Ford Mustang é um canhão V8 para o dia a dia | Avaliação

Desde a época dos Lincoln Continental e Mercedes-Benz Classe S (carrocerias W108/109 e W116), as diferenças eram notórias entre as escolas norte-americana e europeia em termos de desempenho, calibração de suspensões e dinâmica de condução.

Embora todos compartilhassem o básico – quatro rodas e um motor na dianteira – cada um tinha as suas características. Na disputa doméstica entre Ford e Chevrolet, o Mustang foi lançado primeiro, em 17 de abril de 1964, um projeto assinado por Lee Iacocca que inaugurou a era dos pony cars. O Chevy Camaro, por sua vez, surgiu em 29 de setembro de 1966.

Assim como as preferências entre Boeing e Airbus ou BMW e Mercedes-Benz, há quem prefira o Mustang e outros que optam pelo Camaro. Mesmo aqueles que não são aficionados por carros reconhecem a importância desses modelos na história da indústria automotiva e o impacto emocional gerado pelo ronco dos motores V8.

Uma evolução contada em 60 anos

Ao longo das décadas, o pony car da Ford incorporou novos elementos sem abrir mão de sua brutalidade característica, mesmo o Mustang II, produzido entre 1974 e 1978, como uma resposta à crise do petróleo e à demanda dos consumidores por carros compactos, não ser lembrado como uma obra-prima.

Nesta sétima geração, ele continua a herança da sexta, mas oferecendo um desempenho ainda mais radical. E a transição para a sexta geração trouxe importantes melhorias, como a substituição da suspensão traseira por eixo de torção, o que aprimorou a manobrabilidade e o conforto, tornando-o um carro mais adequado para o uso diário e melhor ao volante.

Essa evolução trouxe uma precisão mais germânica ao Ford Mustang, ausente nos modelos das décadas de 1980, 1990 e 2000. Como eu sempre digo: “Os ícones não morrem; eles só evoluem.”

A escola europeia e o American Way of Life

A mística do Ford Mustang começa antes mesmo de dar partida. Com dimensões de 4,81 m de comprimento, 1,95 m de largura (retrovisores rebatidos) e 2,71 m de entre-eixos, ele oferece uma posição de dirigir que remete ao Chevrolet Camaro, embora com suas próprias características. Aliás, a altura da carroceria de 1,39 m proporciona uma sensação menos claustrofóbica em comparação com o Camaro.

Ao ligar o motor, o Ford Mustang emite um rugido gutural que se torna mais encorpado e borbulhante à medida que a rotação diminui para a marcha lenta. À frente dos olhos apenas o longo capô com extratores também contribui para dissipar o calor do cofre do motor.

Nos primeiros quilômetros, o aumento de desempenho é notável. O Ford Mustang GT Performance tornou-se o mais potente de todos os tempos, com o motor V8 5.0 Coyote, agora com novos coletores e sistema de injeção direta/indireta, além de transmissão automática de dez marchas recalibrada, entregando 488 cv e 57,5 kgfm de torque. Ou seja, 5 cv e 0,8 kgfm extras em comparação ao Mustang Mach 1 (produzia 483 cv e 56,7 kgfm).

Uma evolução representada no 0 a 100 km/h realizado em 4,3 segundos (relação peso-potência de 3,76 kg/cv), que inclui melhorias na direção, suspensão e freios, resultando em um carro mais ágil e preciso nas curvas.

Comparado à geração anterior, o Mustang apresenta uma dianteira que aponta com maior facilidade e uma dinâmica mais aprimorada.

Agilidade americana

Com quase cinco metros de comprimento, o Ford Mustang GT Performance proporciona uma sensação de agilidade ao volante, mas deve ser conduzido com cuidado. Com quase 500 cv e tração traseira, é um carro que exige experiência e horas de voo em modelos esportivos, similar a um Mercedes-AMG C 63 ou a um BMW M2 e M3.

Esse Ford Mustang GT Performance é relativamente fácil de dirigir com o pé leve no acelerador, especialmente em baixa velocidade. No entanto, quando o pedal é pressionado com mais força, o carro demonstra que seu conjunto motriz não é tão amigável quanto parece.

Nas acelerações fortes, o Ford Mustang GT Performance revela sua tendência a escorregar, proporcionando uma experiência divertida acompanhada pelo som característico dos oito cilindros em V. Essa dinâmica é auxiliada pela direção assistida eletricamente, que é rápida, precisa e conectada.

A calibração muda com a seleção de um dos cinco modos de condução disponíveis (Normal, Esportivo, Escorregadio, Pista e Pista Drag), que ajustam parâmetros como a sensibilidade do acelerador, a rigidez das suspensões MagneRide com fluido viscoso magnético – que realiza mil leituras por segundo para ajustar instantaneamente o comportamento do conjunto – e o som do escape.

Aliás, o sistema de exaustão, no modo mais radical, transmite um ronco animal e pipocos pelas quatro saídas de escape, adicionando um toque extra de emoção à condução.

Embora seja confortável para trafegar na cidade, mesmo no programa Sport, o Ford Mustang GT Performance possui um sistema de detecção de buracos, que enrijece os amortecedores para evitar danos às rodas e aos pneus de perfil baixo.

Além disso, é possível escolher entre três modos de direção, quatro programas de escapamento e suspensões, permitindo ao proprietário personalizar o carro para diferentes situações, seja para um track day ou uma ida ao supermercado, pois o porta-malas de 382 litros possui uma boa capacidade volumétrica para um esportivo.

Ainda são encontrados o quadro de instrumentos digital de 12,4 polegadas, com possibilidade de configurar grafismos clássicos, como os do Fox Body (vendido de 1987 a 1993), e muitas informações, enquanto o multimídia SYNC4 de 13,2 polegadas oferece conectividade com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.

Ford Mustang é um Drift King!

Com o volante levemente esterçado e uma carga média no acelerador, a traseira derrapa deliciosamente, mas o Ford Mustang GT Performance é fácil de corrigir. O freio de estacionamento eletrônico Drift Brake possibilita derrapagens controladas, e recursos como Line Lock (para derreter os pneus traseiros no asfalto) e cronômetros no Track Apps adicionam funcionalidade para pistas.

Bom de chão e calçado com rodas de 19 polegadas envoltas por pneus Pirelli PZero de medidas 255/40 R19 no eixo frontal e 275/40 R19 atrás, o Ford Mustang GT Performance possui as barras estabilizadoras do Mustang Mach 1 mais rígidas que a versão GT e, nas curvas, é um carro que não demonstra uma rolagem excessiva da carroceria. Obviamente, aderna mais diante de um Porsche 718 Boxster. Novamente, são escolas diferentes!

Rápido no gatilho, o Ford Mustang GT Performance também joga uma âncora no asfalto na hora de parar, devido aos freios da renomada Brembo, da mesma forma que a segurança dos ocupantes é evidenciada pela extensa lista de recursos de assistência.

Entre eles, sete airbags, alerta de colisão frontal, assistentes de frenagem autônoma com detecção de pedestre/ciclista, aclives e manobras evasivas, controlador de velocidade adaptativo com função Stop&Go, monitoramento da pressão dos pneus, ponto cego com alerta de tráfego cruzado e farol alto automático, para citar.

Veredicto

Para nossa alegria, a Ford manterá o motor V8 vivo enquanto existir demanda, embora já ofereça o 100% elétrico Mustang Mach-E (a partir de R$ 486.000). Mesmo assim, não há sensação melhor do que conduzir um carro norte-americano em baixa rotação, curtindo o som do bom e cultuado motor V8.

Por R$ 529.000 é uma opção aos consumidores que desejam uma experiência de condução diferente da oferecida pelos esportivos da Audi, da BMW, da Mercedes-Benz ou da Porsche.

Você teria um Ford Mustang GT Performance ou prefere um esportivo europeu? Escreva a sua opinião nos comentários!

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