O nome Abarth não passa despercebido. Quem é fã de carros sabe que qualquer modelo que ostente este nome, e o indefectível logotipo vermelho e amarelo com o escorpião, tem um tempero a mais em sua receita. É o caso de Pulse e Fastback, que ganharam versões esportivas, retrabalhadas para serem dignas do nome Abarth.

E essa história existe há 75 anos. Em 1949, o austríaco Carlo Abarth fundou em 31 de março, juntamente com o piloto Guido Scagliarini, a marca de esportivos. Um ano depois, em 1950, o primeiro carro já se destacava em corridas. Era o Abarth 204 A, versão esportiva do Fiat 1100.

Como é possível notar, a história da Abarth está diretamente ligada com a Fiat. Carlo Abarth, na verdade, não tinha um nome italiano. Seu nome era Karl, mas ele se refugiou na Itália nos anos 1930, quando a Áustria foi anexada à Alemanha nazista, pediu a cidadania italiana e disputou corridas sob a bandeira italiana.

Em 1939, ele fugiu para a Iugoslávia, já que a Itália foi dominada pelos fascistas. Nesse ano, o piloto disputou sua última corrida, pois sofreu um acidente grave. Quando a Segunda Guerra Mundial acabou, Karl voltou para a Itália, mudou seu nome para Carlo, e continuou envolvido com automobilismo.

Com toda essa bagagem, era natural que Carlo fundasse sua própria empresa, como aconteceu em 1949. Desde o começo, o escorpião foi escolhido para ser o logotipo da Abarth. E essa escolha foi motivada pelo horóscopo, já que o signo de Carlo era o de escorpião.

Abarth preparadora

Carlo já tinha percebido que apenas criar carros de corrida não era o suficiente, então ele passou a vender kits de desempenho para carros. Só que a virada da marca veio com o lançamento do Fiat 500 de 1958. Pequeno e leve, mas com proposta meramente urbana, o carrinho da Fiat chamou a atenção de Carlo, que decidiu aplicar um pouco mais de veneno no conceito do modelo.

Assim surgiu o Abarth 595, que tinha o dobro de potência do 500 original. Mas calma que mesmo assim os números eram baixos. A cavalaria saltou de 13 cv para 26 cv. Carlo também fez melhorias na suspensão e nos pneus, para ter um comportamento mais refinado.

A partir dali, a história da Abarth mudou completamente. Seus Fiat 500 modificados passaram a disputar provas, e vencê-las, se tornando um verdadeiro símbolo de esportividade. Até que nos anos 1970 o rumo da empresa mudou completamente.

Comprada pela Fiat

Em 1971, a Fiat compra a Abarth, que passa a ser uma de suas marcas. Para aproveitar o conhecimento da marca, a montadora italiana decidiu transformar a Abarth em sua divisão de rally, com relativo sucesso. Mas Carlo só teve mais alguns anos de vida, falecendo em 24 de outubro de 1979.

Durante os anos 1980, a divisão esportiva perdeu um pouco de prestígio, mas ainda tinha seus modelos derivados da Fiat e Lancia. Só que aos poucos a empresa foi sumindo e ficou praticamente esquecida por quase 20 anos.

Retorno triunfal

A Fiat só voltou a investir na divisão nos anos 2000. O Stilo ganhou uma versão Abarth na Itália em 2001 e, no Brasil em 2002, que era movida por aqui pelo motor 2.4 de cinco cilindros do Marea, com 167 cv e 22,8 kgfm de torque. Na Europa, a Abarth foi repaginada em 2008, quando voltou a ser uma marca de fato.

Naquele ano, surgiu o Abarth Punto e o Abarth 500, aproveitando que o subcompacto era uma releitura do modelo dos anos 1950. Depois disso, a Fiat passou a apostar mais na imagem da sua divisão esportiva, e até se uniu à Mazda para lançar o Abarth 124, que nada mais é que um Miata vestido com terno italiano.

Nos últimos anos, tivemos o lançamento do Pulse e do Fastback Abarth no Brasil, ambos com o motor 1.3 turbo de 185 cv, sendo eles os modelos mais potentes da história da divisão esportiva. Só que esse posto acabou de ser perdido, já que a divisão esportiva aproveitou seu aniversário de 75 anos para apresentar o Abarth 600e, um SUV elétrico de 240 cv.

Com uma grande história, a marca esportiva merece ter cada vez mais destaque dentro da Stellantis, que parece saber o potencial enorme da marca. E com o 600e, e também o 500e, a marca do escorpião está se reinventando mais uma vez, transformando carros elétricos em esportivos com o seu DNA.