Não é todos os dias que se tem a oportunidade de dirigir um carro que ainda não foi lançado. Mas, o Auto+ teve o privilégio de ser a primeira publicação escrita a trazer um teste completo do inédito Omoda 5 EV (em breve, também teremos vídeo no canal). O SUV cupê 100% elétrico estreia no Brasil ainda neste ano e promete incomodar Chery, GWM e BYD.
Por enquanto ainda não está definida a estratégia de preços e motorizações para o modelo. O que temos de informação até o momento, é que o Omoda 5 EV terá preço na faixa dos SUVs médios de entrada e intermediários, enquanto seu irmão a combustão ficará perto dos SUVs compactos topo de linha.
Hoje a Omoda oferece o 5 elétrico em duas opções de motorização: 204 cv e 35,7 kgfm de torque com 0 a 100 km/h em 7,8 segundos ou 224 cv e 40,7 kgfm de torque com 0 a 100 km/h em 7,6 segundos. Em ambas as motorizações, contudo, a autonomia é de 450 km segundo o ciclo WLTP. Mas, na vida real, fica perto dos 400 km.
Saudades disso
A unidade testada para validação de componentes no Brasil trazia o conjunto mais forte e ele é surpreendente. Há tempos os carros elétricos não esportivos entregam uma performance apenas ok, nada que o faça grudar no banco, mas suficientemente forte. Só que o Omoda 5 EV volta a esse comportamento que só o Volvo XC40 tem.
Ele é rápido, fazendo com que as rodas patinem muito em arrancadas. Ao pisar fundo no acelerador, até mesmo no modo Eco, ele arranca com tudo, patinando três vezes, alternando com momentos em que tem tração. Essa mini perda de controle é feita pelo controle de tração e estabilidade atuando de maneira não intrusiva, mas deixando tudo no lugar.
Esses sistemas atuam segurando o Omoda 5 na trajetória, mas soltando-o para que o motorista tenha o máximo de performance. Por isso, ele lixa os pneus e sai cantando repentinamente, mesmo depois de 50 km/h. É divertido e controlado, ainda que a frente tenha a tendência de dar leves passarinhadas (se forçar o volante de um lado ao outro).
Acerto chinês, ainda
Como não está totalmente calibrado para o mercado brasileiro, o Omoda 5 apresenta as típicas queixas de modelos chineses: suspensão e direção molengas. Isso faz parte total da filosofia local que preza por um comportamento mais previsível e voltado ao conforto. Mas são elementos que podem ser alterados na versão final brasileira.
A direção é bem direta e rápida, combinando com a proposta mais esportiva da aceleração, mas é excessivamente leve. Isso faz com que os rebotes das acelerações sejam um tanto quanto incômodos. Mesmo no modo Sport de direção, ela é ainda mais leve do que deveria. Por isso, nem me atrevi a usar o modo normal.
Já a suspensão é um tanto quanto barulhenta em superfícies ruins. Em asfalto de má qualidade, algo corriqueiro no Brasil, o Omoda 5 reclama com pancadas secas e evidentes. Mesmo tendo pneus borrachudos, o SUV cupê elétrico não absorve tão bem os impactos. Contudo, a carroceria se mantém estável e sem solavancos.
Avançando na direção certa
Um dos pontos que mais chamou atenção no Omoda 5 em sua apresentação é a discrepância na qualidade de acabamento entre o modelo a combustão e o elétrico. No modelo movido a baterias, a qualidade interna é bem semelhante aos SUVs médios que temos no Brasil.
As portas dianteiras tem revestimento bem macio na parte superior, que perde um pouco do acolchoado na traseira, mas ainda se mantém macias. O painel também é do tipo soft touch, tanto na parte inferior com textura diferente do couro usado em uma faixa larga do painel. Há também couro no console central, que é alto e lembra bastante o antigo Honda HR-V.
O cuidado no acabamento chega a tanto que a Omoda colocou veludo no suporte para carregador de celular por indução. Há também tecido aveludado no porta-objetos menor no centro do console. Outro elemento interessante é o plástico brilhante com desenho que imita madeira, presente no painel e nas portas, dando toque elegante.
Abaixo do descansa-braço central, há um outro porta-objetos grande, mas refrigerado. Para complementar, o Omoda 5 traz um enorme espaço abaixo do console central para colocar até uma bolsa. Lá ficam as entradas USB. Ao lado, um gancho para sacolas e bolsas permite liberar ainda mais espaço na cabine.
Inspirações e ineditismos
Por dentro, há de notas algumas fortes inspirações da Omoda em outras marcas, especialmente a Mercedes-Benz. A manopla de câmbio na coluna de direção e a integração da central multimídia com o painel de instrumentos totalmente digital é algo típico dos alemães. Mas os comandos dos vidros na porta são clonados do Mercedes.
Contudo, é preciso elogiar a qualidade das telas usadas no Omoda 5. Elas têm ótima definição e são vistosas. Os gráficos do painel de instrumentos são bons e há bastante possibilidade de personalização. A central multimídia, contudo, é um tanto quanto confusa de mexer e tem gráficos de celular Android antigo. Mas isso pode mudar no modelo final.
Um dos pontos interessantes é que o Omoda 5 tem botões para controlar o volume da seta, algo que nunca vi em outro carro. Além disso, ele conta com câmeras na coluna de direção que observam o motorista e, ao perceber que ele está mexendo no celular ou distraído, o SUV emite um alerta no painel repreendendo pela falta de atenção.
Bem recebidos, outros nem tanto
Um dos pontos que mais pega no Omoda 5 é o espaço interno. Quem senta à frente tem boa área, mas o banco fica mais alto do que deveria. O volante tem inclinação estranha, que passa uma lembrança do Renault Captur. Já na traseira, o joelho fica mais alto do que deveria por conta do piso alto. O espaço para as pernas e cabeça é apenas ok, perto de apertado.
Já no porta-malas, temos 378 litros de capacidade, o que é menos que o Fiat Fastback, que tem 516 litros e que o Volkswagen Nivus que leva 415 litros. Entretanto, a área é bem aproveitada e o piso fica rente ao final da tampa traseira, permitindo uma notável facilidade em colocar e retirar as coisas. No modelo avaliado, a tampa é elétrica.
Veredicto
Assim como no primeiro encontro, o Omoda 5 mostrou grande potencial. O carro é bonito, tem bom acabamento interno e precisa de pequenos ajustes para que a dirigibilidade fique a gosto do brasileiro. Ele esbarra em falta de espaço interno e na central multimídia que, apesar da tela boa, ainda é confusa de mexer.
O que falta entender para definir seu sucesso ou não é o preço e lista de equipamentos. Mas isso só saberemos no final do primeiro semestre, quando as primeiras unidades do modelo chegarão ao nosso país. Aliás, ele vem em variante elétrica e em uma a combustão. Então, por enquanto, basta esperar.
Você daria uma chance para o Omoda 5 ou prefere outra marca chinesa mais estabelecida? Conte nos comentários.
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