Pau para toda a obra!

Jeep Wrangler no off-road, sobe até parede | Avaliação

O Jeep Wrangler Rubicon encara o off-road sem medo e oferece boas doses de conforto, tanto no asfalto quanto fora dele

Jeep Wrangler Rubicon azul parado de frente com árvore e portão branco ao fundo
Jeep Wrangler Rubicon [Auto+ / Rafael Pocci Dea]

O que Jurassic Park, MacGyver e Os Simpsons têm em comum? Todas essas produções, assim como muitas outras, trazem o Jeep Wrangler. Um ícone da indústria automotiva, o Wrangler é herdeiro de um legado que deu origem ao termo “jipe” e possui raízes na Segunda Guerra Mundial (1 de setembro de 1939 a 2 de setembro de 1945).



Na época do grande conflito, a Willys-Overland forneceu às tropas norte-americanas um veículo robusto e capaz de enfrentar qualquer tipo de terreno. A origem do nome “Jeep” tem três teorias, sendo uma das mais famosas a junção das letras “G” e “P”, de “General Purpose” (Proposta Geral, em tradução livre do inglês), que identificavam esses veículos na batalha que resultou na vitória dos Aliados (Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra e França).

Muito do modelo clássico é preservado no Wrangler, incluindo a robustez adquirida pela construção de carroceria sobre chassi, tração nas quatro rodas, formas quadradas com para-lamas saltados e a posição de dirigir alta. Os clássicos não desaparecem, eles apenas evoluem.

O Jeep Wrangler foi apresentado mundialmente no Salão de Chicago de 1986, como modelo 1987, e a carroceria YJ deu continuidade ao legado do icônico Willys MB de 1941. No Brasil, conhecido como Jeep Willys, ele começou a ser produzido em 1957 (modelos CJ-3B e CJ-5), enquanto a Rural Willys foi lançada em 1958. A produção do Jeep Willys encerrou em 1983.

Jeep Wrangler Rubicon 2025 [Auto+ / Rafael Pocci Dea]

A geração YJ do Wrangler permaneceu em linha até 1995, quando foi substituída pela TJ (1997-2006), JK (2007-2017) e esta atual JL a partir de 2018. No mercado brasileiro, ele já é um velho conhecido. Em 2008, a versão Wrangler Sport com duas portas custava R$ 104.900.

Muita água passou por debaixo dessa ponte e, atualmente, a versão Rubicon 4×4 oferece sete cores sem custos adicionais e custa R$ 499.990 (mesmo valor da caminhonete Gladiator). Portanto, fica ao gosto do comprador escolher a carroceria e decidir se precisa ou não de uma caçamba para aumentar a versatilidade nos passeios off-road.

Jeep Wrangler azul com a inscrição Rubicon no capô
Jeep Wrangler Rubicon 2025 [Auto+ / Rafael Pocci Dea]

Do uso militar para as ruas

Assim como o Willys passou do uso militar para ganhar uma versão civil, outro modelo off-road também foi inicialmente pensado para os soldados: o Mercedes-Benz Classe G, que nasceu em 1979 por sugestão do rei do Irã, Mohammad Rezā Shāh.

Separados por algumas centenas de milhares de reais, o Jeep Wrangler compartilha algumas nuances com o Mercedes-AMG G 63. Ambos têm posição de dirigir elevada, painel recuado e estepe pendurado na traseira, características que requerem atenção extra nas manobras ou balizas para evitar colisões.

Jeep Wrangler Rubicon 2025 [Auto+ / Rafael Pocci Dea]

Mantendo as características que fazem do Wrangler o Wrangler, a carroceria exibe uma grade frontal redesenhada e mede 4,78 m de comprimento, 1,89 m de largura, 1,53 m de altura e 3 m de entre-eixos.

Outra característica desta geração JL são os faróis redondos Full LED, que adicionam a conhecida personalidade marcante. Quando os faróis mudaram para quadrados na geração YJ (modelo utilizado em Jurassic Park de 1993), houve muitas críticas, assim como os puristas torceram o nariz quando o Porsche 911 996 abdicou dos clássicos conjuntos ópticos circulares.

Jeep Wrangler Rubicon 2025 [Auto+ / Rafael Pocci Dea]

Na frente, o espaço é apertado tanto para o motorista quanto para o passageiro, mas o mesmo não pode ser dito do espaço para quem viaja atrás, com uma boa área para as pernas e joelhos.

Todos os comandos estão localizados na porção central do painel, seguindo a forma e a função. Os comandos dos vidros também estão lá, afinal, o Wrangler é um grande Lego, permitindo dirigir sem o teto, as quatro portas e o para-brisa rebatido, o que amplia a sensação de liberdade. O console central reúne a alavanca seletora da transmissão automática de oito marchas, a de tração e as funções que ajudam a salvar a pele no off-road.

O interior do Jeep Wrangler 2025 oferece um novo multimídia
Jeep Wrangler Rubicon 2025 [Auto+ / Rafael Pocci Dea]

Para o Alto e Além no asfalto e no off-road!

O Jeep Wrangler é rapidamente vestido, com o banco do motorista eletricamente ajustável. À frente dos olhos está o quadro de instrumentos com tela de sete polegadas, e uma novidade é a introdução da nova multimídia de 12,3” horizontal, com Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Antigamente, a tela era quadrada.

A posição de dirigir é ligeiramente desalinhada, as suspensões balançam a carroceria e a caixa de direção com assistência eletro-hidráulica é um pouco lenta nas reações, mas esterçam muito bem, proporcionando um raio de giro de 10,5 m. De batente a batente, são necessárias três voltas no volante.

Com mais de duas toneladas (2.051 kg), o Wrangler não decepciona quando provocado, graças ao motor de quatro cilindros em linha 2.0 turbo Hurricane T4 em trabalho conjunto com o câmbio automático de oito marchas. Segundo os números declarados pela Jeep, o Wrangler precisa de 7,6 segundos para chegar aos 100 km/h, e a velocidade máxima é de 156 km/h.

De acordo com o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o Wrangler crava faz 7,5 km/l (cidade) e 8,2 km/l (estrada) bebendo gasolina. Durante nossa convivência chegamos a cravar médias melhores de 8,5 km/l (sem trânsito na cidade) e acima de 10 km/l no trajetos rodoviários trafegando a constantes 100 km/h. Já no off-road as médias foram de 5,7 km/l.

Jeep Wrangler Rubicon 2025 [Auto+ / Rafael Pocci Dea]

Condução ímpar no asfalto e no off-road

Dirigir o Wrangler é uma experiência única. As reações são diferentes em relação aos carros normais, mas semelhante a um Suzuki Jimny Sierra ou ao finado Troller T4. Inicialmente, isso pode assustar os menos acostumados, mas em poucos metros é possível estabelecer uma relação de amizade com o Wrangler.

Ao volante, ele responde rapidamente a partir das 1.300/1.500 rpm e avança com disposição. As oito marchas são trocadas suavemente e não há muito turbolag (atraso antes de o turbocompressor pegar para valer), ajudando tanto nas ultrapassagens quanto a vencer as adversidades da trilha.

Jeep Wrangler Rubicon 2025 [Divulgação]

No asfalto, apesar do desempenho quadrado da carroceria, não se percebe zonas de turbilhonamento de vento, embora haja um ligeiro ruído dos pneus de medidas 245/75 R17. Nada que incomode, aliás, no Wrangler isso ajuda a compor a condução sui generis.

Da mesma forma que arranca com disposição, na hora de parar os freios com discos ventilados de 330 mm de diâmetro no eixo frontal e sólidos de 342 mm atrás são eficientes. Nas frenagens mais fortes, é possível sentir ligeiramente a transferência de carga entre os eixos.

Jeep Wrangler Rubicon [Auto+ / Rafael Pocci Dea]

Mesmo permitindo a retirada da capota e das portas, assim como o rebatimento do para-brisa, o isolamento acústico é bom, deixando os ruídos indesejados do lado de fora. Não é necessário elevar o tom de voz para manter uma conversa, e é possível curtir músicas graças ao sistema de áudio assinado pela Alpine com nove alto-falantes e subwoofer (falante de graves).

No off-road, te leva a lugares que nenhum carro comum vai!

Enquanto muitos carros se orgulham de ter suspensões independentes na dianteira e na traseira, o Wrangler emprega eixos Dana 44 para superar sem dificuldades as adversidades do fora de estrada, sem descuidar da maciez de rodagem, seja na cidade ou fora do asfalto.

A forma como o conjunto absorve as pancadas é impressionante, proporcionando conforto que, em certas situações, é melhor do que em carros de passeio, além de não se incomodar com lombadas, valetas e irregularidades do asfalto. Além disso, o porta-malas acomoda 548 litros.

No fora de estrada, o torque é fundamental, e os 40,8 kgfm (no V6 3.6 do Gladiator Rubicon são 35,4 kgfm) possibilitam superar qualquer obstáculo. O Wrangler possui ângulos de entrada de 41,4º, de saída de 36,1º e uma altura em relação ao solo de 26,8 cm, permitindo atravessar áreas alagadas com até 76 cm de profundidade.

Além disso, o Wrangler oferece uma série de recursos para vencer o fora de estrada. Há ganchos de reboque na dianteira e na traseira, enquanto a tração 4×4 Rock-Trac possui um Crawl Ratio de 77:1, com relação reduzida de 4:1 e bloqueio dos diferenciais Tru-Lok.

Ao pressionar a tecla Sway Bar, é possível desconectar a barra estabilizadora, permitindo que as redondas entrem mais na caixa de roda, ajudando a transpor obstáculos. A função Off-Road+ permite bloquear todas as rodas, fazendo-as tracionar juntas. E a tração é selecionado pela alavanca com os modos 4×2, 4×4 Auto, 4×4 Part Time e 4×4 Low.

O Wrangler também possui o prático Hill Descent Control (controlador automático de descida) ajudando na vida do condutor, assim como também oferece segurança com o aviso de colisão frontal com frenagem de emergência, comutação automática dos faróis, monitoramento de pontos cegos, controlador de velocidade adaptativo e câmeras dianteira/ traseira.

Jeep Wrangler Rubicon 2025 [Divulgação]

Veredicto

O Jeep Wrangler continua o legado iniciado décadas atrás e, como um bom vinho, só melhora com o tempo. Um dos carros mais icônicos da indústria, ele oferece uma dirigibilidade única e o charme de dirigir sem o teto, as portas e com o para-brisa rebatido. Por R$ 499.990, é um automóvel para quem busca algo fora do comum.

Da mesma forma que é capaz de vencer obstáculos na cidade e de levar você a lugares de difícil acesso. Pelo mesmo preço da caminhonete Gladiator, a escolha entre os dois depende do gosto pessoal ou da necessidade de ter a versatilidade da caçamba nas viagens de fim de semana. No fringir dos ovos é um tanque de guerra pensado para o uso civil e atemporal!

Jeep Wrangler Rubicon 2025 [Auto+ / Rafael Pocci Dea]

Se tivesse que escolher, você optaria pelo Wrangler ou pela Gladiator? Escreva sua opinião nos comentários!