o 0 a 100 km/h diminui em meio segundo e a velocidade máxima é 10 km/h a mais, totalizando 180 km/h.
Além disso, o Mini Aceman SE traz sistema de som Harman Kardon, teto solar panorâmico, bancos esportivos, Mini Experience Modes (seletor de modo de condução com temas extras para o painel de instrumentos), piloto automático adaptativo, estacionamento autônomo com diversas funções diferentes e o extremamente necessário head-up display.
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De série, todo Mini Aceman conta com chave presencial, bancos dianteiros com regulagem elétrica, faróis full-LED com acendimento automático, seis airbags, frenagem autônoma de emergência, retrovisores elétricos, rodas de liga-leve, painel de instrumentos digital e ar-condicionado digital de duas zonas.
O Aceman E tem três opções de cores de teto (preto, branco e na cor da carroceria), além de sete para a carroceria. Já o SE conta com três cores de carroceria a mais e a opção de teto com pintura azul multitom, além das três outras presentes.
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Veredicto
O Mini Aceman é divertidíssimo para dirigir, assim como seus irmãos Cooper e Countryman. É um Mini completo em sua essência, até mesmo no visual que começa a fugir das linhas clássicas de Alec Issigonis. Só que, com o preço que tem, não deveria ter um acabamento tão simples.
Ele é parte de uma grife de luxo, tem um nome a zelar a uma expectativa criada ao longo de quatro gerações do Cooper e três do Countryman. A cabine é divertida em termos visuais, mas merecia um carinho maior e que a BMW sabe fazer. Por esse preço, se você quer somente um SUV elétrico, existem carros com mais autonomia e mais refinamento. Mas que não chegam nem perto da diversão ao volante do Aceman.
Você teria um Mini Aceman? Conte nos comentários.