Deixa a lida para as outras

Amarok: rainha da estrada, mesmo a VW não querendo | Impressões

Nova Volkswagen Amarok
[Nova Volkswagen Amarok / Divulgação]

De uns anos para cá, o segmento de luxo está se voltando às caminhonetes. Cada vez mais clientes migram de modelos premium para as grandalhonas de caçamba. Ciente disso, e que o dinheiro está no agro, a Volkswagen Amarok 2025 teve toda sua comunicação voltada para o uso off-road. Mas a real, é que ela é a rainha das estradas.

Qualquer pessoa que já pegou uma rodovia por um certo tempo, se deparará, em algum momento, com alguma Volkswagen Amarok V6 rasgando o asfalto e dando farolada em todo e qualquer carro que aparecer na frente. A real é que, no final do dia, a Amarok será a caminhonete do dono da fazenda ou do picapeiro estradeiro. E há razões para isso.

Coração valente

Desde que a Volkswagen tirou o motor 2.0 quatro cilindros turbo do Brasil e manteve só o 3.0 V6, a Amarok encontrou seu nicho de mercado. Ela entrega 258 cv e 59,1 kgfm de torque, mas por 10 segundos, ela sobe a brincadeira a 272 cv graças ao sistema overboost. O conjunto é ligado a uma transmissão automática de oito marchas.

Na prática, a Amarok é mais potente e rápida que qualquer outra caminhonete média diesel à venda no Brasil hoje. Entre as médias, só perde para a Ford Ranger Raptor, mas que é gasolina e tem outra pegada. Com seu conjunto mecânico, a picape alemã chega aos 100 km/h em oito segundos e para aos 190 km/h de acelerar por limitação eletrônica.

A estrada, seu habitat natural, instiga a Volkswagen Amarok a acelerar mais e mais. Ela ganha velocidade fácil e se mantém acima do limite da via sem a menor dificuldade. Ao contrário de várias concorrentes diesel, que demoram nas retomadas, ela acorda fácil com a transmissão automática de oito marchas.

Um pênalti vai para a direção, que tem assistência hidráulica. Além do sistema arcaico, em alta velocidade ela fica mais leve do que deveria, reduzindo um pouco da confiança ao volante. Por sorte, a suspensão é firminha (como em todo Volkswagen), conferindo a ela uma surpreendente e nítida estabilidade acima da média. Inclusive em curvas.

Na terra, contudo, a Volkswagen Amarok não brilha como faz no asfalto. Rodamos com ela em trechos de terra batida, onde ela se mostrou valente e bem calibrada. Mas é o tipo de cenário que ela até encara, mas não se sente plena. Ela não saltita excessivamente como uma Fiat Titano, mas não vai tão bem quanto a Toyota Hilux.

E há um agravante, como sua tração 4×4 tem um sistema muito parecido com o da Audi, ela tem maior vocação para uso em asfalto. Para trechos off-road bem pesados, a eletrônica ajuda a sobreviver, mas não dá a mesma confiança de uma caminhonete com a reduzida acionada. Não passa vergonha, mas as rivais vão melhor.

O tempo passou

Se antes da chegada da Ford Ranger, a Volkswagen Amarok era sempre a caminhonete que ficava na porta dos restaurantes e parecia a mais sofisticada, agora a situação não é bem assim. O interior é todo feito em plástico, exceto por uma nova faixa de couro que atravessa o console. É um acabamento bem feito e ainda aparenta modernidade.

[Nova Volkswagen Amarok / Divulgação]

O problema está na presença de alguns elementos que entregam a idade. O volante é o antigo que é usado pela VW desde os tempos do Golf mk7. A manopla de câmbio, então, é a que o Gol automático tinha, o mesmo vale para o painel de instrumentos analógico. Isso sem contar o fato de que a chave não é presencial.

Comparado a outras caminhonetes, a Amarok parece mais cansada pela falta de tecnologias. A central multimídia é nova, com uma tela vistosa e fácil de usar. Contudo, ela é baseada em sistema Android e tem conexão somente por cabo para Android Auto e Apple CarPlay. Sem contar que não é tão boa quanto a VW Play.

A compensação vem pelo fato de que ela tem bastante espaço interno. Além disso, os bancos dianteiros são bem confortáveis e contam com ajustes elétricos nas versões mais caras. A caçamba leva 1.104 kg em 1.280 litros, o que é bastante. Pena que a tampa não tem amortecimento e despenca com tudo.

Cumprindo a função

Desde a apresentação da nova Volkswagen Amarok no Brasil, muito se falou sobre a polêmica do Safer Tag. O sistema é composto por um radar que fica no para-brisa e de um display redondo posicionado no centro do painel. É um equipamento que pode ser comprado e usado em qualquer carro.

Interior Volkswagen Amarok
[Nova Volkswagen Amarok / Divulgação]

Como ele não atua no volante ou freios da Amarok, pareceu inútil para muitas pessoas. Mas não é. Ele faz uma leitura adequada e correta das faixas invadidas ou se há uma eminência de um acidente à frente, além de rastrear pedestres e avisar sobre a distância ao veículo da frente. É útil e bem feito, só não atua no carro e pode ser desligado.

Veredicto

Com preços indo de R$ 309.990 e indo até R$ 350.990, a Volkswagen Amarok se posiciona na parte mais alta do segmento de caminhonetes médias. Ela está onde o dinheiro de verdade fica, parte do mercado que antes comprava carros de luxo e agora migrou para as caminhonetes.

No final das contas, a Amarok é o carro do patrão, do dono da fazenda. Daquele que vai encarar terra vez ou outra, mas está o tempo todo na estrada e precisa andar com o pé em baixo. Nesse quesito, ela é imbatível. Pena que a marca não investiu em mais tecnologia para que sua aura mais refinada fosse, de fato, cumprida.

Você teria uma Volkswagen Amarok? Conte nos comentários.