Já faz um certo tempo que a Hyundai desistiu de vender o Elantra no Brasil, enquanto a Honda tirou o Civic de campo na virada do ano. Coincidência ou não, Hyundai HB20S Platinum Plus e Honda City Touring se sofisticaram bastante na última mudança a qual passaram, em uma clara tentativa de suprir a falta de seus irmãos maiores. Mas eles conseguem?
Mais próximos do que parecem, os dois sedãs orientais se enfrentam nesse comparativo do Auto+. Representando a Coreia do Sul, o Hyundai HB20S Platinum Plus custa R$ 122.190 e foi recentemente reestilizado, finalmente perdendo a cara de bagre. Do time do Japão, o Honda City Touring é escalado por R$ 134.100 e aposta no jeito de Civiquinho para agradar.
Conjunto mecânico
A diferença mais nítida entre Hyundai HB20S e Honda City está no conjunto mecânico. O coreano traz motor 1.0 três cilindros turbo de 120 cv e 17,5 kgfm de torque, enquanto o japonês vem com um 1.5 quatro cilindros aspirado de 126 cv e 15,5 kgfm de torque. Ou seja, vantagem de 6 cv para o City, mas torque 2 kgfm maior no HB20S.
O comportamento é muito diferente também por conta da transmissão: automática de seis marchas no Hyundai e CVT no Honda. O HB20S é mais esperto nas saídas e tem comportamento apimentadinho, enquanto o City é mais linear e faz gritaria no motor quando o pé fica em baixo, algo que o rival não faz.
Em estrada e carregado, o City sente mais a falta de fôlego, enquanto o HB20S só sofre em baixas rotações ou ao sair da inércia em uma rampa bem inclinada. Surpreendentemente os dois são bem próximos em consumo: com etanol o Hyundai faz 8,6 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada, enquanto o Honda na mesma situação marca 9,2 km/l e 10,5 km/l.
Há de notar, porém, que o motor do HB20S vibra muito, ao contrário do City que em marcha lenta parece desligado. Apesar de tudo, nesse quesito, a diferença entre ambos é muito estreita. Mas o Hyundai HB20S passa a sensação de ser um carro mais ágil e rápido. Vitória para ele.
Dirigibilidade e tecnologia de condução
Típico da escola oriental, os dois sedãs são voltados ao conforto. Mas o City parece mais bem acertado. Ele é mais silencioso ao rodar, mais sólido e com direção um pouco mais bem calibrada. É uma diferença pífia, mas que traz a sensação de que o Honda belisca mais o segmento de cima do que o Hyundai.
Nessa categoria, tecnologia também conta bastante. Ambos têm frenagem autônoma de emergência e são referências na qualidade da correção do volante no sistema de manutenção em faixa. Só o HB20S Platinum Plus conta com alerta de saída segura, alerta de tráfego cruzado, alerta de ponto cego e sistema start-stop. O troco do City é com piloto automático adaptativo
Apesar da ausência de piloto automático adaptativo, o Hyundai HB20S tem alguns itens de segurança ativa mais atraentes que os do Honda City. Contudo, a dirigibilidade mais refinada do japonês faz com que eles saiam empatados nesse segundo quesito.
Itens de série
Além dos elementos de auxílio de condução, um sedã compacto tão caro quanto o HB20S Platinum Plus ou o City Touring precisa ser bem equipado. Os dois vêm com seis airbags, controle de tração e estabilidade, luz diurna de LED, ar-condicionado digital de uma zona, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
Ainda trazem coincidentemente chave presencial com partida remota, trocas de marcha no volante, bancos revestidos em couro, volante com ajuste de altura e profundidade, retrovisores elétricos com rebatimento automático, assistente de farol alto, sensor de ré, câmera de ré (com qualidade péssima em ambos) e painel parcialmente digital.
Como diferencial do HB20S, há porta-malas com abertura por aproximação e carregador de celular por indução. O City tem farol full-LED, retrovisor fotocrômico, saída de ar para o banco traseiro e sensor de estacionamento dianteiro. Apesar de custar R$ 12 mil a mais, o Honda sai vencedor nesse quesito por ser mais equipado.
Cabine
Se busca o nível de qualidade de montagem e materiais de Elantra e Civic, melhor correr para outra categoria. Contudo, City e HB20S são os melhores sedãs compactos quanto ao refinamento interno. Ambos trazem plásticos bem montados e materiais de qualidade – salvo o péssimo couro do volante do Honda.
O truque de ambas as marcas foi trazer couro bege nos bancos e laterais de porta para ajudar na sofisticação, contrastando com preto no Honda e cinza claro no Hyundai. O visual horizontalizado e mais moderno faz a cabine do City parecer mais refinada, ao passo que o couro dos bancos do HB20S tem qualidade superior.
Isso contrasta completamente com a central multimídia. Os dois tem as piores do segmento, sendo a do Honda nitidamente inferior. A tela deles é opaca, com definição ruim. A do HB20S ainda é rápida e tem meus fáceis de operar, ao contrário da do City que parece um celular de dez anos atrás. Chega a ser vergonhoso para as duas marcas, mesmo com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
Painel de instrumentos no Hyundai HB20S é um digital de mentirinha, enquanto o do Honda é só metade digital. Apesar disso, eles têm diversas funções no computador de bordo, mas carecem de uma tela de fato. No âmbito geral, vitória para o Hyundai HB20S.
Espaço
Só que o Honda tem mais espaço na cabine, bem mais, aliás. O Hyundai é um modelo de porte mais acanhado e que sacrifica a cabine com isso, ao contrário do que seu rival faz. Isso fica ainda mais nítido no banco traseiro, onde o Touring tem saída de ar e trata os ocupantes bem melhor, especialmente no espaço para as pernas.
O porta-malas carrega 519 litros no City contra 475 litros no HB20S. Contra números, não há o que argumentar: vitória do Honda de lavada nesse quesito.
Veredicto
Estamos diante de dois sedãs compactos de visual muito bem acertado, ótimos conjuntos mecânicos e refinados suficientemente para suas categorias. Diferentemente de tantos comparativos, aqui a escolha entre City Touring e HB20S Platinum Plus vai mais da escolha pessoal, já que cada um se destaca em algo sem passar vergonha no quesito que perde.
O Hyundai é mais prazeroso para dirigir e tem alguns itens de segurança interessantes, mas é bem mais apertado que o Honda e fica devendo piloto automático adaptativo. A diferença de R$ 12 mil no preço pode pesar nessa hora e por muito pouco (mesmo), a vitória do comparativo vai para o Hyundai HB20S. Se os preços fossem mais próximos, seria empate.
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