Uma música pode nos surpreender, mesmo não sendo do nosso gosto musical. Seja você um ouvinte de Heavy Metal, que fica entusiasmado com um hit pop, ou até um forró. O Honda CR-V sempre priorizou a amplitude da cabine e do porta-malas, sem transmitir uma dirigibilidade empolgante na época do motor 2.0 naturalmente aspirado.
Agora, ele conta com a ajuda da eletrificação para unir boas respostas à eficiência. Isso já seria um presságio? O Honda CR-V Advanced Hybrid não é barato e custa a partir de R$ 352.900, colocando-o no mesmo patamar do conterrâneo Toyota RAV4 SX Connect Hybrid (R$ 349.290), sendo mais caro que os chineses BYD Song Plus DM-i (R$ 229.800) e os GWM Haval H6 PHEV34 (R$ 279.000) e Haval H6 GT (R$ 319.000).
Querida, estiquei o SUV!
Apesar do porte, o SUV da Honda transmite a impressão de estarmos ao volante de um sedã. Mais próximo do Accord, a sexta geração do CR-V está maior e mais refinada. Ele trocou as credenciais, passando a ser um utilitário esportivo grande, em vez de médio.
As dimensões cresceram 8 cm no comprimento, chegando a 4,70 m, 4 cm no entre-eixos (2,70 m), além de 1 cm extra tanto na largura (1,86 m) quanto na altura (1,69 m).
A cabine é uma sala de estar pela amplitude, com bancos confortáveis. Segundo as nossas medições, os dianteiros possuem 50 cm de comprimento e largura do assento, com o encosto medindo 63 cm de altura e 53 cm de largura.
Quase Acura
Um capítulo à parte é o nível de refinamento pela escolha dos materiais e dos arremates empregados no acabamento, com áreas macias ao toque por toda a extensão da cabine e detalhes que imitam madeira.
O acesso traseiro é favorecido pelas portas com abertura de praticamente 90°, e quem viaja atrás é recepcionado por um bom espaço para as pernas e os joelhos. Com o banco ajustado para mim, que tenho 1,72 m de estatura, sobram 33 cm de espaço para os ocupantes do assento de trás (com o encosto na posição normal).
O encosto traseiro pode ser regulado e o banco corre sobre trilhos para também auxiliar na habitabilidade ou no espaço do porta-malas. Aliás, ele possui uma capacidade volumétrica de 581 litros (59 litros extras em relação ao antecessor) e a tampa motorizada fecha automaticamente ao se distanciar do SUV com a chave no bolso.
O volante possui boa empunhadura, sendo o mesmo do Accord, enquanto o sistema multimídia de 9” é intuitivo, e o quadro de instrumentos possui tela TFT de 10,2”. A vida do motorista ainda é auxiliada pelo Head-Up Display (HUD) de 5,2”, que projeta no para-brisas informações úteis à condução, como a velocidade, enquanto a pureza sonora é assinada pelo áudio da Bose composto por 12 alto-falantes.
Grande, mas dócil
Apesar do porte avantajado, o Honda CR-V é um carro de fácil convívio, e o sistema híbrido combina o motor de quatro cilindros 2.0 naturalmente aspirado à eletrificação. O funcionamento é simples: o motor a combustão atua como um gerador de energia para o conjunto de dois motores elétricos.
Esse propulsor 2.0 16V produz 147 cv e 19,4 kgfm e está associado ao e-CVT, que abriga os dois motores elétricos: um responsável pela propulsão e outro como gerador. A transmissão continuamente variável possui duas relações fixas (uma mais curta para velocidades intermediárias e outra mais longa para velocidades de cruzeiro ou mais altas). O motor elétrico de tração entrega 184 cv e 34,2 kgfm.
Na prática, a atuação do motor a combustão é mais evidente do que no Accord ou no Civic, principalmente em acelerações intermediárias, devido ao peso maior do CR-V: 1.819 kg contra 1.625 kg do Accord e 1.449 kg do Civic. Apesar do bom isolamento acústico, com vidros de 0,3 mm de espessura, o ruído do motor de 2 litros invade a cabine, sendo perceptível quando ele entra em ação.
Peso do peso
Embora seja rápido no gatilho, o Honda CR-V é um carro pesado, sendo possível sentir essa característica nas acelerações ou nas frenagens, quando sentimos a massa deslocando com a inércia.
Na cidade, ele prioriza muito mais o uso da eletricidade, sendo um carro silencioso, que transmite reações breves, e proporciona um consumo urbano de quase 20 km/l, dirigindo com o pé leve no pedal do acelerador no programa Econ. Além dele, também estão disponíveis os modos Normal e Sport.
Já na estrada, um habitat não muito favorável aos híbridos, durante nossa convivência o computador de bordo registrou médias de 15,8 km/l. Ou seja, tanto as médias na cidade quanto na estrada foram melhores do que as declaradas pelo fabricante: 14,2 km/l e 11,6 km/l, respectivamente.
Eletrificadamente
O sistema regenerativo pode ser ajustado pelas borboletas atrás do volante, assim como possui a posição B na alavanca seletora de marchas. No uso diário e ao se aproximar de um semáforo, basta ajustar para o nível mais alto para demandar menos do pedal do freio, cooperando na diminuição do desgaste das pastilhas, por exemplo.
Além disso, mesmo no modo mais forte do sistema regenerativo e com a alavanca em B, as desacelerações não incomodam nem são demasiadamente incisivas. Da mesma forma que a bateria carrega rápido, ela perde energia ao andar mais apressadamente; não existe almoço grátis, não é mesmo? Nessa situação, dirigindo sem se preocupar o consumo urbano oscilou entre 11,5 km/l e 13 km/l.
A dinâmica é favorecida tanto pela tração integral, distribuindo a força entre os eixos sob demanda (60% no eixo frontal e 40% atrás, ou 50% para cada eixo) quanto pela calibração das suspensões.
O conjunto filtra e absorve muito bem as irregularidades do piso, sem transmitir oscilações, mas, dependendo da altura da lombada, o conjunto bate seco. Em contrapartida, a direção eletricamente assistida é rápida ao esterço e retorno.
Magia da Honda
Posicionado na faixa dos R$ 300.000, o Honda CR-V não poderia deixar de oferecer sistemas de condução semiautônoma. E os desse SUV funcionam com uma maestria invejável até para modelos alemães ou suecos.
Quem rege todo o funcionamento é o novo radar instalado na porção frontal. O nível de operação do controlador de velocidade adaptativo impressiona pela suavidade, da mesma forma que o de manutenção em faixas movimenta o volante sem trancos ou hesitações.
O pacote de anjos da guarda contempla farol alto automático, alerta de tráfego cruzado, dez airbags e frenagem autônoma de emergência, para citar.
Veredicto
No frigir dos ovos, o Honda CR-V híbrido entrega muito junto da boa reputação de mercado da Honda. Como já comentei, esse SUV não é barato, mas ele mostra uma qualidade percebida em todos os cantos da cabine.
Assim como, entrega uma dirigibilidade eficiente que não é comparável às gerações passadas. Ou seja, ele te servirá tão bem quanto um utilitário esportivo alemão ou sueco. E te surpreenderá igual a uma música que não seja do seu gosto pessoal!
Qual a sua opinião sobre o Honda CR-V? Escreva nos comentários!