
O Jeep Commander é um grande orgulho para a Stellantis do Brasil. Afinal, foi o primeiro projeto da marca norte-americana desenvolvido no nosso país e pensado para um segmento que ainda vai crescer muito nos próximos anos. Hoje quem domina é o CAOA Chery Tiggo 8, mas a Jeep quer a liderança.
Para isso, partiu de um projeto muito bem consagrado, o Compass, criando um irmão maior, mais refinado e dinamicamente totalmente diferente dele. Chamar de Grand Compass é maldade, ainda que eles compartilhem muitos elementos. Mas a comparação é inevitável e o Commander mostra que ele é mais que o Compass e menos que ele ao mesmo tempo.
Para entender melhor qual é a do Jeep Commander, avaliei a versão Overland Flex, que promete ser a mais vendida da gama. Por ele, a Stellantis cobra R$ 239.990 e não há opcionais com custo extra: pintura de qualquer tipo ou cor do interior não são cobrados pela marca norte-americana.
![Jeep Commander Overland Flex [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/01/Jeep-Commander-Overland-Flex-3_edited-750x450.jpg)
Porte, peso, pisada
Quando Renegade, Compass e Toro ainda usavam motores flex aspirados, uma crítica a eles era unânime: eram fracos e beberrões. Isso tudo se resolveu com a estreia do motor 1.3 T270 quatro cilindros turbo flex. Ok, consumo nem tanto, mas para o porte dos modelos, está em um nível bem aceitável.
Com 185 cv e 27,5 kgfm de torque, esse mesmo 1.3 turbo foi escalado para o Commander e parecia dar conta do recado. O problema é que o SUV médio espichado tem 1.715 kg registrados na balança. O que faz dele um carro muito pesado e que se faz sentir pelo motor. Antes dos 2.500 rpm, o Jeep não tem fôlego.
Mas ao colocar sete pessoas dentro, novamente ele sente o peso (literalmente). É preciso pé mais fundo no acelerador e mais trabalho do câmbio automático de seis marchas para fazer o SUV deslanchar. É um tipo de problema que seu principal rival, o CAOA Chery Tiggo 8, não sofre com o motor 1.6 turbo que tem praticamente os mesmos números de potência e torque.
Tapetão
Um item em que a Stellantis do Brasil é mestre é em acerto de suspensão. Os modelos da Fiat e da Jeep geralmente se destacam muito nesse quesito e não poderia ser diferente com o Commander. Ele é nitidamente macio, mas tem conjunto robusto que encara a buraqueira e até uma estrada de terra como se andasse em um tapete persa recém penteado.
Só não se empolgue muito com curvas fortes por conta do controle de tração e estabilidade. Em curvas mais aceleradas, é nítido que o Commander não chegou ao limite, nem mesmo seus pneus. Mas a eletrônica entra em ação de maneira muito brusca e corta toda força para evitar que o motorista faça algum tipo de barbeiragem.
Já a direção, é calibrada na medida. Pende mais para o lado da leveza, especialmente nas manobras, mas é rápida e tem peso correto em altas velocidades. Destaque ainda vai para o ótimo isolamento acústico que torna a cabine do Commander um santuário do silêncio.
![Jeep Commander Overland Flex [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/01/Jeep-Commander-Overland-Flex-12_edited-750x450.jpg)
No ponto
Onde o Commander mais agradará aos olhos e mãos será no interior. A cabine é verdadeiramente sofisticada e chega quase (ênfase no quase) no nível dos carros premium. Encaixes bem feitos, materiais de qualidade e visual moderno compõem a cabine do SUV de sete lugares.
Ela é praticamente idêntica à do Compass, salvo o console central um pouco mais largo com descansa-braço com o inscrito Jeep 1941. A faixa de suede no painel traz sofisticação junto dos elementos em cromado e da textura na parte inferior. Bancos com costuras tipo diamante ajudam ainda mais nessa sensação de refinamento.
O motorista tem à disposição uma ótima central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. O sistema é rápido e fácil de usar, além de contar com comandos de voz e até Alexa. Já o painel de instrumentos totalmente digital tem película acetinada para evitar reflexos do sol e permite boa personalização dos elementos.
Atrás, espaço para dois adultos na fileira do meio é bom. Há bastante visão do teto solar panorâmico e também área para cabeça e ombros. Os visitantes são recebidos por ar-condicionado com comandos individuais. Mas quem se senta no meio tem um assento alto, duro e inexplicavelmente de outra cor.
Há possibilidade de mudar a posição dos bancos que correm sobre trilhos e ajustar a inclinação do encosto. Já a fileira do fundo é surpreendentemente espaçosa para os pés, área que geralmente não recebe atenção. Espaço para as pernas é apenas ok, mas os braços não são bem recebidos pelas caixas de rodas altas e com parte interna inclinada.
Ao menos há entrada USB e porta-copos para a turma do fundão. Sem os bancos armados, o porta-malas carrega bons 661 litros. Já com eles em uso, são 233 litros – suficiente para algumas bagagens. Na versão Overland, ainda há a facilidade da inclusão de porta-malas com abertura elétrica.
Acima do Limited
Pela primeira vez, um SUV da Jeep produzido no Brasil tem uma versão mais sofisticada que a Limited. Ainda que a Série S do Compass atue nesse limiar, ela não passa de uma Limited com todos os opcionais. Trazendo o nome Overland para o Commander trouxe consigo uma generosa lista de itens de série.
Ele conta com faróis full-LED com acendimento automático e luz alta automática, monitoramento de pressão dos pneus (que foi bastante útil durante a semana de teste para identificar um pneu furado), assistente de estacionamento, câmera de ré, park assist, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, além de frenagem autônoma de emergência.
Traz ainda piloto automático adaptativo, chave presencial com partida remota, vidros elétricos nas quatro portas, ar-condicionado digital de duas zonas, carregador de celular por indução, volante com ajuste de altura e profundidade, teto solar, indicador de fadiga, alerta de tráfego cruzado, freio de estacionamento eletrônico e start-stop.
Veredicto
O Commander era o que faltava para a Jeep no Brasil. Ele é um passo além do Compass e uma ponte entre a linha de modelos nacionais e importados da marca. Além disso, apresenta a versatilidade dos sete lugares que tende a ser moda por aqui nos próximos anos. Preço bem acertado e interior sofisticado são seus grandes destaques.
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