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Pequeno e valente!

BYD Dolphin Mini: pequeno no nome, grande na missão de convencer você a ter um elétrico | Avaliação

O BYD Dolphin Mini pode mudar a opinião dos céticos sobre carros elétricos, mas será que dá para usá-lo no dia a dia e até viajar?

BYD Dolphin Mini amarelo parado em frente a um portão branco e com árvores ao fundo
BYD Dolphin Mini [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Vou começar esta avaliação com uma pergunta: você acredita que, no futuro, todos os carros serão totalmente elétricos ou a hibridização é o caminho mais sensato? Apesar de algumas montadoras já terem revisto seus planos de adotar uma frota totalmente livre de emissões, é inegável que os modelos 100% movidos à eletricidade já se tornaram realidade.

Os primeiros carros elétricos surgiram ainda no século XIX e, muito antes da popularização dessa tecnologia, a Chevrolet já fazia sua aposta com o EV1, lançado em 1996. Contudo, foi a BYD quem tornou a eletrificação algo realmente viável para os brasileiros. Aliás, dos 13 modelos de passeio oferecidos no Brasil, oito são totalmente elétricos.

O Dolphin foi o responsável por liderar essa revolução em nosso mercado, e o Dolphin Mini surfa na mesma onda — mas com uma proposta diferente. Ele entrega atributos únicos, embalados em um visual próprio, dimensões que nem são tão compactas assim, além de uma frente com faróis que lembram o Lamborghini Huracán.

BYD Dolphin Mini amarelo de frente-lateral
BYD Dolphin Mini [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Lançado em fevereiro de 2024, o BYD Dolphin Mini rapidamente se tornou um incômodo — tanto para outros elétricos quanto para os compactos com motor a combustão. Ele é oferecido em duas versões: com quatro lugares (R$ 118.800) ou com cinco lugares (R$ 122.800) — faixa de preço equivalente à do Volkswagen Polo Comfortline, que parte de R$ 120.490.

Dolphin Mini não é tão mini assim

O BYD Dolphin Mini, assim como o Dolphin e o Dolphin Plus, também é sustentado pela arquitetura e-Platform 3.0 — desenvolvida pela fabricante chinesa exclusivamente para veículos elétricos. Ele pode até carregar o sobrenome “Mini”, mas será que, na ponta da fita métrica, o porte é realmente pequeno?

Na verdade, não. São 3,78 m de comprimento — 10 cm a mais que o Renault Kwid. A largura de 1,71 m é praticamente a mesma do Hyundai HB20, enquanto a altura da carroceria chega a 1,58 m, equivalente à de um SUV como o Honda HR-V. O entre-eixos mede 2,50 m.

BYD Dolphin Mini amarelo de lateral
BYD Dolphin Mini [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Uma das soluções adotadas para otimizar o espaço interno — da mesma forma que o smart fortwo fez anos atrás — foi posicionar as rodas nas extremidades da carroceria. Além disso, a cabine do Dolphin Mini oferece boa amplitude.

Aliás, é possível se acomodar com conforto, graças aos bancos bem desenhados e construídos, com espumas de densidade macia e ajustes elétricos. Os materiais utilizados e os arremates no acabamento criam a sensação de estar em um carro de segmento superior.

Bons materiais no acabamento

O interior, com uma proposta minimalista, utiliza plásticos texturizados e bem encaixados. A qualidade percebida é reforçada pela faixa macia ao toque que atravessa o painel longitudinalmente e se harmoniza com o acabamento das laterais de porta. O console central também é revestido em material sensível ao toque e equipado com carregador por indução.

Um clássico dos modelos da BYD é a central multimídia com tela giratória de 10,1 polegadas — compatível com Android Auto e Apple CarPlay por meio de conexão via cabo. A interface é intuitiva e fácil de operar. O conjunto de telas ainda mostra o quadro de instrumentos totalmente digital, de sete polegadas.

O volante de três raios tem base achatada e oferece boa empunhadura. Os comandos físicos estão bem posicionados e de fácil acesso, especialmente os botões semelhantes aos utilizados no Dolphin. Eles controlam funções como a alavanca seletora de câmbio (com as posições P, N, R e D), os modos de condução e o volume, por exemplo.

Quem viaja na segunda fileira de bancos conta com um espaço razoável para as pernas e joelhos, graças aos 2,50 metros de entre-eixos. Aqui, há o plus de levar três ocupantes com o desenho do assento traseiro favorecendo o conforto, e o encosto com boa inclinação. Ou seja, uma vez dentro, não há sensação de claustrofobia a bordo.

Com porte de carro pensado para uso urbano, o modelo da BYD oferece um porta-malas com 230 litros. Essa capacidade volumétrica é inferior ao do Dolphin GS (250 litros) e do Dolphin Plus (345 litros), e também ao do Volkswagen Polo, com seus 300 litros no compartimento de bagagens.

Longe dos postos de abastecimento

Para quem busca um carro que ofereça deslocamentos silenciosos e dispense visitas frequentes aos postos de combustível, o Dolphin Mini pode ser uma alternativa. As dimensões compactas facilitam o dia a dia: ele cabe com facilidade em vagas apertadas e torna a tarefa de estacionar muito mais simples.

A direção com assistência elétrica garante conforto ao volante, oferecendo um esterço leve em baixas velocidades. Nesta versão com cinco lugares, o modelo ainda traz câmeras de 360°, que ajudam a evitar marcas ou ralados na carroceria. Ah, e se você curtiu a cor do carro das fotos ela se chama Sprout Green.

BYD Dolphin Mini amarelo parado de traseira em frente a um portão branco com árvores ao fundo
BYD Dolphin Mini [Auto+ / Rafael Pocci Déa

O Dolphin Mini é equipado com um motor elétrico de 75 cv e 13,7 kgfm, com a vantagem de entregar força de forma instantânea assim que se pisa no acelerador. Por isso, dificilmente alguém o alcança nas saídas de semáforo.

Como era de se esperar, a condução é silenciosa, e o único som perceptível — dependendo do piso — é o da rolagem dos pneus sobre o asfalto. As rodas de 16 polegadas utilizam pneus de medida 175/55 R16, e o perfil colabora com o trabalho da suspensão, ajudando a suavizar as irregularidades do solo. No entanto…

Só que tem um porém no Dolphin Mini

O conjunto de suspensão adota McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. O problema está na calibração, que privilegia demais o conforto. Apesar de contribuir para o bem-estar a bordo em pisos regulares, o acerto é excessivamente macio, o que gera uma leve sensação de desconforto pela movimentação do eixo traseiro.

Enquanto, anos atrás, o smart fortwo era criticado pela suspensão excessivamente rígida, o Dolphin Mini segue na direção oposta, apostando em um acerto extremamente confortável. No entanto, se você pensa que os compradores de carros elétricos vão se limitar apenas ao uso urbano, pode estar enganado!

BYD Dolphin Mini parado de traseira com árvores ao fundo
BYD Dolphin Mini [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

O Dolphin Mini até permite encarar uma viagem, desde que os ocupantes não levem muita bagagem. Graças à entrega imediata de força, não é preciso negociar ultrapassagens, e o BYD mantém velocidade de cruzeiro sem exigir demais do acelerador. Além disso, ele regenera energia de volta à bateria Blade de 38 kWh nas descidas ou frenagens.

Ele não sofre de ruídos aerodinâmicos, mas as suspensões cobram o preço da maciez nas curvas contornadas mais rapidamente fazendo a carroceria rolar, bem como faz a traseira oscilar ao passar por irregularidades ou remendo na pista. 

BYD Dolphin Mini [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

No entanto, é direto!

A boa calibração da direção com assistência elétrica também se mantém na estrada, transmitindo o peso certo ao volante acima dos 70 km/h. Ou seja, o Dolphin Mini pode até ser pequeno, mas é valente. Isso ficou claro durante a viagem que fizemos até Elias Fausto, no interior de São Paulo.

Foram aproximadamente 360 km rodados (ida e volta), e em nenhum momento o Dolphin Mini transmitiu qualquer sinal de apuro. Saímos de São Paulo com 96% de carga rumo ao Campo de Provas da Pirelli. Na primeira parte da viagem, a bateria se manteve praticamente estável, já que seguimos com o pé leve no acelerador e aproveitamos a inércia das descidas.

BYD Dolphin Mini [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Para viajar com um carro elétrico, o segredo é ter paciência e contar com uma estrutura de carregamento no destino. E foi exatamente o que fizemos. Chegamos ao Velo Città com 60% de carga restante, mesmo após um trecho em que abusamos um pouco do acelerador. Estação de carregamento disponível e carro devidamente plugado.

Estação de carregamento

Embora o local contasse com estrutura para carregamento de carros elétricos, o carregador interrompeu o abastecimento quando a bateria chegou a 66%. Ou seja, praticamente voltaríamos para São Paulo com a mesma carga com que chegamos ao evento do Audi RS3 Sedan. Nessas horas, só nos resta lembrar de um sábio ditado: respira fundo e vai!

Com o modo Eco acionado, que deixa as repostas mais brandas, o Dolphin Mini chegou em Sâo Paulo ostentando 28% de carga, mas com uma elevada dose de paciência ao volante e ainda permitindo fazer tarefas diárias nos dias seguintes. Mesmo assim, percorreu mais que os 298 km declarados pelo Programa Nacional de Etiquetagem Veicular do Inmetro.

Veredicto

Se você quer um carro elétrico, mas ainda está receoso, o BYD Dolphin Mini pode mudar sua forma de pensar no dia a dia. Claro, o tamanho compacto ajuda nos deslocamentos rápidos, assim como na hora de procurar vagas ou estacionar no shopping, no supermercado…

Se você tem onde carregar o carro (30 a 80% em 30 minutos na corrente contínua) e não quer depender exclusivamente dos pontos de recarga públicos, o BYD Dolphin Mini pode ser uma boa alternativa. Isso, claro, desde que você não se incomode com a suspensão macia além da conta e com o porta-malas de apenas 230 litros.

BYD Dolphin Mini [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

E você, teria o BYD Dolphin Mini? Acredita nos carros elétricos? Compartilhe sua opinião nos comentários!