A estrela no capô

Com o Mercedes Classe E, a porta do restaurante é sua | Avaliação

Não há outro tipo de carro no Brasil (a não ser um Classe S) que seja tão afirmativo quanto um Mercedes-Benz Classe E

Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]

Quando pensamos em um sedã de absoluto luxo e que vai ser disputado a tapa pelos manobristas do restaurante, certamente a maioria das pessoas pensa em um Mercedes-Benz Classe E. Desde os tempos dos faróis redondos, copiados até pelo VW Polo, até o quase autônomo modelo de hoje, ele é uma declaração sobre rodas.

Totalmente renovado para uma nova geração, o Mercedes-Benz Classe E desembarcou no Brasil em versão única, a Exclusive 2.0 por R$ 639.900. Como a maioria das outras montadoras arregou do segmento, cabe a ele disputar a vaga da sua garagem e a porta do restaurante com o BMW Série 5. Mas a evolução fez sentido ao Classe E?

Teoria vs prática

Quando a Mercedes-Benz anunciou que o Classe E seria vendido no Brasil somente com motor 2.0 quatro cilindros turbo semi-híbrido, houve histeria coletiva. Afinal, estávamos acostumados a pensar que um carro com quase 1 m de capô teria pelo menos um motor V6 ou V8. Mas faz tempo que o E300 é 2.0 turbo.

Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]

São 258 cv e 40,8 kgfm de torque, o que significa mais força que o Classe E de duas gerações atrás contava quando tinha motor 3.5 V6. Como ele possui um pequeno motor elétrico que substitui o alternador e o motor de partida, o Mercedes é capaz de rodar na estrada com o motor desligado ao detectar decidas e velocidade constante.

Esse recurso só funciona no modo Eco e com o start-stop ligado – pelo menos mudar o modo de condução é rápido de ser feito e o botão do start-stop é fácil de ser acessado. Como resultado, oficialmente ele marca 9,5 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada. Só que, durante nossos testes, ele chegou a 11 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada.

Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]

Ele é nitidamente um carro voltado a economia, mas faz de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos, mesmo pesando 1.855 kg. Lento ele não é, mas não tem aquele desempenho estrondoso que poderia se esperar de um carro de luxo. Sempre vai ter força quando for necessário, mas ele não vai te colar no banco.

Estrela da casa

Essa pegada voltada a economia de combustível combina também com a suavidade suntuosa que o Classe E tem. O E300 traz transmissão automática de nove marchas com trocas imperceptíveis. O câmbio reage rápido e tem comportamento como uma transmissão automática tradicional, mas com a suavidade e linearidade de um CVT.

Ele tem tração traseira, mas é um carro extremamente equilibrado que pende para a neutralidade. Isso vale para a direção e suspensão, que tem a dureza e firmeza tipicamente de carros alemães, os quais sempre privilegiam a dinâmica de condução. Só que trabalham com o conforto em mente.

A direção tem firmeza necessária para que, em altas velocidades, o Classe E navegue como um transatlântico. Já na hora das manobras, por ter eixo traseiro esterçante, o sedã de 4,94 m de comprimento, 1,88 m de largura, 1,46 m de altura e 2,96 m de entre-eixos pode ser estacionado tão fácil quanto um hatch pequeno.

Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]
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Já a suspensão filtra bem as imperfeições do solo em velocidade. Por ter pneus 245/40 R20, ele é sensível a buracos. Mas a Mercedes fez um ótimo trabalho de isolamento na cabine. Quase como se o Classe E tivesse sido educado para que nunca incomodasse ninguém que está lá dentro com solavancos, irregularidades ou qualquer outro problema.

O topo tem (quase) tudo

De série, o Mercedes-Benz Classe E investiu forte em tecnologia e segurança. Estão disponíveis airbags laterais até para os passageiros traseiros, algo que tem crescido nos tempo atuais, mas ainda é raro. Além disso, conta com alerta de tráfego cruzado, frenagem autônoma de emergência, assistente de manutenção em faixa e piloto automático adaptativo.

Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]

Todos esses sistemas de auxílio à condução trabalham de maneira inteligente sem incomodar o motorista. Quando atuantes, deixam a viagem mais confortável e sem esforço. Há ainda itens como teto solar panorâmico, park assist, chave presencial, ar-condicionado digital de duas zonas, sistema de som premium, alerta de ponto cego e câmera 360°.

Além disso, o Classe E traz uma desnecessária câmera de selfie no centro do painel que só funciona com o carro parado. Há também uma tela auxiliar para o passageiro controlar alguns sistemas do carro que, novamente, não tem qualquer tipo de funcionalidade útil de fato. Afinal, existe uma enorme e ótima central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.

Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]

Mas a maior mancada está na não presença do porta-malas com abertura elétrica. Carros de R$ 200 mil já vem, em sua maioria, com esse tipo de equipamento. Mas em um sedã de alto luxo de R$ 600 mil, isso se torna um defeito grave. Não que abrir um porta-malas seja difícil, mas se um Honda HR-V tem isso como item de série, o que justifica um Mercedes Classe E não ter?

Elegância da modernidade

Por dentro e por fora, o Mercedes-Benz Classe E contrasta elementos clássicos que o modelo sempre teve, com pontos da modernidade da marca. Os faróis têm partes arredondadas na superfície inferior para lembrar dos olhos clássicos do modelo. Mas vieram em LEDs com espelho, não projetores como há lá fora.

Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]

A grade frontal com filetes horizontalizados e estrela no capô é um clássico do modelo, mas ela agora é integrada aos faróis tal qual nos modelos elétricos EQ. A traseira exibe lanternas conectadas com o logotipo da marca alemã criados através do desenho dos LEDs. O perfil continua de um sedã tradicional, com capô e traseira bem definidos e longos.

Por dentro, o modelo mescla elementos modernos como as saídas de ar integradas, as três enormes telas e a grande quantidade de LEDs coloridos com detalhes em madeira e couro claro (há opção de couro preto). É a modernidade que a década de 2020 exige, mas mantendo o charme que o Classe E sempre teve.

Fora a área de vidro para as telas, todo o painel é revestido em couro macio, o mesmo vale para as portas que recebem três texturas diferentes de materiais macios. O acabamento é irrepreensível com poucos plásticos e montagem bem feita. A exceção vai para a barra dos comandos físico abaixo da central, que parece molenga.

Executivo mesmo

Além de ter regulagem elétrica automática feita pela seleção da sua altura na central multimídia, o Classe E permite que o motorista tenha uma vastidão de comandos elétricos. O volante tem boa amplitude de ajustes de altura e profundidade, enquanto o banco pode proporcionar uma posição de condução esportiva, bem baixa, ou mais neutra e alta.

Na traseira, os passageiros contam com bastante espaço para as pernas e cabeça. Mesmo sendo um sedã bem baixo para entrar e sair, quem senta atrás não fica afogado ou se sentirá claustrofóbico. No porta-malas, são 540 litros de capacidade, que podem ser ampliados com o apertar de um botão que faz os bancos rapidamente deitarem.

Veredicto

No final do dia, fica difícil justificar a compra do Mercedes-Benz Classe E, por mais que ele seja um bom carro (e de fato é, e muito), quando existe o BMW Série 5 híbrido custando R$ 64.950 a menos. O rival tem mais potência e a ajuda da eletrificação, sendo igualmente um carro moderno, elegante e refinado.

Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz Classe E-[Auto+ / João Brigato]

O caso do Classe E só faz sentido se você faz questão absoluta de um Mercedes-Benz. Afinal, só os modelos da marca contam com a estrela de três pontas no capô e, por mais que a compra racional esteja do lado do BMW, você pode ter certeza que entre um Série 5 e um Classe E, certamente é o Mercedes que vai ser exibido na porta do restaurante.

Você teria um Mercedes-Benz Classe E? Conte nos comentários.


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