Será que ela vai atazanar a Toyota Hilux?

JAC Hunter vai abalar o mercado de caminhonetes? | Impressões

Recém-lançada no Brasil, a JAC Hunter custa R$ 239.990, tem motor diesel de 191 cv e quer se destacar pelos itens de série. Mas, vale a pena?

JAC Hunter cinza, vista de frente, com piso de paralelepípedo e vidro aberto
JAC Hunter [Auto+/ Felipe Yamauchi]

Conhecida por ter tido o ex-apresentador Fausto Silva como garoto propaganda, a JAC sempre gostou de fazer bagunça e ela quer quer a Hunter entre nessa história. Aliás, Hunter é a nova caminhonete média chinesa que está desembarcando agora no Brasil. Contudo, para entrar nesse segmento tão conservador, será que ela tem potencial?

Para isso, a caminhonete chega com 5,33 m de comprimento, 1,97 m de largura, 1,92 m de altura e 3,11 m de entre-eixos. Vai por mim, é um ônibus ao volante. Até porque é uma das maiores do segmento. Surpreendentemente, três pessoas de estatura média conseguem se acomodar no banco de trás com facilidade.

Sobre essas medidas, a JAC destaca a Hunter da maioria das suas rivais. Além disso, seu visual colabora com a imagem robusta que uma picape precisa ter. Na dianteira, traz grade de tamanho amplo com tom escurecido. Existem diversas partes da carroceria pintadas de preto e os faróis ficam divididos dos DRLs, que possuem contorno escurecido.

Surpreende em diversos pontos

O capô é elevado e o para-brisa levemente inclinado. Nas laterais, a linha de cintura é alta. Aliás, a Hunter é alta. Eu tenho 1,78 cm e sofri um pouco para subir e descer dela, tanto é que precisei segurar nas alças e usar o degrau lateral. Sua altura em relação ao solo é de 24 cm. Ou seja, a Hunter quer enfrentar qualquer obstáculo com voracidade.

No entanto, ela quer ganhar a atenção dos donos de caminhonete é pela caçamba. O que acontece é que ela suporta 1.400 kg de carga ou 1.135 litros. Assim, a JAC Hunter, teoricamente, consegue levar o que você precisar. Um ponto surpreendente é que o modelo a diesel brasileiro pegou emprestado a suspensão traseira da sua irmã elétrica. Ela possui eixos rígidos com molas helicoidais.

Na dianteira, é independente com braços duplos. É por isso que ela consegue carregar mais carga com certa facilidade. Aliás, o conjunto de suspensão está bem equilibrado se comparado com a Fiat Titano, uma das suas maiores rivais. Ela é estável na estrada e principalmente no mundo aventureiro. Sua direção é leve por conta da assistência elétrica, mas o volante é grande.

O peso livre é de 2.050 kg e a capacidade de reboque fica em 3.200 kg. Com o peso bruto total de 3.450 kg, a JAC Hunter leva mais 1.800 kg no reboque. Seus freios possuem discos ventilados nas quatro rodas. O ângulo de ataque é de 27° e o de saída é de 23°. Ou seja, a Hunter vai te dar certa segurança para enfrentar os desafios off-road.

Tampa da caçamba da JAC Hunter cinza, com apliques escurecidos
JAC Hunter [Auto+/ Felipe Yamauchi]

Como ela se comporta no off-road?

A JAC preparou uma pista com diversos desafios do fora de estrada para serem enfrentados pela picape. Desde buracos cavernosos até descidas íngremes e enlameadas, a Hunter sempre se mostra pronta. Porém, tem momentos que ela desgarra. Para evitar isso, ela traz tração 4×2, 4×4 e 4×4 com marca reduzida.

Dessa forma, ela enfrenta com valentia os obstáculos. Porém, seu motor 2.0 turbo diesel de 191 cv e 46,9 kgfm de torque tem momentos que clama por mais cavalos. Em uma subida, com três pessoas e a rua molhada, a JAC Hunter sofreu um bocado para chegar ao topo. Só que, na reta e com o modo Sport do câmbio automático de oito marchas da ZF, tudo muda.

Rodas em dois tons da JAC Hunter com piso de paralelepípedo
JAC Hunter [Auto+/ Felipe Yamauchi]

A picape fica mais nervosa e qualquer toque no acelerador é motivo de alegria. Inclusive, o acelerador dela é sensível até no modo Eco, enquanto o ronco do motor acaba invadindo a cabine com mais facilidade. Sua velocidade máxima é de 185 km/h e o 0 a 100 km/h é feito em 11,9 segundos.

Sobre o consumo, na ida para Atibaia, no interior de São Paulo, a caminhonete chegou a passar de 12 km/l. É um número chamativo, dado seu porte e capacidade. E que tende a ser melhor se o modo Eco estiver ligado por mais tempo. Outros destaques dela são o interior e a lista de equipamentos.

Parte da frente da cabine da JAC Hunter, com painel de instrumentos e central multimídia ligados
Interior da JAC Hunter [Auto+/ Felipe Yamauchi]

Detalhes que se destacam

O acabamento da JAC Hunter chama atenção. Existem diversas partes macias ao toque e há partes na dianteira com um acabamento que parece madeira. Os encaixes são bem feitos e não há rebarbas. Nas portas, partes de plástico são boa qualidade. Os bancos de couro acomodam bem os passageiros, enquanto os dianteiros possuem ajustes elétricos. Há bastante espaço de sobra.

No entanto, a JAC Hunter quer atrair clientes é pela sua lista de itens de série. Ela traz painel digital, partida por botão, faróis e lanternas de LED, seis airbags, freio de estacionamento eletrônico e mais itens. Assistente de partida em rampas, controles de tração e estabilidade, rodas de alumínio de 18 polegadas, sistema Auto Hold, câmeras com visão 360° e sensores de estacionamento traseiro e dianteiros são de fábrica.

Um porém é a central multimídia. Ela tem 13 polegadas e tela vertical. A resolução é boa e ela possui respostas rápidas. Contudo, o Android Auto e Apple CarPlay precisam ser conectados com fio. Pelo preço da Hunter, o sistema podia ser sem fio. Ao menos, há carregador de celular por indução, porta-objetos central refrigerado e até teto solar como outros destaques.

Veredicto

Sergio Habib disse durante o evento de lançamento que a JAC Hunter veio para diversificar o portfólio da sua marca, já que hoje ela é 100% elétrica. Sobre as pretensões de vendas, Sergio acredita que a Hunter deverá acumular algo de até 3.500 unidades anuais. Ou seja, ele não quer abalar com a caminhonete, mas dar uma apimentada no cenário atual.

A Hunter não é uma rival a altura da atual geração da Ford Ranger ou da líder Toyota Hilux. Porém, tem muitos predicados para complicar a vida da Fiat Titano ou Nissan Frontier, modelos desta categoria e que andam esquecidos perto das caminhonetes citadas em primeiro lugar.

Custando R$ 239.990, a Hunter quer roubar clientes pelo custo-benefício. Isso se dá pela dirigibilidade adequada, ampla capacidade de carga, diversos itens de série e pela garantia de oito anos, uma das maiores do segmento. Contudo, a potência do motor pode fazer os compradores pensarem um pouco. Mas, vale a pena conhecer a JAC Hunter.

Pelo preço, você teria essa caminhonete média chinesa? Conte nos comentários