![Honda City Hatch Touring [Auto+ / João Brigato] Honda City Hatch Touring [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/05/Honda-City-Hatch-Touring-24_edited-990x556.jpg)
Enquanto os SUVs estão cada vez mais bagunçados com modelos de porte médio vendido como compactos e compactos se achando médios, o segmento de hatches sempre foi muito bem desenhado. Subcompactos, compactos e médios não se misturam nem em porte, nem em preço. Mas o Honda City Hatch pensa justamente o contrário.
Ao mesmo tempo em que ele foi criado para brigar com Chevrolet Onix, Volkswagen Polo, Hyundai HB20, Toyota Yaris e Peugeot 208, ele tem porte e equipamentos que seduzem também o dono de Chevrolet Cruze Sport 6 e…bem, só ele mesmo pois não existe outro hatch médio generalista no Brasil. Mas por R$ 122.600, o City Hatch Touring ficou caro demais?
Hatch compacto mais caro do Brasil?
Vamos situar o City Hatch onde ele está. Entre os hatches compactos, ele é o único com todas as versões acima de R$ 100 mil, o tornando o com maior preço de entrada na categoria. Só não é o hatch compacto mais caro do Brasil porque o Volkswagen Polo GTS custa R$ 140.430, porém ele tem apelo esportivo, o que o torna um produto de nicho.
Enquanto isso, o único hatch médio não importado da Europa ou Japão à venda no Brasil é o Chevrolet Cruze Sport6 de R$ 152.280. Entendeu agora o papel do City Hatch? Até em porte essa lógica se repete. Ele tem 4,34 m de comprimento contra 4,16 m do Onix, 3,94 m do HB20, 4,05 m do Polo, 4,14 m do Yaris e 4,44 m do Cruze Sport6.
Compacto grandão ou médio pequeno?
Grande parte do que define um modelo em algum segmento vai além do porte em si. Um hatch médio tem acabamento bem mais sofisticado do que um compacto, além de uma condução mais esportiva. Em um desses quesitos, o City Hatch mira mais para o segmento de compactos, mas como referência, no outro ele tem seus momentos para cada lado.
O visual horizontalizado ajuda nessa sensação de sofisticação e deixam as superfícies limpas. Há toques sutis de elegância como o rotor do ar-condicionado que muda de cor de acordo com a temperatura que você seleciona e o fato de usar alguns componentes iguais aos do Accord. Bancos confortáveis e espaçosos deixam viagens longas algo tranquilo.
O contraste ruim fica entre a central multimídia e o painel de instrumentos parcialmente digital. O cluster é completo, cheio de recursos e o fato de ter um velocímetro analógico torna a experiência bem interessante – é, sinceramente, melhor que muito painel 100% digital. Tem computador de bordo completo e é rápido na hora de mostrar informações.
Já a central, é um pouco lenta, tem gráficos datados que a fazem parecer um celular da Samsung de 2014, além de uma tela apenas ok. Tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio, mas que de nada adianta pois não há carregador de celular por indução. Por isso, deixe conectado no cabo mesmo.

Sem heranças do Fit
Os porta-objetos são todos pequenos, apesar de em grande quantidade. O local do celular, não o comporta inteiro, os porta-copos não aguentam uma garrafa grande e a mini gaveta ao lado do volante quando muito faz caber um tubinho de álcool gel. Esse era um problema que seu antecessor, o Fit, não tinha.
O que o City Hatch herdou do Fit, porém, foi a modularidade interna. O banco traseiro tem sistema Magic Seat que levanta o assento para levar até uma árvore no piso ou deixar as costas do encosto reta em relação ao porta-malas. O que se faz necessário pois o Honda leva apenas 268 litros de bagagem – menos que um Renault Kwid.
Esse sistema Magic Seat fez com que o tanque de gasolina ficasse posicionado abaixo dos bancos dianteiros. O problema é que ele é muito pequeno. Com apenas 39 litros, grandes viagens se tornam um problema no City e visitas ao posto de gasolina viram uma constância, mesmo ele sendo um carro econômico.
Linearidade e gritaria
Durante nossos testes, o Honda City Hatch fez 13,1 km/l em circuito misto 50% cidade e 50% estrada com gasolina. Já com etanol e 80% do tempo na estrada, registrou 10,4 km/l. É uma média excelente, especialmente para um carro que não é turbinado. Isso foi possível graças à modernidade do conjunto e o bom acerto, para economia, do câmbio CVT.
Ao pisar forte no acelerador, primeiro o motor enche, faz a maior gritaria porque o isolamento acústico não é tão bom com o motor em altas rotações, para depois ganhar velocidade. O Honda acelera bem e ganha velocidade sem tanto esforço, mas a sensação de que ele está sofrendo para isso e que não está andando tanto assim é latente.
Espírito do Civic
Mas existe um território em que o City sedã e o hatch se diferenciam: as curvas. O sedã foi pensado para ser um carro que te leva do ponto A ao ponto B sem dor de cabeça e com zero emoção. O hatch não, está ali para pessoas que gostam de dirigir. Prova disso é que ele é mais durinho.
Se tivesse um motor 1.0 turbo, um câmbio CVT melhor ou até mesmo um manual, estaria entre os mais divertidos da categoria. Base e potencial até mesmo para uma versão esportiva, claramente estão lá. O que faz até lembrar o Civic em alguns momentos. Mas o City tem vantagem frente ao momentaneamente aposentado irmão.
Veredicto
Encaixado certeiramente entre os hatches compactos e os médios, o Honda City Hatch pode ser o próximo passo lógico de quem sai de Onix, Polo, HB20, Yaris e 208, mas não quer um SUV de jeito nenhum. Tem boa dirigibilidade, mas que é atrapalhada pelo câmbio CVT chato. É econômico, mas o tanque é pequeno. Anda bem, mas poderia ser turbo.
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