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Em um passado não muito distante, a Kia povoava as ruas do Brasil com Cerato, Picanto e Sportage. O trio tinha preço abaixo da média, qualidade dentro do que se esperava e até eram figurinhas carimbadas na novela das 21h. Só que agora a situação é outra, ao mesmo tempo que a operação enxugou, a marca agora tem carros muito melhores do que antes.
Esse é o caso do Kia Sportage. Um SUV médio que já foi muito comum nas ruas brasileiras, mas que agora se tornou uma raridade e há motivos para isso. Ao mesmo tempo que é uma pena, visto o nível que esse carro chegou. Mas o que o Sportage tem para o tornar tão bom e, ao mesmo tempo, tão erradamente precificado.
O pessoal da BMW
Não é de hoje que parte da engenharia da Hyundai e da Kia é tocada por várias pessoas que trabalharam na BMW. A marca alemã sempre foi muito conhecida por fazer carros verdadeiramente gostosos de dirigir. Mas parece que esses ensinamentos foram mais absorvidos pela fabricante do Sportage do que pela do HB20.
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Toda vez que dirijo um Kia me surpreendo como a marca verdadeiramente pensa em quem está atrás do volante em vários aspectos. São carros verdadeiramente engajantes de pilotar, o que surpreendeu muito no Sportage. O modelo tem dinâmica de hatch, com suspensão mais firme e direção rápida e com calibragem voltada a esportividade.
O chassi do Sportage é bem acertado, garantindo uma tocada mais dinâmica de hatch médio, ao mesmo tempo em que a suspensão segura bem a carroceria nas curvas. Um Sportage GT seria muito bem vindo e sua tocada faz parecer bastante os tempos em que o Volkswagen Tiguan era um SUV voltado a tocada esportiva, não conforto.

Alto lá
Parte dessa sensação de esportividade também é mérito do motor 1.6 quatro cilindros turbo semi-híbrido. Ao contrário do que sugere o logotipo Hybrid na traseira, esse SUV não é híbrido de verdade. Na realidade, ele tem sistema MHEV, ou híbrido leve, no qual um motor elétrico pequeno substitui o alternador e o motor de partida, mas não move o carro.
A ideia é reduzir consumo e aliviar o esforço do 1.6 turbo, mas isso não acontece tanto assim na prática. Durante nossos testes, o Kia Sportage manteve média de 9,9 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada, subindo a 11,5 km/l no modo Eco por conta da desativação do motor com a função velejar. Oficialmente, ele deveria fazer 11,5 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada.

Mas esqueça de consumo, para isso compre um BYD Song Pro ou um GWM Haval H6. No caso do Kia Sportage, a entrega de uma boa dirigibilidade é o que verdadeiramente conta – algo que os rivais não conseguem nem chegar perto. São 180 cv e 27 kgfm de torque bem entregues pelo 1.6 turbo.
Ele é pareado a uma transmissão automatizada de dupla embreagem com sete marchas que tem bom funcionamento, mas alguns pecados. Na hora de fazer uma retomada, o câmbio é bem rápido, respondendo com reduções de marcha instantânea. Além disso, ele faz trocas suaves, ainda que demoradas.

O problema fica na hora de sair em uma inclinação ou subida. Vez ou outra, o Kia Sportage esquece que tem assistente de partida em rampa e vai para trás. Isso aconteceu em diversas situações ao longo da semana de testes com o SUV médio. Fora isso, todo sistema trabalha em silêncio absoluto, como se fosse um carro premium de verdade.
Falando em premium
Não somente o isolamento acústico do Kia Sportage te passa uma sensação de carro premium, a cabine segue por esse mote. Algo que se faz justificável ao ver que a Kia quer cobrar R$ 274.990 por ele, o posicionando bem acima de Jeep Compass, BYD Song Plus, GWM Haval H6 e outros modelos da categoria.

O painel e as portas contam com revestimento macio de couro na parte superior. Couro também é usado nas laterais de portas, console central e nos bancos, que ainda trazem alcantara em pontos de contraste. O volante traz couro de qualidade de marca premium, tendo toque aveludado e costuras muito bem feitas.
Sim, há plástico nas portas e no console, mas sempre bem feito e bem encaixado. À frente do motorista está uma tela de 12,3 polegadas para o painel de instrumentos totalmente digital, enquanto a central multimídia, também de 12,3 polegadas, é levemente curvada para o piloto.

Vale destaque para o sistema de câmeras de ponto cego que projetam imagens no painel mostrando o que há do lado direito ou esquerdo, conforme a seta é dada (como no Hyundai Creta). Além disso, a central conta com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, sendo muito fácil de usar.
Logo abaixo delas, o Sportage conta com uma faixa touch onde ficam também os rotores que funcionam como comandos para o ar-condicionado ou para controle do rádio, dependendo da função escolhida. É algo extremamente prático, elegante e bem pensado. A Kia, inclusive, colocou vários botões grandes e fáceis de serem alcançados no console.

Nitidamente a marca sul-coreana pensa que o motorista vai dirigir o Sportage o tempo todo e precisa ficar atento à estrada. Ao contrário de várias montadoras que colocam tudo na central multimídia ou em comandos touch extremamente complicados e que roubam a atenção. Tudo no Sportage é fácil de operar.
Pensando nas famílias
Um ponto interessante sobre o Kia Sportage é que, mesmo sendo um carro nitidamente voltado para que o motorista curta a experiência ao volante, ele também cuida de quem senta atrás. O espaço é bem vasto, tanto para os joelhos, quanto para as pernas. O teto solar panorâmico, item de série, ajuda nessa sensação.



Na lateral dos bancos traseiros há entradas USB do tipo C para facilitar o carregamento de celulares. Além disso, o encosto conta com um suporte para celular ou tablets, que permite que crianças sigam entretidas durante uma viagem. O suporte é emborrachado e garante que o aparelho ficará lá mesmo em uma curva forte.
O porta-malas leva 562 litros e tem abertura elétrica. Ele conta com nichos na lateral e um fundo com divisórias para levar outros objetos. Além disso, é possível abrir o porta-malas automaticamente ao permanecer por cinco segundos com a chave no bolso atrás da tampa. Após alguns bipes, a tampa abre sozinha, algo muito prático no dia-a-dia.
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Preço do prestígio
Como agora é vendido somente na versão topo de linha EX Prestige de R$ 274.990, o Kia Sportage vem lotado de itens de série. O SUV conta com ar-condicionado digital de duas zonas, chave presencial, teto solar panorâmico, bancos revestidos em couro com aquecimento e resfriamento na dianteira, além de ajuste elétrico.
Há ainda faróis e lanternas full-LED, sensor de chuva e farol, piloto automático adaptativo, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, carregador de celular por indução, rodas de liga-leve de 19 polegadas, alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo, alerta de saída segura e de tráfego cruzado.
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Há ainda alerta de ponto cego, sistema de câmeras 360°, seis airbags, controle de tração e estabilidade, sistema de manutenção em faixa, freio de estacionamento eletrônico, retrovisores com rebatimento automático, sistema start-stop e partida remota.
Veredicto
Pensando como um SUV médio urbano, o Kia Sportage é certamente um dos melhores que temos hoje no mercado brasileiro. Tem visual exótico e diferente, interior verdadeiramente refinado que briga com marcas de luxo e é um tesão para andar, além de bem equipado e espaçoso por dentro.
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Mas pagar R$ 274.990 em um carro que não é híbrido tendo modelos com porte mais generoso e motorização capaz de fazer 1.000 km com um tanque custando R$ 50 mil a menos coloca o Kia em um território muito perigoso. Se prazer ao dirigir é seu foco, abrace ele sem medo. Se só quer um SUV médio bom, há carros tão bons quanto por menos.
Você teria um Kia Sportage? Conte nos comentários.