BYD Song Premium é o verdadeiro plus a mais | Avaliação 

Eu sei que o título que você leu é uma redundância. Mas isso diz muito sobre o BYD Song Plus Premium, que daqui para frente chamarei só de Song Premium porque o nome ficou exageradamente grande. Mas ele é a verdadeira redundância sobre rodas em diversos aspéctos. Pelo lado bom e pelo lado ruim

Começa pelo fato de que o BYD Song Premium é a ponta mais alta da família Song: parte do Song Pro (duas versões, a GL de R$ 194.800 e GS de R$ 204.800) e antes terminava no Song Plus (R$ 244.800). Para ser o SUV mais sofisticado com motorização híbrida, o Song Premium sai por R$ 299.800 como versão do Song Plus.

A mira da BYD com ele é nitidamente marcada no GWM Haval H6 PHEV34, que é um pouco mais barato, R$ 283.000. Além disso, essa nova variante do Song Plus acaba com a grande reclamação dos clientes quanto ao SUV, que tem motor 1.5 aspirado, enquanto o Premium é turbinado e, ainda por cima, 4×4. Mas todo mundo precisa disso?

Conjunto mecânico complementar

Parte da redundância do BYD Song Premium vem de seu conjunto mecânico. Ele combina um motor 1.5 quatro cilindros turbo a gasolina de 129 cv e 22,4 kgfm de torque. Parece pouco, não? Mas é que ele funciona como um auxílio para o sistema elétrico e como gerador de energia para as baterias. 

Ou seja, o motor 1.5 é o backup do conjunto híbrido do Song Premium, não o contrário como a maioria das marcas fazem com seus híbridos. O que verdadeiramente impulsiona o SUV híbrido é o par de motores elétricos, ambos com 30,6 kgfm. O dianteiro entrega 201 cv, enquanto o traseiro adiciona 161 cv à conta.

Com isso, temos um SUV de 2.020 kg com 308 cv e 56,1 kgfm de torque capaz de chegar aos 100 km/h em 5,2 segundos. Só que o interessante é como essa entrega é feita. Nada de patada brusca ou acelerações brutais. O Song Premium encanta pela sutileza e linearidade.

Ao sair da inércia, ele parte mais devagar, como se testasse o terreno. Vai ganhando velocidade e te empurrando contra o banco. Quando o ronco do 1.5 entra em ação, ele vira um canhão, acelerando forte como era um Volkswagen Tiguan 2.0 antigamente. E tem muito SUV potente que come poeira para ele.

Em retomadas, contudo, essa elegância da linearidade some um pouco, tendo respostas rápidas e instantâneas. Fazer uma ultrapassagem com ele é extremamente tranquilo e sem esforço. Mas, sua bateria vai esvair rapidamente, visto que a autonomia declarada no INMETRO é de 52 km. Na vida real, faz 75 km com uma carga.

Comportamento europeu, com toque chinês

Outro ponto que chama muita atenção no BYD Song Premium é o refinamento de rodagem. O conjunto elétrico o torna muito silencioso, enquanto o motor a combustão entra raramente em ação e não transmite vibração para a cabine. Junte isso ao isolamento acústico primoroso e terá a sensação de carro premium.

Não foi dessa vez que a BYD acertou totalmente a suspensão do carro, o modelo mais próximo do gosto brasileiro que a marca chinesa tem é o Yuan Pro. Ainda é um conjunto mole e que, em alta velocidade, flutua como se fosse um transatlântico. Ele balança suavemente e deixa claro ser molenga.

Mas, quem busca conforto, verá que o Song Premium cumpre com o prometido. Isso tira boa parte do prazer ao dirigir, que é substituído por uma serenidade invejável. Como a grande maioria dos consumidores hoje em dia compra um SUV buscando conforto, a pegada da BYD faz certo sentido.

Aqui o Premium do Song faz sentido

Tudo bem, você não ficou convencido que o conjunto mecânico híbrido do BYD Song Premium o faz um carro sofisticado. Nem o rodar silencioso e sólido te fez ver o modelo com outros outros? Tá bom. Então entre nele. É inegável o nível que os carros chineses chegaram em questão de acabamento a ponto de não dever nada a uma marca de luxo.

O Song Premium, assim como o Song Plus, combina elementos em azul marinho, bege e costuras laranja. Tudo que é azul marinho é um tipo de material emborrachado macio ao toque, exceto no volante que é couro, assim como no apoio de braço. Os elementos bege são de couro sintético com toque aveludado muito agradável.

Os encaixes são muito bem feitos, com nenhuma rebarba aparente e peças com pouco espaço uma para a outra. Há plástico somente de forma decorativa, com superfície preto piano no painel e no console central, ambas extremamente fáceis de sujar, assim como a tela da central multimídia.

Por falar em sujar, a falta de opção de revestimento preto no interior faz com que o Song Premium fique encardido fácil. O couro bege suja até com uma calça jeans, ficando marcas por toda cabine mesmo depois de somente uma semana de uso. O brasileiro tende a preferir couro mais escuro justamente por isso e poderia ser uma opção.

Melhoria constante

Algo que chama atenção sempre nos carros da BYD são as telas. O painel de instrumentos totalmente digital é o mesmo do Song Plus, mas foi ganhando alguns recursos extras. Ele marca autonomia elétrica em porcentagem ou quilometragem, consumo de energia e gasolina, além de agora marcar o uso da potência em HP, não mais kW,

A central multimídia é maior em relação ao Song Plus e, confesso, ficou exagerada. É grande demais, sem necessidade. A definição é excelente, além de ser fácil de mexer, mas não precisava ser dessa maneira. Ela conta com Android Auto e Apple CarPlay, além de ter comandos do ar-condicionado e várias funções conjugadas ali.

No quesito espaço, o Song Premium manda muito bem. Quem senta no banco da frente tem muitas opções de regulagem, mas sempre senta alto demais e vertical. Já o banco traseiro conta com ajuste de inclinação do encosto, que permite ter mais conforto na viagem. O teto panorâmico e o piso plano ajudam ainda mais no conforto. Porta-malas leva bons 574 litros.

Muito equipado

Por se tratar do SUV híbrido mais caro e sofisticado da BYD, o Song Premium vem muito equipado. De série, conta com seis airbags, controle de tração e estabilidade, frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança de faixa, alerta de ponto cego, sistema de câmeras 360° de ótima qualidade, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro.

Há ainda chave presencial, bancos dianteiros com ajuste elétrico, ventilação e aquecimento, além de teto solar panorâmico, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado digital de duas zonas, farois com acendimento automático, sensor de chuva, porta-malas com abertura elétrica, dois carregadores de celular por indução.

Ele ainda traz retrovisores com rebatimento elétrico e aquecimento, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, painel de instrumentos totalmente digital, alerta de tráfego cruzado, partida remota, faróis e lanternas full-LED, rodas de liga-leve de 19 polegadas e sistema de som premium.

Veredicto

Assim como aconteceu com a Shark, a BYD deixou de lado sua estratégia de preços muito agressivos e começou a cobrar a mais que seus concorrentes. O Song Premium é mais caro que o GWM Haval H6 PHEV34 sem oferecer a mais do que ele. Contudo, os quase R$ 300 mil que são cobrados, no final das contas, são justos por ele.

Afinal, você tem um SUV verdadeiramente espaçoso, refinado, econômico e que anda bem. A sensação de que você está em um carro caro é condizente com o valor cobrado. Se seu receio com o Song Plus era ter pouca potência quando a bateria acabasse, com o Premium esse medo se esvai. Pena que, visualmente, pareceu uma regressão.

Você teria um BYD Song Premium? Conte nos comentários.

---