O Hyundai Creta sempre foi uma das grandes estrelas do segmento de SUVs compactos. Ele nunca liderou porque sempre havia um grande porém em relação a ele. A primeira geração tinha motor 1.6 beberrão e fraco. Já o modelo atual não vendia mais porque era feio. Só que agora a Hyundai radicalizou no design…mas criou outra polêmica. Confira a avaliação do novo Hyundai Creta Ultimate.
Nas outras oportunidades que tive de testar o Hyundai Creta, ele sempre se apresentou como um modelo muito bom para a sua categoria, mas sem nenhum grande destaque. Ele era como o Toyota Corolla dos SUVs: competente, confortável, sem nenhum defeito gritante e uma compra segura e confiável.
Só que ele nunca teve algo que verdadeiramente o destacasse nesse concorridíssimo segmento. Fora o visual polêmico da segunda geração. Agora pesadamente renovado, o Hyundai Creta Ultimate passa por uma nova avaliação para mostrar se, de fato, ele evoluiu ou não. Mas já adianto: agora a polêmica é outra.
Oi Tucson, tudo bem?
Para substituir o defasado e sedento motor 2.0 quatro cilindros aspirado, o Hyundai Creta Ultimate pegou emprestado o conjunto mecânico do Tucson. Trata-se de um motor 1.6 quatro cilindros turbo de 193 cv e 27 kgfm de torque. Com esses números, ele se torna o SUV compacto mais potente do Brasil.
Só que perde em torque para o trio Stellantis composto por Jeep Renegade, Fiat Fastback Abarth (e Limited Edition Powered by Abarth) e Pulse Abarth, que contam com 27,5 kgfm no 1.3 turbo. A penalidade frente a todos os concorrentes é que o novo Creta Ultimate bebe apenas gasolina. O 2.0 aspirado de antes era flex.
A vantagem é um consumo comedido de 11,9 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada. Contudo, durante a nossa avaliação, o Hyundai Creta Ultimate não passou de 9,8 km/l. Isso que, em geral, os números do INMETRO ficam um pouco abaixo da realidade. No caso do consumo do novo SUV, foi o contrário.
Na dinâmica, temos um motor que é extremamente suave, sem vibrações e linear na entrega de torque. O Creta demora a sair da inércia por conta do mapa do acelerador, mas quando ganha velocidade, não para. As retomadas são rápidas e a contento, tendo como principal atributo o fato de ele não parecer se esforçar para andar bem.
A polêmica sobre o novo Hyundai Creta Ultimate
Antes de seguir com essa avaliação do Hyundai Creta, precisamos falar sobre o câmbio. Ele é um automatizado de dupla embreagem com sete marchas, o mesmo que o Tucson usa. É uma transmissão já conhecida por alguns problemas e, para o delírio negativo da internet, é uma caixa seca.
A Hyundai, contudo, defende trata-se de uma nova geração a qual tem funcionamento excelente. O câmbio reage rapidamente quando o pedal de acelerador é pressionado com mais afinco. Mas tem complexo de CVT, gostando de baixar o giro do motor sempre que possível.
O longo prazo ainda é cedo demais para cravar, mas muitos compradores do Hyundai Creta Ultimate podem deixar de levar a versão mais potente e rápida justamente por conta do câmbio de dupla embreagem ou pelo fato de não ser flex. Vale lembrar que os modelos 1.0 três cilindros turbo seguem flex e usam câmbio automático de seis marchas tradicional.
Dinamicamente atraente
Dentre todos os SUVs compactos de ponta no Brasil, o Hyundai Creta é o mais confortável. Ele não segue a mesma escola da firmeza e esportividade de Volkswagen T-Cross e Honda HR-V, mas também fica longe do jeitão SUV parrudo do Jeep Renegade. Como o Chevrolet Tracker, a pegada do sul-coreano é o conforto.
A suspensão do Creta absorve bem os impactos, tendo nitidamente evoluído em relação ao modelo anterior. O mesmo vale para o isolamento acústico, que se tornou mais refinado no novo SUV. Essa, na real, é sua pegada: transmitir sofisticação e a sensação de que é um carro mais caro do que os R$ 189.990 que a Hyundai cobra pelo Ultimate.
Leve, a direção responde bem aos comandos do motorista e não parece morta como no Tucson. Vale destacar o fato de que o Creta Ultimate conta com sistema de correção de faixa ou de centralização de faixa, sendo escolhidos diretamente por um botão no volante. Ambos funcionam muito bem e de maneira orgânica.
Equipamentos do novo Hyundai Creta Ultimate são bons
Por falar em equipamentos, a versão topo de linha do novo Creta é equipada com seis airbags, sistema de câmeras 360° de excelente qualidade, controle de tração e estabilidade, assistente de farol alto, acendimento automático dos faróis full-LED, alerta de saída segura, monitoramento de pressão dos pneus e sensor de estacionamento dianteiro e traseiro.
Há ainda indicador de fadiga, alerta de ponto cego, câmera adicional em cada retrovisor, frenagem autônoma de emergência, ar-condicionado digital de duas zonas, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, painel digital, chave presencial, volante com ajuste de altura e profundidade.
A lista de itens de série do Creta Ultimate ainda traz banco do motorista com regulagem elétrica (exceto, altura) e ventilação, teto solar, troca de marcha no volante, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, retrovisor elétrico com rebatimento automático, bancos revestidos em couro, start-stop, partida remota e freio de estacionamento elétrico.
Questão de aparência
Algo bastante positivo no Hyundai Creta Ultimate é o interior. O modelo não tem o melhor acabamento da categoria, afinal, não tem nenhum material macio ao toque. Mas todos os plásticos usados são de qualidade, bem encaixados e com texturas interessantes. Na versão topo de linha, a cabine mescla elementos em cinza de tom médio e claro.
O couro usado nos bancos e no volante é um dos melhores da categoria, ainda que inferior ao do Jeep Renegade. Tudo isso contribuiu para uma sensação de carro mais refinado. Além disso, o SUV compacto traz um belo par de telas. A central multimídia tem mostradores bem claros e que mudam o estilo de acordo com o modo de condução (são três).
Já a central multimídia manteve layout parecido com o anterior, mas tela mais larga e achatada. É cheia de recursos e com qualidade invejável para vários modelos. Só não era mais necessário manter os botões de atalho na parte inferior, que se mesclam com os comandos do ar-condicionado e pesam no visual.
Entretanto, é elogiável o fato de que a Hyundai não sucumbiu à terrível tendência atual de conjugar comandos do ar-condicionado e do rádio na central multimídia. O Creta tem botões para regular o volume da mídia, comandos separados para cada zona do ar-condicionado e comandos recorrentes. Ainda bem.
Como é o espaço do Hyundai Creta?
Quando o assunto é espaço interno, pelo fato de que o Hyundai Creta ser um dos maiores SUVs compactos do segmento, ele manda bem. O motorista conta com regulagem elétrica no banco, menos para altura. Uma economia totalmente inexplicável. Mas, a vastidão de ajustes permite que pessoas de diversos portes dirijam na melhor posição.
O espaço traseiro do Hyundai Creta também é bom para a categoria. Quem senta atrás consegue ter bom espaço para a cabeça e também para os ombros, mesmo com um motorista alto à frente. Já o porta-malas carrega 422 litros e tem como destaque o fato de ter a tampa do porta-malas rente ao piso.
Veredicto
Nesta avaliação, o Hyundai Creta mostrou que verdadeiramente mudou onde deveria. O acabamento não é referência na categoria, mas transparece uma sensação bem mais sofisticada do que antes. O visual pouco ortodoxo ficou muito melhor do que outrora e agora o motor 1.6 turbo faz jus a uma versão topo de linha.
Mesmo custando salgados R$ 189.990, é uma compra que vale a pena. O SUV é bem equipado e fácil de agradar à maioria do público consumidor. Se a vontade da Hyundai é liderar o segmento, hoje papel do T-Cross, somente agora o Creta tem credenciais de sobra para isso.
A questão do câmbio é, de fato, polêmica. Contudo, é preciso esperar o tempo passar e algumas unidades andarem bastante para entender se esse será um problema para o SUV compacto ou não. No funcionamento, não há nenhum problema. Mas é que o Creta não consegue ficar longe de uma polêmica.
Você teria um Hyundai Creta? Conte nos comentários.