Peugeot 208 GT é quando o leão afia as garras | Avaliação

A união de um compacto com motor potente não é novidade; é uma das razões de existir os hot hatches. Alguns deles, até mais divertidos do que esportivos com centenas de cavalos, que cobram milhares ou milhões de reais. Uma pegada do antigo Peugeot 208 GT, do Renault Sandero R.S., do Mini Cooper John Cooper Works (JCW) e do Suzuki Swift R.

O Peugeot 208 resgatou a nomenclatura GT na linha 2025, trazendo mudanças estéticas no exterior e outras melhorias. Um fôlego renovado que ainda revela (boas) surpresas, capazes de fazer até os mais céticos repensarem sobre os modelos da marca do leão.

E não estamos falando apenas de números de desempenho, mas sim da experiência ao volante. Às vezes, muita cavalaria não significa nada se a dinâmica não for bem equacionada. Ou seja, é possível se divertir mais com 200 cv bem calibrados do que com 500, 600 ou até 700 cv!

Adeus ao 1.6 THP, Olá T200

A linha 2025 do Peugeot 208 GT chegou, mas sem o 1.6 THP (Turbo High Pressure) de até 173 cv e 24,5 kgfm quando abastecido com etanol. Um canhão de bolso que precisava de 7,6 segundos para chegar aos 100 km/h, transmitindo a sensação de ter motor sobrando em qualquer faixa de giro.

Muitos podem sentir falta do 1.6 THP pela pegada intempestiva que ele oferecia. Contudo, no lugar entrou um conjunto mecânico consolidado dentro da Stellantis, já presente nos Fiat Pulse, Fastback e na caminhonete Strada.

Sob o capô do Peugeot 208 GT, está o propulsor tricilíndrico 1.0 turbo com injeção direta, acoplado ao câmbio continuamente variável (CVT) de sete marchas simuladas. Essa combinação é eficiente, embora com 43 cv e 4,1 kgfm a menos do que o antigo 1.6 THP.

Mesmo assim, esse casamento mecânico ficou perfeito para o Peugeot 208 GT. Com 130 cv e 20,4 kgfm (etanol), associada a uma relação peso-potência de 8,90 kg/cv, as reações são rápidas desde os baixos giros, o que facilita nos deslocamentos urbanos e nas ultrapassagens rodoviárias.

Pegada acesa no Peugeot 208 GT 2025

Ao menor toque do acelerador, o Peugeot 208 GT ganha velocidade sem esforço. O baixo turbolag (atraso do turbocompressor antes de pegar para valer) e a transmissão CVT contribuem para um desempenho eficiente. Com esse conjunto, esta versão de R$ 114.990 alcança os 100 km/h em 9 segundos, com uma velocidade máxima de 206 km/h.

Em torno de 1.750 rpm, o Peugeot 208 GT já está pronto para acelerar, e um capítulo à parte é o som da válvula de alívio do turbo, que transmite aquele “espirro” característico.

Quem busca um toque de esportividade pode ativar a tecla Sport (localizada à esquerda do painel), que ajusta as trocas de marchas para rotações mais elevadas, e as mudanças sequenciais são realizadas apenas pela alavanca. Poderia ter as práticas borboletas atrás do volante.

A dinâmica é garantida pela boa calibração das suspensões McPherson na frente e eixo de torção atrás, que evitam a rolagem excessiva da carroceria, absorvendo bem as irregularidades do asfalto, mesmo com rodas de 17 polegadas e pneus 205/45. Comparado ao antigo 208 GT, que tendia a levantar a dianteira nas acelerações mais fortes, o modelo 2025 oferece maior controle e estabilidade.

A direção eletricamente assistida contribui para uma condução mais precisa, e o pedal de freio tem um acionamento progressivo. O conjunto traz discos ventilados à frente e tambores traseiros. Aliás, tanto o Fiat Pulse Abarth quanto o Fastback Abarth, ambos com 185 cv e 27,5 kgfm, utilizam a mesma configuração de frenagem.

O que mudou no consumo?

Você deve estar se perguntando se o consumo melhorou ou piorou, certo? De acordo com o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o Peugeot 208 GT 2025, quando abastecido com etanol, faz 8,3 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada. Com gasolina, esses números aumentam para 12 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada.

O antigo motor 1.6 THP era acoplado ao câmbio manual de seis marchas e fazia, com etanol, 8,2 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada, e com gasolina, 12 km/l e 13,8 km/l, respectivamente. Ou seja, o consumo se manteve bastante próximo.

Além do motor 1.0 turbo presente no 208 GT, o modelo também oferece a opção do motor 1.0 aspirado de até 75 cv e 10,7 kgfm (etanol) nas versões Active 1.0 MT (R$ 76.990) e Style 1.0 MT (R$ 88.990), ambas com caixa manual de cinco marchas.

E o visual do Peugeot 208 GT 2025?

A grande novidade visual está na dianteira, que agora exibe o novo logotipo da Peugeot e luzes diurnas em LED no formato de garra de leão, substituindo as antigas com desenho Dente de Sabre.

O visual é bem resolvido, com faróis Full LED e acabamentos cromados substituídos por detalhes em cinza. O tom preto brilhante aparece nas molduras dos para-lamas, no spoiler de teto, no inserto da tampa do porta-malas e nas capas dos retrovisores.

O porta-malas, com 265 litros, é um ponto fraco, ficando atrás do Volkswagen Polo e do Hyundai HB20, ambos com 300 litros, além do Citroën C3 (315 litros). Por outro lado, a posição de dirigir é baixa e fácil de ajustar, graças aos amplos ajustes do banco e da coluna de direção junto do volante de raio diminuto com ótima empunhadura.

Comodidades e Segurança

O painel de instrumentos é configurável, com gráficos em 3D, e o sistema multimídia de 10,2 polegadas oferece Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Também há carregador de smartphone por indução com porta para esconder o aparelho durante a obtenção de carga.

Entre as comodidades, o Peugeot 208 GT possui abertura e fechamento das portas por aproximação, teto panorâmico, acabamentos em black piano e bancos com costuras cítricas, que oferecem excelente apoio lombar e abas laterais generosas. A área envidraçada é ampla, e os retrovisores proporcionam uma boa visibilidade.

Construído sobre a plataforma CMP (Common Modular Platform), compartilhada com o Citroën C3, C3 Aircross e Basalt, o Peugeot 208 mede 4,05 m de comprimento, 1,74 m de largura, 1,45 m de altura e 2,54 m de entre-eixos. As dimensões são adequadas para até quatro pessoas, mas o espaço para as pernas/joelhos é um pouco inferior ao do Volkswagen Polo (2,56 m), além do túnel central elevado.

Em termos de segurança, o modelo não conta com assistentes de condução ADAS, mas oferece sistema de manutenção de faixa, frenagem de emergência, farol alto automático, além de seis airbags (frontais, laterais e de cortina), controles eletrônicos de tração/estabilidade e assistente de partidas em aclives.

Veredicto

No final das contas, o Peugeot 208 GT é um carro europeu, mas bem adaptado aos gostos e necessidades dos brasileiros. Bem construído e bem acabado, ele apaga o passado deixado pelos modelos 206 e 207. É um carro agradável de dirigir, com uma dinâmica bem resolvida e a combinação do motor 1.0 turbo com câmbio CVT.

Em termos de concorrência, o 208 GT se destaca em relação ao Volkswagen Polo Highline (R$ 124.990, com 116 cv e 16,8 kgfm), Hyundai HB20 Platinum Safety (R$ 122.290, com 120 cv e 17,5 kgfm) e o Citroën C3 You, que compartilha o mesmo motor do 208 e custa R$ 96.990.

Para ser perfeito, poderia contar com borboletas atrás do volante e um porta-malas mais espaçoso. Posso estar sonhando alto, mas seria interessante ver essa versão GT com o motor 1.3 16V T270, para resgatar a essência do antigo Peugeot 208 GT. Quem sabe um dia!

Qual a sua opinião sobre os carros da Peugeot? Compraria o 208 ou optaria por um Volkswagen Polo ou Hyundai HB20? Escreva nos comentários!

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