Diversão ao volante e espaço para sete pessoas são características que dificilmente são conciliáveis em um carro, especialmente quando se trata de um SUV. É algo raro, mas acontece vez ou outra e talvez tenhamos no Mercedes-Benz GLE 53 AMG a maior prova de que essa dupla pode sim estar presente em um carro.
Custando R$ 852.900, ele não é o GLE mais caro que há no Brasil, visto que seu irmão GLE 63 AMG S com estilo cupê e motor V8 sai por R$ 1.251.900. Este, contudo, é o SUV de sete lugares mais caro da divisão AMG em nosso país. Mas há justificativas de luxo e de potência para esse montante um tanto quanto pesado.
Em linha silenciosa
Debaixo do capô, o GLE 53 AMG traz um motor 3.0 6 cilindros em linha associado a um sistema semi-híbrido. São 435 cv e 53 kgfm de torque providos pelo motor a gasolina, enquanto o motor elétrico que substitui o alternador e o motor de partida adiciona 22 cv e 2,5 kgfm à conta.
Ao todo, são 457 cv e fortes 78,5 kgfm de torque. Como resultado, mesmo sendo um elefante de 2.230 kg e 4,92 m de comprimento, o GLE 53 AMG chega aos 100 km/h e 5,3 segundos. Só que ele não faz isso de maneira estúpida. O interessante dos modelos intermediários da AMG é que eles são rápidos, mas sem serem violentos.
Essencialmente, um AMG topo de linha tem o ímpeto de fazer com o que o motorista fique muito próximo de experimentar o gostinho do andar de cima. É parte da alma desses carros serem quase incontroláveis e estupidamente potentes. Já os intermediários, como o GLE 53 AMG, são esportivos na medida certa.
As arrancadas assustam os passageiros pela facilidade com que ele sai do lugar sem fazer escândalo. Já as retomadas são sempre a contento. Contudo, por conta das leis de poluição sonora na Europa, o SUV da Mercedes é quieto demais para um AMG. Ligar o motor não é o escândalo esperado por um modelo da marca, mesmo em Sport+ com o escape ativo.
É um carro mais contido, que mostra ser verdadeiramente esportivo e produzir um som belo de seus seis cilindros, mas muito mais baixo do que antigamente. Até por conta do sistema semi-híbrido, a maneira com que o GLE liga é muito suave, instantânea e silenciosa. Porém, com ele, o consumo baixou bastante.
Mesmo com suas proporções de caminhonete média, faz oficialmente 7 km/l na cidade e 8,6 km/l na estrada. Durante nossos testes, as coisas variaram bastante. Na cidade, chegou a marcar 5,3 km/l, enquanto na estrada foi a 9,3 km/l. Ou seja, na vida real ele é gastão na cidade e relativamente econômico na estrada.
Manejo rápido
O que mais me chamou atenção no comportamento dinâmico do GLE 53 é como a Mercedes-Benz deixou a direção direta e rápida. Em geral, carros de menor porte recebem direções como essa, enquanto os SUVs tem giros mais longos e menos velocidade de reação, além de assistência mais leve.
No quesito direção, é quase como um A45 AMG. Apontou para uma curva, ele vira forte e rápido, fazendo parecer ter eixo traseiro esterçante, mas não tem. É uma direção bem comunicativa como se espera de um carro esportivo, ao mesmo tempo que tem peso adequado para uma pegada mais confortável de um carro de sete lugares. Sublime.
Já o câmbio automático de nove marchas tem seus poréns. A caixa trabalha com suavidade impressionante e velocidade de um dupla embreagem. Mas causa trancos tal qual um dupla embreagem, especialmente em momentos de desaceleração que é sucedida de uma repentina aceleração. O câmbio se perde, dá um tranco forte e depois escolhe a marcha.
Sem pulo
Contudo, confesso estar verdadeiramente chateado com a Mercedes-Benz. Fora do Brasil, o GLE conta com sistema de suspensão pneumática que faz com que o carro fique pulando e dançando. Ele foi a sensação das redes sociais quando foi lançado com esse sistema, que não chegou ao Brasil.
Só que, mesmo assim, traz suspensão pneumática, mas mais simples. Ele é capaz de variar a altura em três posições, além de regular a firmeza do conjunto em três ajustes diferentes. Em Comfort é como um carro americano: mais macio, até molenga em alguns momentos. Mas seu estado de arte fica no Sport.
Nessa situação, a suspensão assume um acerto mais firme, mas ainda assim confortável. Especialmente na estrada, é o melhor modo, que evita com que a carroceria fique flutuando em alta velocidade. Já o Sport+ é o modo no qual depois de uma volta em uma rua de paralelepípedos, sua coluna vai reclamar.
Madeira, luz e couro
Como é de se esperar de um Mercedes-Benz de R$ 800 mil, o interior do GLE 53 AMG é de luxo. Há muito couro por todos os cantos e de qualidade, ao contrário do Classe C e do A45 AMG. O painel é todo macio e as portas contam com texturas de couro diferentes, além de partes em metal e madeira.
No painel, a larga faixa de madeira chama atenção junto da saída quadrupla de ar na parte central. Temos ainda volante esportivo AMG com seletor de modo de condução e dois botões configuráveis no lado esquerdo. Console central alto tem revestimento de couro macio e muito espaço.
Entre os mimos interessantes estão o porta-copos com opção de refrigeração ou aquecimento, os bancos dianteiros com aquecimento em zonas diferentes e o ar-condicionado digital de quatro zonas. Teto solar panorâmico também é outro destaque do GLE 53 AMG.
Para quem senta à frente, as telas do painel digital e da central multimídia são um show à parte. A Mercedes dominou a técnica de como construir sistemas eletrônicos bons e fáceis de usar. O painel de instrumentos é muito completo, lotado de funções e mostradores diferentes, além de opções de troca de layout.
Já a central multimídia é rápida, muito fácil de usar e intuitiva. Ela pode ser controlada por toque direto na tela, pelo touchpad do console central ou por um pequeno botão sensitivo no volante, que é bem prático no dia a dia. Pena que ainda não há um singelo botão físico de trocar música em qualquer Mercedes moderno ou espelhamento sem fio com celular.
Etapas do processo
Na fileira do meio, o Mercedes-Benz GLE 53 AMG esbanja espaço interno. A área para as pernas é enorme, assim como para a cabeça. Mais espaçoso do que isso só uma caminhonete grande como uma Ford F-150 ou uma Ram 1500. Só que há mais: ele conta com regulagem elétrica individual do assento, podendo até regular o encosto de cabeça.
Com isso, é possível ficar mais deitado ou mais ereto, dependendo simplesmente da opção do passageiro. Há quatro saídas de ar na traseira e que podem ter temperatura e ventilação controladas individualmente. Para acessar a terceira fileira, os bancos dobram eletricamente e podem até empurrar os dianteiros para permitir o acesso total.
Só que a operação demora demais e, na hora de voltar o banco ao lugar, é preciso ficar pressionando o botão no encosto. Além disso, ele sempre retorna na posição mais à frente e mais reta possível, sendo necessário controlar o banco pelos comandos na porta para que voltem ao posto original.
Mesmo sendo um carro muito grande, o espaço na terceira fileira do GLE é horrível. Passageiros de média estatura raspam a cabeça no teto e o joelho só tem espaço se o banco da segunda fileira estiver bem para a frente. Isso mostra que a adaptação de sete lugares no GLE não era algo planejado para ele, mas se tornou uma demanda.
Porta-malas leva 120 litros com sete lugares armados ou 630 litros só com cinco lugares. Como destaque, ele conta com botões para dobrar os bancos diretamente do porta-malas, além de permitir descer a suspensão por um outro comando. A abertura da tampa é totalmente elétrica.
Itens de série
Como esperado de um carro tão grande e caro, o Mercedes-Benz GLE 53 AMG é bem completo e tecnológico. Traz frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo, farol alto automático com luzes adaptativas, sistema de câmeras 360°, alerta de tráfego cruzado, tração integral e ar-condicionado digital de quatro zonas.
Há ainda chave presencial, teto solar panorâmico, brancos do motorista, passageiro e segunda fileira com ajuste elétrico até para o encosto de cabeça, aquecimento e resfriamento para os bancos dianteiros, suspensão pneumática, porta-malas com abertura elétrica, seis airbags, controle de tração e estabilidade e sistema de som Burmester.
Veredicto
Se fosse você, esperaria mais um pouco antes de comprar o Mercedes-Benz GLE 53 AMG. Não por ser um carro ruim, muito longe disso, mas porque o SUV acabou de mudar na Alemanha e, em breve, chegará ao Brasil. Mas aguarde esse momento com vontade, pois é um carro raro.
Ele reúne diversão ao volante que se espera de um Mercedes-AMG, mas sem a violência dos modelos mais caros da marca. É luxuoso de verdade, gostoso de dirigir e razoável quanto ao consumo de combustível. Leva cinco pessoas com conforto de sobra, mas aperta sete. Porém, é algo que não é problema para uma carona rápida – algo que ele faz com alegria.
>>Land Rover Defender 130 é, literalmente 8 em 1 | Avaliação
>>Mercedes Classe C é o Corolla do segmento de luxo | Avaliação