BYD Seal prova que esportividade não é só potência | Avaliação

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

A régua dos comentaristas da internet é sempre baseada em números. Para muitos, um carro de 500 cv é automaticamente um esportivo, enquanto um Honda Civic Type-R é uma piada por ter 297 cv (mesmo sendo um dos esportivos mais respeitados de todos os tempos). Então, nessa lógica, o BYD Seal é um belo de um esportivo? 

Calma. Muita calma nessa hora. Até o momento estava dizendo sobre a régua dos comentaristas de internet. Mas a real é que um carro esportivo não é feito somente de números. Temos o Mazda Miata, que sempre foi pouco potente como um dos esportivos mais amados do mundo. Ou o VW Jetta GLI, que é um esportivo, com metade da potência do Seal.

Raio de força

Para compor o conjunto mecânico do BYD Seal, a marca chinesa combina um motor elétrico dianteiro de 218 cv e 23,4 kgfm de torque com um traseiro de 313 cv e 36,7 kgfm. O resultado são animadores 530 cv e 60,2 kgfm de torque, que colocam o sedã em 100 km/h partindo da inércia em 3,8 segundos. A autonomia é de 372 km segundo o INMETRO, mas a vida real mostra números acima de 450 km.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
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É um número que a BYD se orgulha tanto que coloca na traseira do Seal um emblema 3.8S representando o tempo de aceleração. A velocidade máxima, contudo, é limitada a 180 km/h, como é algo típico de carros elétricos: aceleram rápido, mas tem velocidade máxima um tanto quanto limitada. 

São números que te fazem colar no banco e fazer com que qualquer passageiro seja pego no susto durante uma aceleração e grite mais do que um motor V8, o que o Seal não tem. Aliás, a BYD, diferentemente de várias outras marcas, decidiu por não colocar nenhum som simulado no Seal. O que indica sua real natureza.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Esportividade é uma coisa diferente

O grande ponto sobre o BYD Seal é que ele é, de fato, um carro rápido. Agora, esportivo, não. Para chegar nesse nível faltam alguns toques. Ele precisaria ter uma suspensão mais firme. A calibragem usada é mais rígida que o típico da marca, oferecendo um bom comprometimento entre conforto e controle.

Entretanto, quando você abusa nas curvas, percebe que a carroceria mergulha e inclina mais do que se estivesse em um VW Jetta GLI ou até mesmo em um Honda Civic híbrido. É uma pegada mais próxima de Toyota Corolla e Nissan Sentra, os quais possuem zero pretensões esportivas.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

A direção também tem mais firmeza e resposta que o acerto típico da marca. Contudo, precisaria de um toque a mais para classificar o modelo no lado dos esportivos. Você sente segurança em alta velocidade e manobra com facilidade, o que se torna muito bom para o uso no dia-a-dia.

Como a ideia do Seal é oferecer um modelo confortável que por um acaso é rápido, a atuação adiantada dos controles de tração e estabilidade. Ao carregar o pedal do acelerador em uma curva, o BYD corta totalmente a força ao sentir que os pneus estão destracionando. Em geral, a frente aponta mais, enquanto a traseira estanca.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Os freios também são subdimensionados para o carro. Em uma tocada mais agressiva, ele dá fading cedo. Além disso, a frenagem brusca faz com que a traseira sambe um pouco, exigindo um controle maior do motorista. Novamente, é um carro muito bom de andar, mas não espere dele esportividade. 

Atualizando o Windows

Uma das grandes vantagens das marcas chinesas é o acesso rápido a novas tecnologias e o comprometimento em atualizar produtos que estão em linha. Quando dirigi o BYD Seal pela primeira vez, reclamei muito do sistema ADAS que tinha funcionamento bem ruim e estavam mal calibrado.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
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Cerca de um ano depois, quanta diferença. Antes, ele corrigia o posicionamento do carro nas faixas com socos no volante. Agora, o sistema atua de maneira tão suave e inteligente, que você fica tentado (e confiante) a largar o volante e deixar que o Seal faça todo o trabalho sozinho.

O piloto automático adaptativo chegou ao nível da Honda, atuando de maneira inteligente, linear e orgânica. Ainda com um bônus. Quando o BYD Seal para completamente, não é preciso acionar o acelerador ou o reset no volante quando o ACC está ligado. Ele mesmo retoma a aceleração sem intervenção.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

O sedã ainda conta com um interessante sistema de alerta de saída segura, em que usa os sensores do alerta de ponto cego para avisar aos passageiros que há algum carro, moto, bicicleta ou pessoa passando pela lateral do Seal. Caso a porta seja aberta, ele pisca luzes vermelhas e emite um aviso sonoro, impedindo o acidente.

De tudo um pocuo

Além de todos esses sistemas de auxílio de condução e dec desembarque, o BYD Seal conta com chave presencia, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado digital de duas zonas, bancos dianteiros com regulagem elétrica, aquecimento e resfriamento, teto panorâmico e faróis full-LED.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Há ainda seis airbags, controle de tração e estabilidade, sistema de câmeras 360º, frenagem autônoma de emergencia, monitoramento de pressão dos pneus, porta-malas com abertura elétrica, sistema de som premium Dynaudio com subwoofer e head-up displays.

Sigam-me, os bons

Investir R$ 299.800 em um carro, eleva o patamar de exigência. Mas não há carro de marca generalista, como é o caso da BYD, que tenha um nível de acabamento igual ao do Seal. O interior tem revestimento de couro com várias texturas diferentes no painel e portas, além de detalhes em suede e opção de cor azul ou preta.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]
BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

É um tipo de acabamento que você espera ver em um BMW, Audi ou Mercedes-Benz, ainda que o couro usado nos bancos grite ser artificial (mas de qualidade). A montagem é esmerada, com todas as peças bem encaixadas e sem vãos. Onde há plástico, a BYD usa texturas e cores para chamar a atenção.

A ergonomia é perfeita, com todos os comandos fáceis de serem operados e nas mãos. Pênalti só para os botões na extremidade do volante que sempre são acionados sem querer em curvas. A central multimídia é típica da marca, com tela de ótima qualidade de fácil de mexer.

Ela não exige mais que você saia do Android Auto e do Apple CarPlay para controlar o ar-condicionado. Basta deslizar três dedos para cima ou para baixo para controlar a temperatura, enquanto lateralmente a velocidade de ventilação que é ajustada. O problema é que você precisa entrar em um menu só para ajustar para onde o vento vai — o que é muito irritante.

O BYD Seal conta com console central bem alto com porta-objetos na parte inferior e entradas USB, enquanto o descanso de braço oculta mais um espaço de armazenamento. Na traseira, os passageiros contam com saídas de ar, entradas USB para carregamento e porta-copos no apoio de braço central.

O espaço é bem bom, trazendo piso plano e área para a cabeça vasta, mesmo com o teto panorâmico enorme. As pernas ficam um pouco mais altas do que seria uma posição totalmente confortável, mas não é ruim. Porta-malas leva 400 litros e conta com um alçapão para armazenamento extra. Na frente são 53 litros a mais.

Veredicto

O BYD Seal cumpre a missão de ser um carro muito rápido, mais luxuoso que esse tipo de categoria e posicionamento de marca deveria ter, além de ser tecnológico em níveis altíssimos. Ele entrega uma experiência premium sem exigir o preço para tal, além de boa autonomia na vida real.

BYD Seal [Auto+ / João Brigato]

Entretanto, se você busca um carro essencialmente esportivo, aqui não terá. O comportamento do Seal é voltado a conforto e requinte. Ele é a prova viva de que cavalos demais não fazem um esportivo. Mas que ele vai deixar até modelos da Ferrari para trás em uma linha reta, isso ele vai fazer.

Você teria um BYD Seal? Conte nos comentários.