A clichê filosofia de que menos é mais é algo que pode ser aplicado de cara ao Fiat Fastback. Até porque a versão intermediária Impetus com motor 1.0 turbo é superior à topo de linha Limited Edition Powered by Abarth com seu gigantesco nome e o 1.3 turbo usado pelos modelos maiores da Stellantis.
Honestamente, economize os R$ 13 mil que separam as duas versões e fique com o Fastback Impetus de R$ 145.490. De cara, muitos vão se questionar se minha sanidade mental está em dia. Até por que em que universo alguém recomendaria a versão 1.0 turbo de um carro sendo que existe um 1.3 turbo de 185 cv na mesma linha? Mas há motivo para isso.
Só coração
Diferentemente do que aconteceu com o Pulse Abarth o qual ganhou melhorias de suspensão, direção e chassi para receber o motor 1.3 turbo de 185 cv e 27,5 kgfm de torque, o Fastback se manteve como estava. Isso fez com que o resultado mostrasse motor demais para o carro.
Claro que acelera bem e se comporta de maneira apimentada, mas é um tanto quanto desengonçado. Ao assumir o volante do Fastback com motor 1.0 três cilindros turbo de 130 cv e 20,4 kgfm de torque, fica nítido que esse é o conjunto certo para ele. Especialmente porque esse motor tem apresentado menos problemas que o 1.3 turbo.
Nas acelerações, o 1.0 turbo do Fastback não nega fogo, especialmente porque foi muito bem calibrado à transmissão automática do tipo CVT. O automático de seis marchas do Fastback 1.3 é eficiente, mas já mostra as marcas da idade avançando. O CVT acorda rápido e não eleva a rotação demasiadamente sem necessidade.
A Fiat soube calibrar muito bem esse tipo de transmissão que, em geral, cria uma experiência de dirigir entediante ou irritante. No Fastback não. O CVT simula marchas a meio pedal e evita a todo custo o efeito enceradeira. Reage rápido às determinações do acelerador e patina bem pouco em saídas de sinal.
O resultado é um conjunto bastante eficiente. Oficialmente a Fiat declara consumo de 8,1 km/l na cidade com etanol e 9,7 km/l na estrada. Durante nossos testes, porém, ele foi melhor. Chegou a marcar 12,1 km/l na estrada e 8,7 km/l na cidade. Com gasolina os números oficiais ficam em 11,3 km/l e 13,9 km/l.
Algo a mais
Mestre em acertar a dirigibilidade para o gosto nacional, o Fiat Fastback roda como um carro mais caro. A direção é sólida, mas bem leve em manobras. É um carro fácil de dirigir. Já a suspensão pende para o lado mais macio, ainda que seja mais firme que a do Pulse. A sensação é de um hatch aventureiro robusto, não de um SUV na hora de rodar.
É algo positivo, visto que os SUVs não tendem a ser bons de curva, algo que o Fastback mostrou se comportar bem. Há de notar que o isolamento acústico é ótimo para o motor, evitando qualquer tipo de barulho indesejado no interior. Contudo, os pneus 215/45 R18 são bastante ruidosos e marcam presença em especial vindo da traseira.
Brutalidade do sistema
Tal qual a versão Limited Edition Powered by Abarth, o Fiat Fastback Impetus é bem equipado em tecnologia. Traz de série frenagem autônoma de emergência, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré de ótima qualidade, freio de estacionamento elétrico, assistente de farol alto e assistente de partida em rampa.
O sistema de manutenção em faixa, como todo Stellantis do lado FCA, é bruto demais, corrigindo o volante na base do soco. Mesmo no modo mais sutil de atuação, que pode ser selecionado na central multimídia, ele ainda corrige de maneira desnecessariamente agressiva.
A versão de topo com motor 1.0 turbo do Fastback ainda é equipada com ar-condicionado digital, carregador de celular por indução, chave presencial com partida remota, vidros elétricos nas quatro portas, volante com ajuste de altura e profundidade, faróis e lanternas full-LED, direção elétrica, retrovisor eletrocrômico e bancos revestidos em couro.
Ficou devendo só o piloto automático adaptativo. É preciso elogiar a qualidade das telas do Fastback. Tanto o painel de instrumentos digital, quanto a central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, têm qualidade. São pouco suscetíveis a reflexo, fáceis de mexer e lotadas de recursos. Esse é um dos maiores acertos da Fiat nos últimos tempos.
Sentimento da percepção
Um ponto interessante que o Fiat Fastback causa em seu interior é parecer mais sofisticado que o Pulse, mesmo que por culpa de pequenos detalhes. O couro do volante e dos bancos é do mesmo nível da Jeep, que já é referência em acabamento. Além disso, o console central elevado ajuda a dar uma sensação de mais refinamento ao carro.
Espaço não é seu forte, visto que o perfil acupezado compromete o espaço para os passageiros traseiros. Três pessoas na segunda fileira é certeza de disputa de ombros e briga para achar lugar para as pernas. Em compensação, o porta-malas com seus excelentes 516 litros (não 600 litros da medição otimista da Stellantis) é referência.
O espaço só poderia ser melhor aproveitado se a Fiat não tivesse utilizado partes da estrutura do Cronos no Fastback. Isso fez com que o piso ficasse irregular e partes que servem de sustentação para as colunas do sedã e do banco ficassem no meio do caminho no SUV cupê. Além disso, há um degrau entre o banco e o porta-malas.
Veredicto
O estilo de SUV cupê trouxe valor agregado ao Fiat Fastback. Ele parece bem mais caro do que de fato é, enquanto o interior com alguns toques a mais de sofisticação em relação ao Pulse ajudam nessa sensação. A versão Impetus se mostrou a mais equilibrada de todas, trazendo todos os equipamentos da topo de linha por R$ 13 mil a menos.
Seu 1.0 turbo dá mais do que conta do recado, mesmo quando carregado, além de ter uma transmissão mais inteligente e eficiente. Em suma, se busca um Fastback, a versão para levar para casa é, sem dúvida, a Impetus 1.0 turbo. Afina, menos é mais. Agora, se realmente há algum tipo de necessidade absurda pelo motor 1.3, pense no Pulse Abarth ou nos Jeep.
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