Desde seu surgimento, o Honda CR-V sempre foi o SUV do Civic. Quer seja pelo posicionamento de mercado ou por conta do compartilhamento de peças, plataforma e motores. Só que nessa nova geração, a marca japonesa deu a ele uma dose a mais de luxo, eletrificou o conjunto mecânico e o colocou mais próximo do Accord.
Em sua sexta geração, o Honda CR-V ficou 8 cm mais longo, chegando a 4,70 m, com entre-eixos de 2,70 m (4 cm mais longo). Além disso, ganhou 1 cm na largura, batendo os 1,86 m e a altura cresceu em 1 cm, chegando a 1,69 m. Como resultado prático, o CR-V se tornou um SUV grande demais para ser considerado médio.
Grande, mas econômico
Esse tamanho avantajado, contudo, transparece apenas parcialmente na condução do japonês. A Honda equipou o novo CR-V com o mesmo conjunto mecânico dos irmãos Accord e Civic. Trata-se do sistema e:HEV que combina motor 2.0 quatro cilindros aspirado com um elétrico.
Como o motor a combustão basicamente funciona como gerador de energia para o sistema elétrico, na prática temos um carro de 184 cv e 34,2 kgfm de torque. Em relação aos outros irmãos a diferença é que o motor 2.0 auxilia o eletrico também em acelerações intermediarias, não só na estrada ou em pisões fortes no acelerador.
Na prática, você tem um carro verdadeiramente ágil, mesmo sendo enorme. As acelerações são fortes e levam o CR-V da imobilidade a velocidade de cruzeiro com facilidade. A questão é que ele é nitidamente um carro de rodar pesado. Você sente o peso do conjunto e como o motor a combustão liga muito mais do que nos irmãos.
Considere o fato de que o Honda CR-V tem tração nas quatro rodas, é um carro muito maior e mais pesado que Civic e Accord, mas que ainda mantém um bom consumo. São 14,2 km/l na cidade e 11,6 km/l na estrada — lembrando que carros híbridos gastam mais na estrada por usarem menos o motor elétrico.
Melhorias e pioras
Um dos pontos que é mais interessante no uso diário do Civic e do Accord é o sistema regenerativo. Ele conta com seis modos de atuação, todos controlados por paddle-shifts atrás do volante. O CR-V também tem isso, mas é mais trabalhoso. Isso porque tem menos níveis de regeneração e ainda tem a posição B no câmbio.
Como todo Honda mais caro, o SUV renovado traz sistemas de condução semi autônoma de funcionamento primoroso. O piloto automático adaptativo atua naturalmente em frenagens e acelerações, enquanto o sistema de manutenção em faixa controla o volante sem trancos.
Esses sistemas foram substancialmente melhorados em relação à geração antiga por conta da adoção de um novo radar dianteiro de melhor qualidade. O novo Honda CR-V ainda é equipado com frenagem autônoma de emergencia, alerta de tráfego cruzado, alertar de ponto cego, dez airbags e farol alto automático.
Ainda um Honda
O que talvez mais surpreenda no Honda CR-V é sua dirigibilidade. Ele é uma jamanta nas proporções, mas não se sente isso em curvas e na condução mais animada. A direção é firme na medida certa, além de reagir de maneira rápida, permitindo que o motorista tenha sensação de controle.
Já para a suspensão, temos uma boa filtragem de imperfeições de solo, ainda que o CR-V possa bater um pouco seco nos buracos por conta das rodas de liga-leve grandes. Nas curvas, ele aderna pouco e mostra um interessante lado mais esportivo do que o esperado por um SUV com pegada luxuosa e familiar.
Maior que um apartamento em Tóquio
Se por fora o Honda CR-V é grande, é porque seu interior é enorme. Quem senta à frente tem um console central tão largo que, em tempos de COVID, a OMS consideraria que o motorista e o passageiro estão cumprindo a distancia social. É tão grande que o console central guarda dois celulares lado a lado.
Quem senta atrás tem assentos bem confortáveis e com várias opções de regulagem. É possível deixar o encosto deitado até de maneira excessiva ou completamente reto. Além disso, o banco corre sobre trilhos para ampliar o porta-malas ou o espaço para passageiros.
Por falar no bagageiro traseiro, ele carrega 581 litros, 59 litros a mais que o modelo antigo. Mas o destaque vai para a abertura elétrica. A Honda adicionou um sensor que detecta quando o motorista está com o porta-malas aberto e a chave no bolso. Ao sair de perto do CR-V, ele automaticamente fecha a tampa.
O acabamento é irrepreensível. Materiais macios e de qualidade foram usados nas portas e no painel. Ele conta ainda com revestimento que imita madeira para se diferenciar dos irmãos: até porque o visual, comandos básicos, volante e painel de instrumentos são idênticas entre CR-V, Accord e Civic.
O painel de instrumentos totalmente digital é configurável e fácil de usar, além de ter leitura facilitada. Já a central multimídia é a mesma do Civic, mas bem que poderia ser a do Accord, que é mais moderna e fácil de usar. Não que seja ruim, mas a Honda já mostrou que pode fazer ainda melhor.
Veredicto
Por R$ 352.900, o Honda CR-V precisa se preocupar com a briga que terá com modelos de luxo, especialmente contra o Volvo XC60, o qual ele descaradamente copiou a traseira. Ele tem equipamentos de carro de luxo, roda como um modelo premium e tem espaço de sobra.
Mas o peso de um logotipo de uma marca de luxo na grade frontal é algo inegável, ainda mais para o brasileiro. Por isso ele faz tanto sentido ser o SUV do Accord: dois carros que são verdadeiramente muito bons, mas que nunca terão a atenção que merecem pois são carros da Honda a preço de Volvo, Audi e BMW.
Você teria um Honda CR-V ou prefere um SUV de marca de luxo? Conte nos comentários.
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