A linha atual de carros da Honda está em sua melhor fase atualmente. HR-V e City vivem o auge em termos de tecnologia e visual. O Civic é um excelente híbrido e ainda tem o absurdo Type-R. Accord e CR-V mostram até onde a marca vai em termos de luxo e excelente eletrificação. Mas temos o Honda ZR-V.
O ZR-V foi concebido para preencher o gigantesco buraco existente entre o HR-V Touring topo de linha de R$ 199.800 e o CR-V, sempre vendido na versão de topo e que agora sai por R$ 352.900. Em alguns mercados, como na América do Norte, o ZR-V substituiu o HR-V e até pegou seu nome. E isso explica algumas coisas.
Vendido no Brasil unicamente na versão Touring de R$ 214.500, o Honda ZR-V enfrenta modelos de peso como Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos, além dos híbridos chineses GWM Haval H6 e BYD Song Plus, que são maiores, mais refinado e eletrificados.
Herança do passado
Diferentemente dos irmãos importados Civic, CR-V e Accord, o Honda ZR-V chegou ao Brasil sem motorização híbrida. Debaixo do capô, ele conta com motor 2.0 quatro cilindros aspirado de 161 cv e 19,1 kgfm de torque. É praticamente o mesmo do antigo Civic, mas que agora só bebe gasolina.
Ele é associado a uma transmissão automática do tipo CVT com sete marchas simuladas. E se você pensa que ele fica à frente do HR-V, está enganado. Afinal, o irmão menor tem motor 1.5 quatro cilindros turbo mais potente, com mais torque, além de mais econômico. Esse motor no ZR-V seria bem mais interessante.
Isso faz com que o modelo não se destaque na categoria de SUVs médios, mas perca brilho até dentro de casa. Mas há vantagens claras. Há muito tempo não via um carro com funcionamento de motor tão suave. É impossível sentir qualquer vibração vinda do 2.0 do ZR-V. Ele é ultra silencioso e linear.
A transmissão CVT ajuda muito nessa sensação de suavidade, enquanto o consumo de 10,2 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada divulgados pelo INMETRO passam longe da realidade. Na vida real, temos o SUV médio marcando tranquilamente 13,1 km/l na cidade e passando dos 15 km/l na estrada.
A performance é apenas ok. 0 a 100 km/h em 11 segundos não representam um carro manco, mas também não o ocolocam entre os mais rápidos da categoria. Em saídas rápidas de sinal, ele vai vagaroso, enquanto na estrada as retoma das demoram um pouco. Mas, ao atingir velocidades altas, se mantém ali fácil.
Alma de Toyota
Um ponto que chamou bastante atenção no comportamento do Honda ZR-V é sua distância dinâmica em relação aos irmãos. A Honda é meio que a Volkswagen das japonesas, que aprecia carros com habilidade inegável de fazer curvas, suspensão durinha, além de direção direta e mais pesada que a média.
Do outro lado do espectro, temos a Toyota, uma marca mais voltada ao conforto. E o ZR-V parece mais um Toyota que um Honda. A direção é bem neutra, relativamente leve, mas direta. Já a suspensão é voltada ao conforto, com boa absorção de impactos e leves tendencias a balanços em curvas mais fortes.
A transmissão CVT trabalha em concordância com esses sistemas, simulando marchas algumas vezes e só em momentos em que o acelerador é pressionado ao máximo. Na maior parte do tempo, causa o efeito enceradeira com o motor roncando alto e estancado em uma rotação, enquanto ganha velocidade.
A Honda nunca erra
Um ponto no qual a Honda se tornou alta referencia é em seus sistemas de auxilio a condução. O ZR-V, como todo modelo Touring da marca, conta com piloto automático adaptativo, sistema de manutenção em faixa, frenagem autônoma de emergencia e alerta de trafego cruzado.
Todos esses sistemas funcionam de maneira extremamente bem calibrada. O SUV não fica quicando de um lado para o outro na faixa, muito menos fazendo acelerações ou frenagens bruscas. Dentre todos os modelos na categoria, definitivamente o ZR-V tem o melhor sistema.
De série, o modelo ainda traz itens como farol alto automático, sensor de chuva e de luz, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, painel de instrumentos parcialmente digital, teto solar, chave presencial, banco elétrico para motorista, ar-condicionado digital de duas zonas, retrovisores elétricos e carregador de celular por indução.
Samba do painel
O acabamento interno vive um gigantesco contraste. Temos ótimos matérias, com larga faixa de couro no painel e console, além de acabamento emborrachado na parte superior das portas e do painel. O couro usado no volante e bancos é de qualidade e os materiais de alto toque, como maçanetas e botões, são bons.
Só que o lado negativo vem na montagem. Há muitas pecas mal encaixadas e soltas. Ao passar por um sinalizador em uma estrada, foi nítido um balanço da central multimídia balançando como se estivesse mal fixada. Esse mesmo movimento foi percebido também na faixa de couro do painel.
É notável ainda o console central mole e que não faz jus os materiais usados para revestí-lo. Já a central multimídia parece a mesma do Civic, mas tem tela de qualidade ruim, com contraste estranho e película fosca que a faz parecer lavada. Pelo menos é rápida e fácil de ser usada.
Já o painel de instrumentos é o mesmo do City e do HR-V, ou seja, de ótima definição, de uso descomplicado, além de não ter sua visualização atrapalhada por reflexos do sol. Ela conta com vários menus e opções de visualização de itens uteis para o motorista.
Degrau superior
Por ser um carro baseado no Civic, não no Fit, o ZR-V é mais espaçoso que o HR-V. O SUV permite que o motorista dirija muito baixo ou muito alto, conforme sua preferência. É interessante que o range de ajuste que a Honda permitiu no SUV seja tão amplo assim. O mesmo vale para o volante, com ajuste de altura e profundidade.
Na traseira, o espaco é bem bom, com lugar para a cabeça e pernas, mesmo de passageiros altos. O problema foi a ideia da Honda para a saída de ar. Ao invés de colocar no console central, as saídas traseiras ficam nos pés. Ou seja, no calor, deixará os passageiros traseiros com os dedos congelando, mas com calor.
O porta-malas carrega 389 litros e não tem abertura elétrica, ao contrário do HR-V Touring. Mas isso é um detalhe perto do tampão do porta-malas. A marca japonesa economizou ao máximo que poderia e usou um tecido que rasga fácil adornado por metal fino e flexível, como se fosse uma barraca de criança. Nem um Kwid usa isso.
Veredicto
O Honda ZR-V é um passo lógico para alguém que já possui um modelo da marca. Se já foi dono de HR-V, Civic, Accord e CR-V de gerações anteriores sem motor turbo ou híbrido, ele faz sentido. Também é uma boa compra para quem está saindo de um Toyota Corolla Cross e não tem bala na agulha para um RAV4.
Só que ele é o tipo de carro que não faz sentido para outros compradores. Tem menos itens e menos força que um HR-V, além de falhas no acabamento que não fazem sentido em um Honda. Se custasse até R$ 199 mil, daria para passar um pano. Mas a R$ 214.500, melhor levar um HR-V Touring para casa ou outro SUV.
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