Avaliação

Chevrolet Equinox mostra como é o Onix nos EUA - Avaliação

Enquanto no Brasil o Chevrolet mais vendido é o Onix, lá nos Estados Unidos esse papel é atribuído ao Equinox

Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]

Brasil e Estados Unidos são um gigantesco contraste quando se trata de automóveis. Os carros que aqui chamamos de médios, são considerados compactos por lá. E nossos compactos nem se atrevem a andar pelas ruas dominadas por picapes gigantescas. Prova desse contraste é que o Chevrolet mais vendido dos EUA é o Equinox, não o Onix.

O Onix, aliás, nunca foi e nem será vendido nos Estados Unidos pois é considerado um carro pequeno demais para esse mercado. Com status de carro de classe média-alta aqui no Brasil, o Chevrolet Equinox conta somente com versões mais refinadas para tentar barrar o Jeep Compass, enquanto lá fora é um carro de volume.

Mas o Equinox é realmente o Onix com gosto americano? Testamos a versão intermediária Premier com motor 1.5 turbo para entender as discrepâncias de realidade entre o Chevrolet mais vendido de lá e o de cá.

Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]

Cruzadas

Ao contrário do Onix que usa a nova plataforma modular global GEM, o Chevrolet Equinox é feito sobre a base D2XX que dá vida a ele e ao Cruze. A plataforma permitiu ao SUV ter porte bastante avantajado com 4,65 m de comprimento, 1,84 m de largura e 1,69 m de altura. É bem mais que o Jeep Compass.

Contudo, ele não tem sete lugares como o Volkswagen Tiguan Allspace, que tem porte parecido. Até seria possível, pois o porta-malas de 468 litros é gigantesco e há bastante espaço na segunda fileira de bancos. Esse, aliás, é o maior trunfo do Equinox.

Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Ele tem complexo de minivan, com posição de dirigir bem alta e modularidade interna surpreendente. O porta-malas tem dois andares e uma super prática alavanca que permite dobrar a segunda fileira de bancos com um puxão. Ela fica totalmente lisa em relação ao porta-malas aumentando o espaço.

Quem senta atrás tem boa área para as pernas e para a cabeça. Nessa versão Premier de R$ 170.290, ainda pode desfrutar de um mais que generoso teto solar panorâmico. Além disso, a Chevrolet traz duas entradas USB de carregamento rápido para entreter as crianças em viagens.

Além da plataforma de Cruze, o Equinox tem nível de acabamento parelho a ele. Não é tão bom quanto o do Compass, mas é sofisticado. Tem bastante couro nas portas e painel, enquanto os plásticos usados tem uma leve textura emborrachada, apesar de serem duros.

O volante tem teclas de borracha um tanto quanto aquém do restante do conjunto. Há de série ar-condicionado digital de duas zonas com comandos físicos de fácil acesso, banco do motorista bastante confortável com regulagem elétrica com memória e porta-malas com abertura elétrica em três estágios diferentes.

Suficiência

Até o final de 2019, a Chevrolet trazia ao Brasil somente o Equinox com motor 2.0 turbo do Camaro. Mas a linha 2020 trouxe mudanças. Entraram novas versões e um motor mais fraco e, em tese, mais econômico. Por R$ 170.290, a versão Premier 1.5 é apenas R$ 9.900 mais barata que a Premier 2.0 de R$ 179.190 e não compensa a diferença de desempenho.

O motor 1.5 entrega saudáveis 172 cv e 27,8 kgfm de torque, mas parece menos. A Chevrolet nitidamente acertou o Equinox para o conforto, em especial na transmissão automática de seis marchas. Ela tem trocas lentas e tende a segurar a rotação alta antes de trocar de marcha até a terceira.

Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Dali em diante as trocas ficam praticamente imperceptíveis, mas o Equinox demora a reagir. E há dois pontos a mais que a transmissão se torna irritante. A troca de marcha é feita por um botão na parte de cima da alavanca, inexplicavelmente. E funciona somente no modo Low. Além disso, não há indicação de qual marcha ele está no modo automático. As falsas borboletas atrás do volante são comandos do rádio, não se confunda.

Em retomadas ele toma alguns segundos antes de começar a acelerar. Vencida a letargia inicial, ele ganha velocidade de maneira satisfatória. É o suficiente para um SUV que passa muito longe de ter pretensões esportivas.

Inegavelmente confortável, ele tem direção leve em todas as situações, até na estrada. Mas isso não é problema para um carro equipado com sistema de manutenção em faixa, que mantém tudo no lugar. Além disso, apesar de ser alto, não é tão suscetível a ventos laterais como outros SUVs, mesmo com direção mais leve que a maioria.

Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
A suspensão segue nessa pegada voltada ao conforto. Mantém a carroceria do Equinox estável na estrada e pouco inclina em curvas mais fortes. Mas cuidado com os buracos e valetas, pois tem curso curto e tende a bater com frequência. Aliás, o SUV médio em questão de altura a aptidão para andar na terra, está mais para o lado da Spin do que para o Trailblazer.

É justamente por isso que o Chevrolet Equinox mostra que a estrada é o seu território nato. Durante nossos testes ele atingiu 13 km/l em trechos de alta velocidade, mantendo constância em seu comportamento e uma direção relaxante para encarar vários quilômetros sem a menor dificuldade.

Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Já na cidade o consumo foi alto, ficando abaixo dos 7 km/l, mesmo em locais com pouco trânsito. Apesar disso, ele é ágil para o trânsito urbano e, apesar de grande, não parece um trambolho nas ruas apertadas de cidades movimentadas.

Conectado até a página dois

Em tecnologia o Equinox está muito bem servido. Vem equipado com estacionamento automático (mas é preciso que o motorista controle pedais e câmbio), monitoramento de ponto cego, alerta de tráfego cruzado, frenagem autônoma de emergência, farol alto automático e seis airbags.

Ainda tem carregamento de celular por indução, piloto automático (não adaptativo como no Cruze, estranhamente), faróis de LED com ajuste de altura automático, chave presencial com função de ligar o motor remotamente, câmera de ré com boa definição e central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay.

Ao invés de produzir os típicos sons de alerta para o sensor de ré, alerta de tráfego cruzado e para o alerta de colisão, o Equinox prefere chamar a atenção do motorista de outra maneira. Um tanto quanto inconveniente e que me provocou diversos sustos (e risos): banco treme exatamente onde estão seus fundilhos.

Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Já a central multimídia começa a entregar a idade do Equinox. Ela não é tão atual quanto a do Cruze ou do Onix. Não tem Wi-fi à bordo e os gráficos já estão bastante datados. Em contrapartida, é fácil de usar, rápida e tem tela com boa definição.

Outro ponto que já mostra as rugas do Equinox é o painel de instrumentos. A tela digital é prática, mas tem desenhos antiquados e carece de mais funções de controle e informações sobre o carro. Os instrumentos analógicos também tem estilo antigo.

Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]
Chevrolet Equinox Premier 1.5 [Auto+ / João Brigato]

Veredicto

Com a reestilização já mostrada nos Estados Unidos e aguardando apenas o sinal verde para chegar ao Brasil, o Chevrolet Equinox pode ser visto como em dois momentos. Ou esperar para o novo modelo chegar, que trará importantes mudanças internas e de equipamentos, ou barganhar nas concessionárias em busca de um preço melhor.

Por R$ 170.290, a versão Premier 1.5 tem valor muito próximo ao da Premier 2.0 turbo de R$ 179.190, que é bem mais potente, divertida e gasta um pouco mais de combustível. Apesar disso, o Equinox é uma escolha certeira para quem quer muito conforto à bordo, um bom carro para a estrada e ter a praticidade de uma minivan com o estilo de um SUV.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

>>Avaliação: Chevrolet Tracker LT é um belo sorvete de creme Haagen-Dazs

>>Comparativo: Nivus Highline e Tracker LT são tão iguais e tão diferentes

>>Avaliação: Chevrolet S10 High Country: não contavam com minha astúcia