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Estar sozinho em um segmento tem vantagens e desvantagens. O lado bom é que, se o cliente busca um carro com as características que o seu produto oferece, só há o seu modelo. Por outro lado, sem concorrência, não há necessidade de melhorar seu produto. Só que não foi isso que a CAOA Chery fez com o Tiggo 8 PHEV.
Ao invés de deitar na sombra e relaxar, a marca ouviu críticas dos consumidores, melhorou alguns pontos do SUV médio de sete lugares eletrificado e agora traz um conjunto que faz muita gente reconsiderar até carros premium. Ou será que os R$ 279.990 ficaram altos demais para ele?
Conversa feita
Assim como no Tiggo 7 PHEV, o CAOA Chery Tiggo 8 PHEV traz motor 1.5 quatro cilindros turbo de 147 cv e 22,4 kgfm de torque. Ele é combinado a mais dois motores elétricos que possuem 170 cv e 34,2 kgfm. Ao todo, temos à disposição 314 cv e 56,6 kgfm em um SUV de sete lugares que chega aos 100 km/h em 7,2 segundos.
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A Chery conseguiu reduzir o tempo de 0 a 100 km/h em 0,1 segundo sem aumentar potência e torque. Isso só foi possível azeitando melhor a relação dos dois motores. Agora, a transição entre o combustão e o elétrico é mais sutil. A aceleração começa com o elétrico, que faz o SUV destracionar.
Depois, os dois motores vão juntos com o combustão funcionando como gerador de energia e contribuindo com parte da força. É nítido quando o 1.5 turbo entra em ação com força total, porque há como se fosse um click no conjunto e o Tiggo 8 PHEV dispara com tudo. Apesar disso tudo, é 0,2 segundos mais lento que o Commander com motor 2.0 turbo.
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É que, por mais que seja verdadeiramente rápido, a Chery calibrou o modelo para conforto. O Tiggo 8 não tem reações bruscas, apesar de instantâneas. Junte isso ao fato de que a direção foi pensada para ser leve. Ela chega ao ponto de ser anestesiada, trazendo pouco feedback do asfalto.
Já a suspensão, tunada especificamente para o mercado brasileiro, é um deleite frente ao típico dos carros chineses. O Tiggo 8, apesar de ter tamanho de ônibus, não parece ser tão grande assim. Ele faz curvas com controle e absorve bem os impactos. Não tem a mesma robustez do Commander, mas o conforto e dinâmica são comparáveis.
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Subida de nível
Além da melhoria no conjunto mecânico, a CAOA Chery também trouxe mais sofisticação para o interior do Tiggo 8 PHEV. Agora, o SUV tem revestimento interno em couro marrom, o que passa uma sensação de mais refinamento. É um material de qualidade, com toque agradável e presente nas portas, console central, bancos e painel.
Os encaixes são muito bem feitos e as superfícies tem cuidado que chega próximo a uma marca premium. Mas há algumas cafonices, como o inscrito Tiggo em letra cursiva nas saídas de ar traseiras e ao lado da central multimídia, além de peças nitidamente copiadas de carros da Mercedes – chineses ainda acham que copiar marcas de luxo é algo bom.
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Na atualização, a central multimídia e o painel de instrumentos passaram a ser feitos em uma tela curva de excelente qualidade. O SUV também ganhou head-up display, que parece um pouco barato para o nível do carro. Mas o destaque vai para o banco do passageiro. Ele conta com regulagem elétrica, massagem, ventilação e aquecimento.
Além disso, pode ser controlado eletricamente por botões na parte lateral traseira para dar mais espaço a quem senta atrás. Há ainda uma função que eleva a almofada na região das panturrilhas para dar a sensação de um spa. É um tipo de refinamento que só carros bem mais caros possuem.
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O espaço interno é farto, especialmente na segunda fileira. A turma do fundão vai passar um pouco de aperto, mas algo normal dentro da categoria. O porta-malas tem abertura elétrica e pode levar 193 litros quando todos os bancos são usados. Já com a terceira fileira deitada, são 889 litros.
Veredicto
A CAOA Chery poderia ficar quieta e deixar o Tiggo 8 PHEV sem nenhuma atualização por muito tempo. Afinal, ou você compra esse modelo de sete lugares híbrido plug-in, ou um Volvo XC90 (que custa o dobro). Ainda que R$ 279.990 possam parecer muito, está bem abaixo do Jeep Commander com motor 2.0 turbo.
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O rival da Stellantis tem performance semelhante, interior igualmente refinado, mas bebe muito mais. Ou seja, no final das contas, o Tiggo 8 PHEV entrega um custo-benefício forte junto com o fato de ser um modelo único na categoria. Além disso, por R$ 40 mil a mais que o Tiggo 7 PHEV, é até mais negócio.
Você teria um CAOA Chery Tiggo 7 PHEV? Conte nos comentários.