No início dos anos 2000, por culpa da Palio Weekend e do CrossFox, os aventureiros eram moda. Mas hoje em dia são os SUVs que dominam. Ainda assim, alguns aventureiros sobrevivem no mercado bravamente com seu público cativo, como é o caso do Hyundai HB20X.
Versão aventureira do HB20 recebeu grande destaque em seu lançamento, afinal, foi com roupagem lameira que o conceito SAGA foi apresentado. O modelo exposto no Salão do Automóvel de 2018 antecipava a segunda geração do compacto da Hyundai e teve praticamente 90% de seu design transplantado para o HB20X.
Depois de avaliar a versão Diamond Plus de R$ 80.790 do HB20 hatch, convocamos o mais caro da turma, o HB20X Diamond Plus de R$ 84.690. Mas faz sentido pagar quase R$ 4 mil a mais por ele?
Cadê o turbo?
Já dá para adiantar de cara que não. E por um fator muito simples: mecanicamente o HB20X é inferior ao HB20 normal. Enquanto a versão civil traz motor 1.0 T-GDi três cilindros turbo com 120 cv e 17,5 kgfm de torque, o X vem somente com motor 1.6 de 130 cv e 16,5 kgfm de torque.
Nos números pode até não parecer tanta diferença, mas a grande diferença está no consumo. O 1.6 do HB20 é gastão. Durante nossos testes com etanol ele dificilmente ficou acima de 10 km/l em ciclo misto com etanol. Na estrada chegou a registrar nada animadores 11 km/l para um hatch compacto.
Tente explicar a lógica da Hyundai em não ter colocado motor turbo no HB20X e deixado somente o 1.6 aspirado. Pois aqui no Auto+ não conseguimos. Ainda assim, o motor que ele usa está muito longe de ser ruim.
O HB20X é esperto, tem respostas rápidas e o motor entrega bom toque mesmo em baixa rotação. Já a comunicação entre a transmissão automática de seis marchas e o 1.6 parece melhor que o trabalho feito no turbo. O hatch não troca de marchas atoa e ainda tem uma interessante função de desacoplamento da transmissão para baixar rotação na estrada.
As trocas são suaves e imperceptíveis, sem vacilos como acontece com o Chevrolet Onix, por exemplo. Faz falta somente no painel um indicador de qual marcha o HB20 se encontra, mas pelo menos há opção de trocas manuais pela alavanca.
X tudo
Um dos grandes diferenciais do HB20X em relação aos irmãos está na suspensão elevada e nos pneus de uso misto. Com isso ele absorve melhor os impactos causados pelas crateras no asfalto das ruas brasileiras.
Por ser mais alto, ele é mais suscetível a ventos laterais na estrada, mas nada que o desestabilize ou tire da trajetória. O que ajuda é a direção elétrica com assistência na medida para velocidades mais altas e também para o conforto na cidade.
Destaque nessa versão Diamond Plus, a topo de linha do HB20X, para a presença de frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança de faixa (apenas sonoro, sem correção de volante) e controle de tração e estabilidade. Entre os aventureiros, somente ele tem os dois primeiros itens.
O hatch ainda conta com quatro airbags, chave presencial, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, volante com regulagem de altura e profundidade, bancos revestidos de imitação de couro, faróis com projetores, acendimento automático e luz de posição de LED (não há DRL), retrovisores elétricos, sensor de ré e câmera de ré.
É uma lista de equipamentos bem recheada pelo preço e categoria onde o HB20X se encontra.
Visual de conceito
Enquanto o Hyundai HB20 normal é polêmico por seu visual, o X consegue diluir boa parte dos elementos que não agradaram no hatch. Parece que a marca sul-coreana pensou todo o visual para o aventureiro, deixando claro em alguns detalhes como as rodas diamantadas que possuem um belo desenho e têm o tamanho correto para o carro.
Os para-lamas bojudos contam com falsa entrada de ar na dianteira e um corte na traseira que mostram um trabalho da marca nos detalhes. Diferentemente de outros rivais que apenas colocam uma moldura paralela à caixa de roda.
A grade frontal com borda cromada resistiu somente nessa versão e combina com a estética do carro, sem que fique tão parecido com um bagre, como a segunda geração maldosamente foi apelidada. Esteticamente o conjunto agrada mais e foi alvo até de elogios nas ruas.
Jovialidade sem marrom
Um dos pontos mais interessantes do Hyundai HB20X Diamond Plus em relação à mesma versão em roupagem não aventureira é a cor do interior. O HB20 normal tem uma cafona combinação de marrom com azul metálico, enquanto o aventureiro traz preto com detalhes em vermelho.
É uma alternativa mais jovial e até esportiva, parecendo bastante condizente com o HB20 Sport, por exemplo. Há costuras vermelhas no banco e o tom repetido nas saídas de ar. Ajuda a dar um ar mais sofisticado à cabine e não enjoa como o marrom do HB20 normal. A exceção é a chave que adotou inexplicavelmente o tom marrom.
A cabine não é das mais espaçosas para quem se senta atrás, faltando espaço para as pernas e para a cabeça. Isso se dá pelo fato de o HB20 ser um dos menores hatches do mercado nacional. Já o porta-malas de 300 litros é suficiente ao que se propõe.
Há de destacar o uso de plásticos de qualidade, bem montados e sem rebarbas. A Hyundai havia subido o sarrafo da categoria com a primeira geração do HB20 e manteve o padrão de qualidade na segunda geração. Há até parte macia nas portas onde o braço fica apoiado.
A marca também trouxe uma boa central multimídia que conta com Android Auto e Apple CarPlay, ambos conectados por fio. A tela tem definição suficiente, mas carece de brilho em dias bem ensolarados. Não é tão rápida quando a do Onix e a do Polo, mas é suficiente para não passar nervoso.
Há, no entanto, dois pontos controversos do Hyundai HB20X. O painel de instrumentos é idêntico ao do Chevrolet Joy (vulgo antigo Onix) e carece de recursos no computador de bordo, que é controlado por um pininho nada prático diretamente no painel.
Ele traz também ar-condicionado digital fake. Parece digital, mas é apenas um modelo analógico com uma telinha redundante e sem controle de temperatura por graus ou ventilação automática. Seria melhor ter deixado o sistema antigo que era de fato digital.
Veredicto
Custar R$ 84.690 e não ter motor turbo é o maior pecado do Hyundai HB20X Diamond Plus, pois o hatch sem roupagem aventureira é mais barato e traz motor mais moderno. Se não fosse por esse detalhe, ou se o X tivesse motor T-GDi, sua compra seria muito mais justificável.
Ele é um carro competente, com um bom conjunto mecânico, lista de equipamentos recheada e o visual mais agradável da família HB20. Pena somente um deslize tão inexplicável fazer com que ele não faça o menor sentido dentro da linha.
E as coisas ficam ainda mais feias quando o mercado prepara SUVs subcompactos pelo mesmo preço do aventureiro HB20X. A própria Hyundai já possui um, sem chama Venue e poderia fácil tomar o lugar dele.
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