O Ford GT90 foi um dos carros que marcou minha infância. Sabe-se lá por qual motivo, eu sempre fui aficionado por carro. Mesmo antes de saber ler, já pedia para meus pais comprarem revistas e miniaturas. E, lá para os meus 6 anos, meu melhor amigo tinha um carrinho que despertava minha atenção: um esportivo branco, com interior azul, que eu achava a coisa mais fantástica do mundo.
Por muito pouco, aquele carrinho não se tornou um carrão histórico. Aquela era uma miniatura de um Ford GT90, conceito revelado pela marca em 1995, no Salão de Detroit, que era uma tentativa de um sucessor moderno para o icônico GT40. Uma década antes do Ford GT ganhar as ruas, era o GT90 que causava sonhos férteis nos cabeças de gasolina.
O problema é que ele nunca foi fabricado, mesmo sendo um conceito totalmente funcional. Porém, o supercarro influenciou uma geração de carros da Ford, com seus elementos visuais dando origem ao design dos primeiros Focus, Ka e tantos outros modelos da marca.
Esportivo raiz
Exploremos um pouco do que foi o Ford GT90. Em apenas seis meses, um grupo de engenheiros da montadora desenvolveu todo o superesportivo. Seu visual tinha algumas referências ao GT40 original, como o estilo das portas que recortam o teto, mas seu design era bem mais ousado.
As linhas curvas com vincos bem pronunciados marcaram a estreia do que viria a ser o New Edge, estilo que viria a ser implementado em diversos carros da Ford durante os anos 1990, como os já citados Ka e Focus, mas também Mondeo e Taurus. E, basicamente, foi esse o principal legado do GT90: servir de conceito para a assinatura de design que os modelos da marca passariam a ter a partir dali.
Uma pena, porque ele, como esportivo, era realmente impressionante. Por ser um conceito funcional, havia um motor de verdade instalado entre o eixo traseiro e os bancos. Era um imenso 5.9 V12 com quatro turbos. A potência extraída era de 730 cv, número impressionante até os dias atuais, com o carro fazendo de 0 a 100 km/h em 3,1 segundos e com velocidade máxima de 407 km/h. E tudo isso usando um câmbio manual de cinco marchas.
Por que a Ford nunca produziu o GT90?
Além do visual arrebatador, e que continua bonito depois de quase 30 anos, o Ford GT90 tinha um potencial esportivo digno de um Bugatti Veyron, só que feito uma década antes. Então por qual motivo a Ford nunca produziu o modelo?
A verdade é que até hoje não se sabe porque a marca não lançou o supercarro. Durante o Salão de Detroit, os executivos sinalizaram que havia a chance do carro ser produzido, e que poderia haver um lote limitado a 100 unidades. Só que, isso nunca foi feito.
O que é uma pena, pois o público adorou o carro. A imprensa elogiou o GT90 no evento e depois de dar algumas voltas nele. Mesmo com a potência limitada a 400 cv, quem andou no supercarro disse que ele era espetacular.
Talvez a Ford achou que não haveria compradores para o modelo. Os bilionários exóticos que hoje compram Bugatti Chiron ainda preferiam Ferrari, Lamborghini e afins. E, querendo ou não, a Ford é uma empresa das massas, que fazia Fiesta e caminhonetes na época. Sem contar que a Jaguar pertencia a seu grupo, e ela havia lançado o XJ220, que cumpria o mesmo papel que o GT90.
A fabricação também seria um desafio, já que o calor produzido pelo enorme motor exigia um revestimento de cerâmica semelhante ao utilizado pela NASA no Ônibus Espacial. Tudo para não derreter a fibra de carbono da carroceria e causar um incêndio.
Legado
De qualquer forma, o GT90 foi icônico e uma bela obra de engenharia. Um carro que marcou época sem nunca ter sido construído. Infelizmente nunca vou poder andar em um, mas posso comprar uma miniatura igual à que meu amigo tinha.
E, querendo ou não, cada vez que um Ford Ka passar por você na rua, lembre-se que existe um pedacinho do GT90 nele. Talvez isso explique eu sempre ter gostado do pequenino Ford.
Qual outro conceito icônico você gostaria que tivesse sido fabricado? Deixe nos comentários a sua opinião.
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