A Ford Maverick caiu nas graças do público norte-americano, principalmente por ser um dos carros mais baratos da terra do Tio Sam. No Brasil, sua realidade é bastante diferente, já que ela ocupa uma faixa de preço mais alta, sendo mais cara que a versão topo de linha da Fiat Toro, ao mesmo tempo que custa R$ 25 mil a menos que a Ram Rampage de entrada.
Na linha 2024, a caminhonete trouxe algumas mudanças, mas ainda sem a reestilização que estreou há pouco no exterior. Ainda não existe uma previsão de chegada do modelo com o novo visual no Brasil, então nos resta avaliar o modelo atual, que agrada tanto ao volante que causou até um comparativo inusitado para o YouTube do Auto+. Em breve você saberá o que aprontamos.
Mesmo sendo menor do que uma Ranger, a Ford Maverick não é exatamente um veículo pequeno. O comprimento é de 5,07 m, com largura de 1,84 m. O entre-eixos é grande, com 3,07 m, mas isso não significa que há um grande espaço interno, como será mostrado mais para a frente. Ao menos a caçamba é grande, tendo 946 litros de capacidade, mas só sendo capaz de levar 617 kg de carga, o que é menos do que uma Fiat Strada.
Isso entrega a real faceta da Maverick. Seu objetivo não é ser uma caminhonete super robusta e capaz de levar até os meteoritos recolhidos da Lua, como a Renault Oroch. Seu maior mérito é conseguir unir a dirigibilidade de um sedã, com a versatilidade que só uma caçamba é capaz de proporcionar.
Ford Maverick ao volante
Dirigir a Maverick realmente é o ponto alto da caminhonete. É possível até esquecer de que se trata de um veículo utilitário. Encontrar uma boa posição de dirigir é fácil, graças ao ajuste elétrico do banco do motorista. A coluna de direção, com ajuste de altura e profundidade, também permite uma fácil acomodação.
Só a posição de dirigir que lembra mais a de uma minivan, ou um SUV alto, que entreguem que se trata de uma caminhonete. O motorista fica sentado como se estivesse em uma poltrona, com as pernas próximas de 90º. Entretanto, o comportamento da Maverick mistura um grande conforto ao rodar e uma suspensão de acerto impecável nas curvas.
A direção, com assistência elétrica, tem um bom peso, ficando mais firme conforme a velocidade aumenta. E o motor 2.0 turbo de 253 cv e 38,7 kgfm de torque, atrelado ao câmbio automático de oito marchas, entrega um desempenho forte e dá conta de levar os 1.744 kg da picape.
As respostas são rápidas. Basta acelerar um pouco mais que o motor corresponde. E as trocas de marcha são imperceptíveis. Até mesmo o sistema start/stop tem um bom funcionamento, com um funcionamento discreto e que nem incomoda.
De volta ao desempenho, ao menos sem estar com a caçamba cheia de cacarecos, a Ford Maverick tem força de sobra. O ponto alto é conduzir a caminhonete em rodovias. O isolamento acústico é bom e quase não se ouve o som do motor, proporcionando uma viagem de transatlântico.
Em curvas, o acerto de suspensão brilha, mantendo a picape como se estivesse em trilhos. De fato, a condução é o ponto alto desta caminhonete. Quem gosta de dirigir e pretende viajar por horas, tem aqui uma ótima opção na categoria.
E o consumo não é ruim, tendo encerrado o teste com média de 9 km/l, depois de mais de 500 km rodados. Oficialmente, ela faz 8,8 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada. Vale lembrar que o motor 2.0 turbo só aceita gasolina.
Cadê o espaço?
Como dito no começo, a Ford Maverick não é necessariamente um veículo compacto. Mesmo assim, o espaço interno para o banco traseiro é bastante limitado. Por ser alto, com 1,87 m, não consigo me acomodar bem na parte de trás. Só conseguiria se os ocupantes da frente fossem menores e conseguissem deixar seus bancos mais recolhidos.
E, como é tradicional em picapes, o encosto traseiro é bastante reto. Dessa forma, fica difícil se acomodar bem ali. Felizmente, na dianteira a situação é oposta. Os bancos são confortáveis e há espaço para os dois ocupantes.
Ainda sobre o interior da Maverick, há uma boa sacada, pois existe um bom compartimento de carga debaixo do banco traseiro. Isso é bastante útil para guardar pequenas compras, mochilas, ou qualquer outro objeto menor que fique fácil de acessar sem a necessidade de abrir a caçamba.
Entretanto, faltou uma saída de ar para quem viaja no banco traseiro. Ao menos há portas USB, para os ocupantes carregarem seus celulares. E felizmente a cabine fica fresca mesmo só com as saídas dianteiras, mas em um país tropical, como o Brasil, seria bom ter uma saída de ar para quem vai atrás.
Outros detalhes não tão positivos
No quesito acabamento, não tem como colocar isso como um ponto positivo da Ford Maverick. Se o visual é bom, o mesmo não pode ser dito dos materiais, já que o uso de plástico impera. Ao menos o couro utilizado nos bancos e no revestimento do voltante é bom.
Outros pontos que não são tão bons é a central multimídia SYNC 2.5, que tem uma configuração mais antiga e uma tela de oito polegadas, mas que parece ser menor do que de fato é. Além disso, há um pequeno porta-objetos ao lado dela que não serve para muita coisa. O espelhamento do Android Auto e Apple CarPlay é feito somente com fio, mesmo tendo um carregador por indução.
O painel de instrumentos é predominantemente analógico. Há uma tela de 6,5 polegadas no centro, mas as principais informações são analógicas. Isso não me incomoda, para falar a verdade. Mas entendo que o público que paga R$ 229.500 em um veículo possa querer um visor digital.
Equipamentos da Ford Maverick
Falta também alguns equipamentos para a Ford Maverick. Ela não tem ACC, assistente de permanência em faixa, borboletas para trocas de marcha, sensor de estacionacionamento e sensor de ponto cego. Este último faz falta, já que o retrovisor do motorista é no padrão americano e tem um zoom bizarro e que mais atrapalha do que ajuda. Outro ponto no estilo que os americanos gostam é a seta vermelha na traseira, que fica camuflada quando as luzes estão acesas e com a luz de freio ativada.
Ao menos há frenagem autônoma de emergência, sete airbags, farol alto automático, alerta de colisão frontal e assistente de partida em rampa. É um bom pacote, mas sem dúvidas os itens que faltam tornariam a Maverick ainda mais completa.
Veredicto
Ao volante, a Ford Maverick é realmente encantadora. Seu tamanho mais compacto do que as caminhonetes médias facilita a convivência em grandes centros, além da dirigibilidade ser uma das melhores no segmento.
Entretanto, os pontos negativos podem influenciar quem procura o modelo. A questão é que a Maverick é uma caminhonete tão boa ao volante, que quem aprecia uma boa direção, facilmente esqueceria esses detalhes. E alguns deles foram corrigidos na reestilização apresentada há poucas semanas, e que deve chegar ao Brasil em 2025. Mas ao menos a versão atual é competente e pode surpreender ao dar uma volta com ela.
Você teria uma Ford Maverick? Deixe nos comentários a sua opinião.