Ser mão-de-vaca é a arte de economizar cada centavo para juntar dinheiro. Mas alguns membros dessa espécie são mais conscientes e podem gastar um pouco mais para receber mais. E o Renault Kwid Intense é o carro perfeito para o mão-de-vaca consciente.
Antes que você reclame que os R$ 63.390 pedidos pela Renault pela versão Intense são exagerados, no contexto de mercado em que todos os carros estão absurdamente caros, o Kwid Intense é uma pechincha. É impossível achar um 0km tão equipado quanto ele nessa faixa de preço.
O pequenino já traz de série ar-condicionado, direção elétrica, vidros dianteiros elétricos, retrovisores elétricos, câmera de ré, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, controle de tração e estabilidade, quatro airbags, faróis com dupla parábola e LED diurno.
Jeitinho brasileiro
A reestilização fez muito bem ao Kwid. Ele ganhou um ar mais moderno e mais caro, ainda que siga pequenino e barato. Os faróis divididos agora têm LED diurno e seta na parte superior, enquanto a inferior carrega dupla parábola, algo raro no segmento e que ajuda a iluminar melhor com o uso do farol alto.
O desenho foi concebido no Brasil, ainda que a Índia tenha o revelado antes. Na traseira, lanternas com novo desenho e contorno de LED acompanham o para-choque reformado. Mas o mais genial é como a Renault transformou as calotas em algo que realmente prede uma roda diamantada.
Aliás, o Kwid Intense com pacote Biton (R$ 65.790) e a versão Outsider (R$ 66.790) são as primeiras na história do compacto no Brasil a oferecer roda de liga-leve de série. Sim, ela segue com apenas três furos, mas o Kwid não precisava mais do que isso, apesar de nitidamente ser uma enorme economia da parte da Renault.
Por dentro, novos tecidos que, no caso do Intense, misturam costuras e elementos azuis com imitação de couro. Há ainda nova central multimídia com mesmo sistema operacional de antes, mas com tela maior, fácil de mexer, relativamente rápida, mas com definição apenas ok.
Espaço interno é acanhado, mas melhor do que o de um Fiat Mobi. Porta-malas é ótimo para o tamanho do Renault, levando 290 litros. Mas a ergonomia do Kwid é péssima. Não há regulagem alguma de volante, nem de altura do banco. Sem contar o apoio de braço nas portas minúsculo que mal serve de apoio.
Guerreirinho
Como o Kwid atende desde aos motoristas recém-habilitados, passando por locadoras, Uber e até aqueles que colocam escada no teto na tentativa de replicar o efeito velocidade da luz do Fiat Uno com escada, o Kwid é fácil de dirigir e tenta ser robusto.
A suspensão é mais alta para se livrar da buraqueira sem dó. Mas como ele é um carro barato, tem pouco isolamento e a absorção do conjunto é um pouco seca, mas melhorou em relação ao modelo antigo. Essa elevação extra faz combinada aos os pneus finos 165/70 R14 tornam o Kwid muito suscetível a ventos laterais e adepto de uma sambadinha perigosa nas curvas. Não abuse.
Tudo de si
O 1.0 SCe três cilindros aspirado passou por melhorias na reestilização para se adequar às novas normas de emissões de poluentes. Uma das melhores foi a adoção de sistema start-stop surpreenderem moderno. Ele desliga o Kwid (quando desengatado) abaixo dos 8km/h e o religa rapidamente ao pisar na embreagem. As vezes é um pouco bruto no processo, mas funciona muito bem. Nem carros mais caros que ele faz isso.
O tricilíndrico trabalha com bastante vibração, mas surpreende no Kwid. São 71 cv e 10 kgfm de torque, mas que parecem mais. O Renault é bem leve, pesa somente 820 kg, o que contribui para que o motor trabalhe mais aliviado. Entretanto, o acelerador já da tudo de si a pouco menos de meio pedal. É outro ponto que ajuda na sensação de agilidade do Kwid.
Ele parece sempre pronto e espero nas saídas. Perde um pouco de fôlego em rotações médias e volta a acordar em giro alto. Para um urbanóide pequeno, está mais do que ótimo. Ele até canta pneu na saída do sinal se você quiser. Na estrada falta força nas retomadas, mas ele se mantém em 120 km/h sem dificuldade quando vazio.
Veredicto
Se você pensa somente racionalmente e quer um carro que vai um pouco além do kit dignidade (ar-condicionado, vidros e travas elétricas, direção assistida e algum tipo de aparelho de som), o Kwid Intense é a escolha ideal. Ele vai além do básico, traz alguns mimos e até tecnologias surpreendentes para sua faixa de preço.
Gostoso de dirigir dentro do limite que se espera de um carro barato, espaço interno suficiente e visual atraente são seus charmes. O ponto ruim segue sendo a ergonomia péssima e algumas desnecessárias e exageradas economia da Renault.
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